Pensata

Lúcio Ribeiro

18/08/2005

A mão que alimenta

"Are you sure you want to live like common people
you want to see whatever common people see
you want to sleep with common people
you want to sleep with common people like me?"
Pulp, em "Common People"

"They say that words are impretend
but they can help us pay the rent
i knew for sure there was nothing left
except the vodka on your breath"
The Rakes, em "Strasbourg"

"Head like a hole.
Black as your soul.
I'd rather die than give you control"
Nine Inch Nails, em "Head like a Hole"


Alô, alô.
A primeira locomotiva de shows já passou. Você embarcou nela?

* Sim, estou bem cansado.

* Sim, o Nine Inch Nails está vindo aí.

* Sim, "Lost" acabou na TV brasileira, na última segunda. E levaram o menino Walt. Sabe por que, né?

* Ainda bem que o MC5 veio, tocou, foi histórico e já voltou para os EUA. Não estava dando mais para aguentar textos falando dos "tiozinhos" do rock. Tiozinhos do rock. O termo até em título saiu. Graças aos céus, a editora Conrad vai lançar a coleção que ela vai lançar. Vê lá embaixo.

* Embora a Inglaterra esteja vivendo sua melhor fase no rock em anos, com dezenas de bandas bem boas, é muito legal voltar a ouvir britpop. Aí, claro, você esbarra no Pulp. Aí, depois de ouvir "Babes" e "Disco 2000", você bota "Common People" para rolar. Aí o Jarvis Cocker começa a cantar seu encontro bizarro com a garota e diz: "Eu a levei a um supermercado. Não sei por que, mas precisava começar por algum lugar. E comecei por lá. Eu disse para ela: 'Finja que você não tem dinheiro". A menina riu e respondeu 'Oh, você é tão engraçado'. E eu disse: 'Sou?'."




A BATALHA QUE BALANÇOU O ROCK

"Eu espero que eles peguem Aids e morram."
A Inglaterra comemora nesta semana, com especial na BBC (site, rádio e TV) , os 10 anos da guerra que sacudiu o Reino Unido, marcou o apogeu do movimento britpop e provocou a batalha mais pitoresca da música pop em muitos anos.
Quando Cobain se matou e matou de vez o grunge, em 1994, o revolucionário som de Seattle já tinha mesmo seus dias contados no maior mercado de discos do planeta, o britânico.
A cena pop inglesa começava a ferver com bandas boas e já passava a renegar a "onda americana", que dominava o mundo pop. Os britânicos, que só olhavam, pareciam esperar uma volta do Stone Roses, que não vinha.
O movimento, nas entrelinhas, já estava formado desde 1993, quando a revista cool da época, a "Select", publicou uma capa com o Suede, Bret Anderson posando andrógino com uma bandeira do Reino Unido ao fundo, e a manchete: "Yanks, go home. Suede, St Etienne, Denim, Pulp, The Auters e the Battle for Britain".
Mas em 1995 a coisa era real. O Oasis tinha aparecido como um cometa, o Blur estava a caminho de ser mega, o Radiohead lançou "Bends", qualquer cidadão inglês sabia cantar "Common People" do Pulp, a Radio 1 (BBC) tinha trocado um monte de DJs por uma galera nova e o Elastica lançou o álbum indie de estréia que mais vendeu na primeira semana. Até que chegou o verão e uma certa semana de agosto. E o britpop explodiu.
No dia 14 de agosto, foi travada uma guerra mercadológica sem precedentes na música britânica. Oasis e Blur, quando viram, tinham marcado lançamento de singles importantíssimos para o mesmo dia. Nenhuma banda grande programava lançamento de uma música de trabalho para o mesmo dia de outro grupo grande. Isso esfacelava as atenções, tanto nas caixas registradoras das lojas quanto nas rádios e na TV (Top of the Pops). Mas nem Blur, nem Oasis iam dar o braço a torcer um para o outro. Nenhuma das duas bandas quis adiar o lançamento de seu single.
Depois de todo (bom) estrago causado pelo disco de estréia, o "Definitely Maybe" e do espetacular single "Some Might Say", o Oasis ia vir com "Roll with It", o segundo extrato de seu novo álbum, "(What's the Story Morning Glory)", que sairia em outubro para mudar a história da música pop.
Do outro lado do ringue, o Blur iria lançar o espetacular single "Country House". A banda de Damon Albarn tinha acabado de vender dois milhões de cópias só no Reino Unido como o álbum "Parklife" e a expectativa para o novo CD, "The Great Escape", que sairia em setembro, era gigante.
Quando a segunda-feira de lançamento dos singles chegou, praticamente todos os jornais e rádios e TVs na Inglaterra cobriram a chamada "batalha" pelo "single of the week", pela corrida ao número 1 das paradas.
Lembro-me de estar em férias na Inglaterra, naquele ano, para assistir ao Reading Festival. E, claro, na própria segunda fui impelido a ir comprar os dois singles numa das Tower Records, acho. Era impressionante. Todas as grandes lojas de discos da ilha estavam enfeitadas pelos dois singles. Estandes enormes, uma para o Blur, outra para o Oasis, foram armadas logo na entrada.
Quando a performance das paradas foi anunciada, no domingo seguinte, o Blur tinha vendido mais naqueles cinco dias: foram 274 mil cópias de "Country House" contra 218 mil de "Roll with It", só na Inglaterra.
A semana seguinte a repercussão do resultado ainda dominava as notícias dos jornais e TV. O bacana diário "The Sun" conseguiu um furo espetacular, entrevistando em Manchester a mãe dos Gallagher. Estava na manchete principal algo assim: "A música do Blur é alegre. Dá para acompanhar batendo o pé".
Na época, o Blur era mesmo umas três vezes maior que o Oasis, em fama. E "Country House" era definitivamente talvez mais legal que "Roll with It". A música foi a primeira do Blur a atingir o número 1 da parada de singles. O clipe, divertidíssimo, foi dirigido pelo famoso artista plástico britânico Damien Hirst. O Blur estava com tudo e Damon Albarn virou o rei da Inglaterra.
Mas, se o Blur ganhou aquela batalha, o Oasis venceu a guerra. O Blur era uma banda mais "esperta", inteligente. Art rock, direto da universidade. Os irmãos do Oasis eram mais "simplórios", de rua. Povão, mesmo. Se isso fez alguma diferença num primeiro momento a favor do Blur, a história ia logo mostrar o contrário.
Coisa de dois meses depois saiu o "Morning Glory", dos Gallagher. E a Inglaterra, política e socialmente, nunca mais foi a mesma a partir dali.
Em meio a guerra Blur x Oasis, uma incrível coincidência foi logo apontada. Um dos versos de "Country House", do Blur, dizia: "He's got morning glory/ And life's a different story".

* A frase que abre o texto acima é só uma exposição de idéias de Noel Gallagher, estimulado a dizer o que ele pensava da guerra Blur x Oasis e se referindo a Damon Albarn e "aquela bicha" do baixista Alex James, do Blur.

* O site da BBC publicou os melhores momentos do britpop em 1995. E foi isso que saiu.
- PJ Harvey no Glastonbury: foi histórica a apresentação da moça no palco Pyramid do Glastonbury daquele ano, cantando músicas do álbum "To Bring You My Love" e vestida de casaquinho rosa e, por baixo e à mostra, um sutiã preto.
- Blur em Mile End: Damon Albarn estava com tudo e passava a tocar em estádios, graças ao sucesso do álbum anterior, o genial "Parklife", mais britânico que um pub.
- Capa do single do Supergrass: O Supergrass lançaria em julho seu primeiro single, a ótima "Caught by the Fuzz". A capa era o ator Hugh Grant em um daqueles retratos de polícia com os números no peito. O ator galã tinha acabado de ser preso pela polícia de Los Angeles por ser pego na rua "for his solicitation of Divine Brown's oral services". Divine Brown era uma prostituta angelina que ficaria famosa depois do episódio. Foi o escândalo do ano. Grant era noivo, à época, da lindaça Liz Hurley. Os advogados de Grant conseguiram mudar logo a capa do single do Supergrass.
- "Common People", do Pulp: um dos maravilhosos hinos do britpop. Música teatral, guardadas as gigantes proporções uma espécie de "Eduardo e Mônica" britânica (hehehe). A letra, de um carinha "comum" tentando se relacionar com uma menina "filha de papai" que sonhava em ser uma menina... "comum".
- "Acquiesce", Oasis: quem acompanhou a banda dos Gallagher desde o começo sabe que ela é talvez tão famosa pelos seus singles do que pelos discos. "Acquiesce" não saiu em CD de estúdio. É um mero lado B do single "Some Might Say". Mas não a impede de ser uma das canções mais legais da história da música inglesa.
- O álbum beneficente "Help!": O britpop reunido em 20 faixas para ajudar a instituição Warchild, que promovia eventos em benefício das sofridas crianças da guerra dos bálcãs, na antiga Iugoslávia. Tinha Oasis, Radiohead, Stone Roses, Portishead, Massive Attack, Suede, Charlatans, Manic Street Preachers...
- CD "Grand Prix", do Teenage Fanclub: a banda britânica com o maior sotaque de rock americano. Até parceiro de turnê do Nirvana eles foram. Neste CD, eles fazem o crossover mais interessante de grunge (vá lá) e britpop.
- pub The Good Mixer: graças à patronagem do Blur e de uma outra banda de britpop, a pequena Menswear, esse pub no norte de Londres virou o epicentro do britpop. Todo mundo da cena ia lá e eram tocados lá.
- CD "The Bends", do Radiohead: enquanto o Britpop olhava só para o próprio umbigo e para a briga Blur e Oasis, o Radiohead lançava o fenomenal "The Bends" e ia fazer grande sucesso em turnê pelos EUA.




CLARO ANUNCIA NINE INCH NAILS NO BRASIL

Agora ficou mais... claro. Até que enfim o festival da marca de celular apareceu para se posicionar dentro do festival de festivais que já começou a assolar o país neste segundo semestre pop.
A cultuada e veterana banda americana Nine Inch Nails é o primeiro nome a sair oficialmente da prancheta do Claro Que É Rock, festival que na verdade já começou em abril passado, quando o grupo inglês Placebo excursionou com bandas novas pelo país.
O Claro Que É Rock mudou uma semana sua data de realização só para receber a turnê do grupo do figuraça Trent Reznor. O festival será realizado agora nos dias 26 e 27 de novembro, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

* Este colunista viu o show do NIN neste ano, no festival Coachella, na Califórnia. Trent Reznor está gordo e mais... manso. Mas a apresentação da banda é intensa, com uma carga sonora tão demolidora quanto o sistema de luz projetado na cara da platéia. Reznor voltou em disco neste ano com o bom "With Teeth", mas o repertório do show mistura tanto "The Hand That Feeds" quanto "Head Like a Hole".

* O Claro Que É Rock, como você já leu aqui, está sendo formulado segundo discussões em forum de um grupo de "selecionados". As pessoas escolhidas votam e discutem o melhor elenco para o festival. E a operadora sai para contratar a banda. O Nine Inch Nails foi a quarta banda mais votada no forum. As três primeiras não estavam disponíveis. The Cure não rolou, New Order desencanou da América Latina e o Queens of The Stone Age não poderá vir porque um de seus integrantes vai se casar uma semana depois do festival e sua noiva o proibiu de viajar. Aliás, que sensacional o Queens of the Stone Age estar entre o Top # do forum da Claro.

* Mais nomes bem votados e bem cotados para receber convite do Claro Que É Rock: The Killers, Oasis, System of a Down, Garbage, Billy Corgan, Travis, Muse, Stereophonics, Audioslave, Jet, Marilyn Manson, Incubus, Cardigans, Iggy Pop, Le Tigre.

* Segundo informações apuradas pela coluna, a "banda MTV" Good Charlotte também está assegurada no festival.

* Voltando ao Nine Inch Nails. Trent Reznor caiu nas pistas. A ótima "The Hand That Feeds" ganhou espetacular remix da turma da DFA, gravadora nova-iorquina do grande James Murphy, líder do LCD Soundsystem. O single, por enquanto, só foi lançado em vinil de 12 polegadas. Mas já tem na internet. Acredite, o resultado ficou maravilhoso. Já toca em clubes de São Paulo. Uma festa, hoje, está bastante comprometida se não tocar esse NIN DFA remix.




TIM FESTIVAL: A ORDEM E A AMEAÇA

Breaking news: o Tim Festival 2005, talvez a melhor escalação pop da história, rivalizando com o Rock in Rio de 2001, pode não acontecer no Museu de Arte Moderna. Até a conclusão desta coluna, o impasse estava feito. O Tim Festival procura um novo acerto com o MAM, porque o evento não tem muito claro um lugar "plano B". Volte aqui para ser informado da definição do lugar.

* E o esboço da programação do Tim Festival 2005 está assim.

21/10 - Strokes, Autechre, Vincent Gallo
22/10 - Wilco, Arcade fire, MIA, Kings of Convenience
23/10 - Morcheeba, Kings of Leon

A veterana e reformada banda Television ainda não está colocada na grade provisória. O rapper inglês Dizzee Rascal também não. Nem o cool Elvis Costello.

* A pequena grande banda americana de country pop Kings of Leon acertou show para São Paulo dentro do Tim Festival Special Edition. As datas paulistas dessa edição extra do Tim Festival estão assim:

22/10 - Kings Of Leon
23/10 - Strokes
25/10 - MIA

O maravilhoso grupo canadense Arcade Fire está cogitado para tocar com os Strokes em São Paulo, o que faria uma dobradinha dos sonhos.

* Lembrando que, no dia 25, os Strokes se apresentam no Gigantinho, em Porto Alegre

* Hummm. Dá para assistir os três shows dos Strokes no Brasil. Acho que é isso que eu vou fazer.




LEIA ESTA CANÇÃO

A música pop vai ganhar tratamento literário a partir de dezembro, quando a editora Conrad passa a editar uma coleção de textos de críticos poderosos como Greil Marcus, Lester Bangs, Nick Kent, Jon Savage e Simon Reynolds, que dão tratamento histórico e de fenômeno cultural às movimentações roqueiras e não só.

O primeiro lançamento previsto é estrelado pelo "espontâneo", destruidor e visionário Lester Bangs, em uma compilação de oito artigos selecionados do livro "Psychotic Reactions and Carburetor Dung (The Work of a Legendary Critic: Rock'n'Roll as Literature and Literature as Rock'n'Roll)". Para quem nunca leu Bangs, dá para ter uma idéia do pique do sujeito pelo título desse seu livro. "Ele é Hunter Thompson, Charles Bukowski e Jack Kerouac todos num cara só", uma vez definiu outro conhecido crítico americano Jim DeRogatis. Bangs, não custa lembrar, é o "tutor" do menininho jornalista do filme "Quase Famosos".

Textos de jornalistas de língua não-inglesa podem entrar na coleção da Conrad.




O DISCO DO RAKES

Assim que o disco do Rakes chegou às minhas mãos, na semana passada, eu botei logo, todo esbaforido, um texto aqui sobre uma das faixas, a incrível "Work Work Work (Pub, Club, Sleep)".

Agora que eu ouço e ouço e ouço o disco inteiro há dias, o recém-lançado "Capture/Release", dá para dizer mais algumas coisas.

A primeira é que as três primeiras canções do disco são as melhores três primeiras canções de um disco desde o primeiro dos Strokes.

E olha que as três faixas, "Strasbourg", "Retreat" e "22 Grand Job", nem são as melhores do disco.

"Capture/Release" foi lançado segunda passada no mercado inglês.

* O Rakes, eu tinha dito, é um encontro dos Strokes com o Libertines. Pelo suingue, acrescentaria aí no caldo o Franz Ferdinand. Este quarteto de subúrbio londrino é a prova cabal que a musicalidade desta nova cena inglesa vem pelo sangue. Eles soam igualzinho punk-77, mais melódico, mais moderno. E eu duvido que o figuraça Alan Donohoe, moleque com cara de maluco que dança igual o Ian Curtis, passou sua recente infância ouvindo Magazine, Gang of Four ou The Jam, bandas que ele claramente emula na voz e na condução da banda. O Libertines era só a ponta desse iceberg britânico. (Eu não escrevi "a ponta do iceberg", escrevi???)

Carol Sachs
Palco invadido no show do Rakes no festival escocês T in the Park, em julho agora. Na ponta direita, ainda cantando, o vocalista Alan Donohoe


* Os Rakes são conhecidos pelos shows curtos. Mas nem são curtos porque a banda deseja... É que sempre, dizem, a galera não aguenta, sobe no palco, vira um festival de surfe, mosh.

Taí a foto acima da Carol Sachs, a mais nova colaboradora da coluna, comprovando a bagunça que é o show do Rakes. A Carol, sempre que der, vai nutrir este espaço com fotos da movimentada cena britânica.

Aproveitando que ela está aqui, pedi para ela contar como foi o show do Rakes no T in the Park. O Rakes tocou no festival em um palco novo, para bandas iniciantes, chamado Futures Stages. Era Rakes, Editors, Tom Vek, Rilo Kiley, Art Brut, The Others. O emergente T in the Park é o atual festival mais badalado da ilha. Nem bem acabou a edição 2005, os escoceses começaram a vender ingresso para a do ano que vem. Já venderam 25 mil entradas, sem nem anunciar qualquer atração.

Voltando ao show do Rakes que a Carol viu, lá no T in the Park. Ela contou que foi assim:

"O Rakes tocou numa tendinha de circo com um ou dois seguranças só. Não tava lotada. O Rakes mandando ver, show incrível. A comparação do vocalista Alan Donohoe com o Ian Curtis, do Joy Division, é inevitável, apesar de ele dizer que nem sabe quem diabos é Ian Curtis. Fala que sempre dançou assim e que, se não odiasse se ver em vídeos, lançava um de passos de dança. Enfim, lá pela penúltima música não é que duas gordinhas muito gordinhas, daquelas bem escocesas, loiras e rosadas, sobem no palco e ficam pulando que nem malucas atrás do vocalista? Aí a galera começou a se dar conta de que ninguém vinha tirá-las e foi uma megainvasão. As pessoas chacoalhavam o vocalista, todo mundo se jogando, e ele lá, cantando sem se alterar, como se nada estivesse acontecendo.

Só lá pelo finalzinho do show, mesmo, que apareceram os dois seguranças e começaram a jogar a galera de volta para o chão. Depois desse episódio do Rakes, invadir o Futures Stage virou meio de praxe. Mais tarde apareci no show do Cribs e nem o vocalista se salvou. A galera invadiu e jogou ele para fora do palco... Aliás, esse lance de invadir palco aqui acontece de uma maneira quase que organizada, ninguém se machuca, não tem baixaria, fica todo mundo feliz. Rola uma energia absurda, um descontrole bom.

Aconteceu no show do Dogs, no Club 100, onde o palco tem tipo 20 cm de altura e nenhuma grade ou corda de separação. Os segurancas só apareceram quando a galera começou a esmagar muito a banda. E, mesmo
assim, não mandaram ninguém descer, Só protegeram o espaco do baterista para ninguém cair em cima dele. Durante todo o show tinha gente dançando em cima do palco e o vocalista, que é o cara mais simpático do mundo, chegou até a pegar o celular de uma menina e levantou para o alto, para alguém do outro lado da linha ouvir o show. E ainda falou com a tal pessoa no telefone, durante o show. Uma ótima que ele soltou também foi esta: 'Gente, que legal vocês estarem aqui. Se eu fosse vocês também estaria aqui me vendo tocar.'

A última coisa do Rakes: semana passada eles tocaram no clube Mean Fiddler, aqui em londres. Eu bobeei e os ingressos esgotaram. Subestimei a fama dos caras, coisa que não faço nunca mais. Os cambistas estavam vendendo por 70 libras na porta. Eu mesma vi um cara pagar 60. Os ingressos custavam, originalmente, 8,50 libras."

* Na semana que vem conto uma história engraçada do Rakes. Conto, não. Repriso. Acho que já falei sobre isso, aqui.




VOCÊ QUER FRANZ FERDINAND?

Foi aos ares nesta semana a nova música do queridaço grupo escocês Franz Ferdinand. Chama "Do You Want to" e vai estar no desesperadamente aguardado segundo álbum da banda, que sai apenas em outubro e é batizado de "You Could Have It So Much Better... With Franz Ferdinand".

A música já circulava em versão ao vivo desde a semana passada, mas apareceu oficial e em estúdio na última segunda-feira, na Radio One inglesa.

Pela quantidade de e-mails que eu recebi de gente avisando sobre a aparição da música na rádio e na internet, acho que pouca gente ainda não ouviu a canção a esta altura.
Hein?

* No tradicional padrão Lúcio-Ribeiro-de-audições-primeiras, eu torci o nariz de cara. "É isso, então?", pensei. Não preciso dizer o quanto espetacular eu considero "Do You Want to" agora, não é? Duas ou três ouvidas depois eu já tinha solenemente engolido o meu "É isso, então?".

Que delícia de música. Tem "doo-doo" e uma letra de matar de tão simples. "Oh well I woke up tonight and said/ I'm gonna make somebody love me/ And now I know, now I know, now I know/ I know that it's you", já começa gritando Alex Kapranos. Depois entra um groove Bowie de arrepiar.

Repara bem na letra. Ele fala "quando eu acordei NESTA NOITE...". Gênio.

* O mundo pop já respira muito Franz Ferdinand. A banda toca neste final de semana no V Festival, estrelando o evento inglês. Na apresentação, deve descarregar ao vivo todas as músicas novas. Segunda-feira começa a caça ao áudio do show na internet. E, no dia 31, a banda vai fazer um show em Edimburgo com transmissão ao vivo para a Europa, pela MTV. A apresentação, dizem, vai contar com muitos convidados especiais.

* Mas a coisa vai começar a ferver mesmo na semana que vem, quando... (veja aí embaixo).




FRANZ FERDINAND - O CLIPE POLÊMICO

Está programado para chegar às MTVs na semana que vem o videoclipe de "Do You Want to", que pouquíssima gente viu mas já está causando muita polêmica.

Duas cenas já foram modificadas pela censura e proibidas de ir para a TV britânica sem o "embaço" que distorce a imagem. E o FF, óbvio, não ficou contente com o embaço, literalmente.

A primeira é logo no começo, com a banda rente a um muro. Neste muro está escrito bem grande a palavra "cunt" (termo, hã, depreciativo que remete ao, hum, órgão sexual feminino, como diria a Zap'n'Roll)
A outra cena vetada mostra um homem sacudindo a cabeça de um outro cara. A tal cabeça sacudida está em chamas. Os censores, nesta época de combate ao terror, acharam a tomada de mau gosto.

Para fora do Reino Unido, a gravadora Domino vai distribuir duas cópias do clipe. A embaçada, "ofensiva", e a livre de censura. As TVs locais escolherão qual versão passar.

Palpite meu, acho que aqui no Brasil dá para passar a versão na íntegra.
Se um clipe do "Dogão" consegue indicação para prêmio na MTV brasileira, não vai ser um vídeo com a palavra "cunt" que vai causar escândalo.




POPICES

O mundo entra numa nova era a partir de outubro, quando chega ao mercado americano o mixer para iPod. Vai sair tipo US$ 400.// Juro que não sabia que aqui no Brasil, no canal 21, passa o programa "Top of the Pops". Rola às segundas, às 23h, e reprisa aos domingos, às 21h. Nesta semana tem performance, entre outras do Maximo Park, com a lindoca "Going Missing".// POPLOAD BRASIL TOUR 2005: a próxima acontece no dia 27 agora, em Londrina, na festa "Alta Fidelidade". Outras datas, no Nordeste e no Sul, devem ser divulgadas aqui na semana que vem.// A bacanaça festa indie que rolava no Avenida Club não vai rolar mais. No Avenida. O projeto 2em1, que faz show de bandas undergrounds em espaço mainstream, acontecerá a partir de outubro no Blen Blen. Neste final de semana acontece lá o penúltimo evento, que envolve shows das bandas Relespública e Banzé e ainda um terceiro nome, o Vellocet, de Santos.// Afaste as crianças de São Paulo neste final de semana: os mineiros do UDR tocam na cidade no sábado, em uma casa na Rua Augusta (645) que tinha outras serventias até pouco tempo atrás, mas agora chama Crow Bar. Para quem não lembra, o UDR é um grupo de malucos que entre outras coisas fazem funk carioca com letras de death metal ou rap tipo Racionais. "Quando não colocam palavrões de fazer corar o João Gordo", já foi escrito aqui. Altamente recomendado.// Várias caravanas já estão sendo formadas para em setembro rumar para Curitiba, atrás de ver no CRF os shows do Weezer, Mercury Rev e Raveonettes. A trupe da Maldita, no Rio de Janeiro, que levou mais de 200 pessoas no ano passado para ver os Pixies, arma nova caravana indie pelo site www.amaldita.com.br/caravana.htm.




PROMOÇÃO DA SEMANA

Ainda em fase de "botar a casa em ordem", os prêmios da semana vão mansinhos, mas apetitosos. Mandando e-mail para lucio@uol.com.br você concorre aos seguintes CDs:

* um disco do grupo britânico Magic Numbers. Se só tivesse a canção "Forever Lost", já estaria valendo a pena. Mas tem outras boas.

* um disco da série "OC", amiga da música pop. É o CD "Mix 4", que tem de Pinback a Beck. E abre com Futureheads, o que já bota o disco na categoria "luxo".




VENCEDORES DAS PROMO

Mais uma vez vou ficar devendo. Na próxima semana, vida menos bagunçada, a lista vai estar aqui, reluzente.
Foi mal aí.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca