Pensata

Lúcio Ribeiro

18/11/2005

Você vê música?

"Waiting fore some action
waiting fore some action
why won't you come over heeeeeeeere"
Strokes, em "Juicebox"

"Over and over and over and over and over...
like a monkey with a miniature cymbal,
the joy of repetition really is on you
K.i.s.s.i.n.g.
S.e.x.i.n.g."
Hot Chip, em "Over and Over"

"I cannot turn to see those eyes
As apologies may rise
I must be strong and stay an unbeliever"
Franz Ferdinand, em "Walk Away"


Opa!

Aqui estamos nós para mais uma transmissão.

Adoro seus amigos. Eles são tão "arty".

* Aí, em um show do Coldplay na Dinamarca, a galera estava entusiasmada. Começa a linda "Amsterdam", pianinho bala e tal. E o público acompanha, com palmas. Clima cool, todo mundo adorando. Menos Chris Martin. Ele parou a música e disse para a audiência que, com as palmas, não tava conseguindo achar o ritmo. Aí ficou um mal-estar qualquer e Martin veio com um papinho gigante para consertar a indelicadeza. Depois, com o público "comportado", o Coldplay pode tocar "Amsterdam" sossegado.

* Logo mais, as datas corretas do U2 no Brasil.

* A pergunta não é "por quê?" A pergunta é "por que não?"







U2 NO BRASIL - AS DATAS

Foi o que me passaram, da Argentina. As datas estão um pouco diferente do que foi divulgado semana passada. Mas a negociação vem da terra do Tevez. O "oficial" mostra dois shows em São Paulo, nenhum do Rio. Mas uma data certamente deve estar guardada para o show da praia, no Rio, com a participação especial do Gilberto Gil. O que corre na Argentina é que a turnê latina do U2 em 2006 vai ser assim:

12/2 - Monterrey, México
15-16/2 - México DF, Mexico
20-21/2 - São Paulo, Brasil
26/2 - Santiago, Chile
1-2/3 - Buenos Aires, Argentina, estádio do River







OLHA SÓ

Sabe aquela história do "veja esta canção"? Então ouça bem o que eu vou escrever agora.

* Você vê música? Esta pergunta é o mote da campanha da Virgin Digital, que entra forte no mercado americano e europeu para travar uma batalha quixotesca, a princípio, com a Apple, o iTunes e o iPod. A ação publicitária da Virgin Digital chega em forma de um desenho-colagem e um vídeo, ambos com situações aleatórias do tipo "Onde está o Wally?" ou com a carga visual da capa do "Sgt. Peppers" (Beatles), onde cada detalhe esconde um elemento conhecido da música pop. No anúncio, são nomes de bandas e artistas. No vídeo, são nomes de músicas famosas. Quer brincar de adivinhar? Ou, como diz o outro mote da campanha, exercitar seu músculo musical? Entre no site: www.virgindigital.com.

* Somente para os seus olhos. O site www.fuse.tv exibe nesta sexta, 18, às 19h e com exclusividade, o primeiro vídeo do novo álbum da banda nova-iorquina Strokes. É da canção "Juicebox", cujo single será lançado dia 5 de dezembro. O vídeo, que na verdade já havia vazado na internet, é "ousado" para o padrão Strokes e "normal" para o refrão urbanóide que grita Julian Casablancas. "Por que você não vem aqui. Temos uma cidade para amar". Cenas de uma senhora com gestos libidinosos, garotas se beijando, pegação masculina no banheiro e vômitos.

"Juicebox", o single, vai ter como lado B "Juicebox - Live in Rio", tirada de um dos shows recentes que os Strokes fizeram no Brasil. A primeira apresentação dos Strokes no Tim Festival, transmitida pela MTV, virou DVD não-oficial e vende que nem água no centro de São Paulo. A impressão pelo que eu ouço é a de que está saindo mais que os últimos "Acústicos" ou "Ao Vivo" oficiais da emissora musical.

* De olhos bem abertos. Se você quiser conferir mesmo por que existe tanto bafafá em cima da molecada inglesa do Arctic Monkeys, a atual banda mais falada do planeta, sintonize nesta sexta, 18, às 17h15 o site da ótima rádio californiana KCRW. Os meninos com caras de bebês e barulho dos infernos causaram tumulto de ingressos também em Nova York. A sessão de estúdio deles, no delicioso programa "Morning Becomes Eccletic", pode ser conferida ao vivo, no site da KCRW. Mas ela é arquivada logo depois em áudio e vídeo, na página www.kcrw.com/show/mb. Pouca gente ouviu o falado Arctic Monkeys. Agora muita gente pode ver o Arctic Monkeys. O David Bowie viu a banda anteontem em Nova York. E viram ele dançando muito, lá.

* Veja bem. No site do músico americano Beck, amigo do Caetano Veloso, dá para ver o bacanudo novo vídeo, o da canção "Hell Yes". É só ir na seção "media". No vídeo, Beck canta seu rap-pop para quatro robôs dançarem, que estão em uma mesa fazendo um show-exibição para japoneses. Entende? "Hell Yes" é o mais novo vídeo a sair de "Guero", o último disco de Beck. Tem a assinatura de Garth Jennings, que dirigiu para os cinemas o filme "O Guia do Mochileiro das Galáxias".

* Meninos, eu vi. Grande nome da pequena cena rock inglesa é o Futureheads, de inspirado som retrô atualizado para estes tempos. E essa molecada britânica que tem chacoalhado o rock com uma energia espetacular vem com música nova e clipe novo. Trata-se da bela "Area", de levada tipo The Who, cheia de "tchururus", cujo vídeo pode ser encontrado no complicado endereço mfile.akamai.com/9139/asf/stream.wmg.com/wmi/uk/futureheads/Area_Hi.asx. Ou sendo vasculhado na internet, mesmo. É simples, mas bem bonitinho.

* Déjà vu. Já está passando na MTV brasileira o vídeo da fofíssima "Off The Hook", música do primeiro disco da polêmica banda paulistana Cansei de Ser Sexy. A idéia é ligar a câmera e juntar um monte de pessoas (no caso, a banda) em um lugar bem pequeno. E adicionar um toque de estilo tão já visto antes, mas tão moderno quanto o grupo. Veja bem...

* Those Eyes... Sobre o novo vídeo da fantástica "Walk Away", do Franz Ferdinand, eu me recuso a falar, para não correr o risco de quebrar nenhum encanto na hora de você vê-lo. Acho que é o vídeo mais estiloso que vi nos últimos anos. Vazou estes dias. Uma palavra: Hitchcock.







CLARO QUE É ROCK - IGGY POP

A próxima sexta-feira tem o senhor Iggy Pop comandando o rock com seu histórico Stooges no último grande festival do bendito ano cheio de festivais e shows e agitos na cena musical.

Aí, numa entrevista no globo.com, o repórter manda: "Uma amiga viu o show em Barcelona e o achou muito preso ao próprio personagem".

Resposta do roqueiro: "Diz para ela que eu mandei ela se f*. Eu faço o que acho que é melhor. Se ela acha que pode fazer melhor, ela que faça".
Iggy Pop, 58 anos, é isso aí.

Na Folha desta semana, eu e o chapa Thiago Ney lembramos dois shows do Iggy Pop, de momentos diferentes. Eu, o de 1988, em São Paulo. Ele, o do Reading Festival deste ano. Ficou assim.

* São Paulo, julho de 1988. Medo e delírio.

Ver Iggy Pop naquela época era entender bem o que o crítico Lester Bangs queria dizer com "impulso assassino que fazia dele o mais perigoso artista vivo".

Aquele ser sem camisa e cheio de ossos à mostra se contorcendo e gritando "No fun, my baby. No fun" estava só querendo enganar: a diversão era, sim, plena.

Mas aí vinha ele voando de cabeça na platéia, trazendo toda a fama de ferir os desavisados que demoravam para segurá-lo. Eu estava esperto com isso. Aí "No Fun" fazia total sentido. Bom, estava-se em um verdadeiro e raro e histórico show punk.

Claro que não dá para cravar a música com certeza, porque a memória é falha. Mas foi inacreditável estar lá em meio à bagunça e uma coisa se estatelar ao lado, levantar e continuar cantando "I Wanna Be Your Dog" como se não fosse um corpo que tinha acabado de aterrissar.

O bacana é que vi Iggy Pop mais duas vezes depois disso e o freak show dele continuou o mesmo. Extravagante. Portanto, mesmo devido à idade avançada do senhor Iggy Pop, é recomendável aos levar à apresentação dele no CQÉR duas coisas: a certeza de que "The Passenger" não é uma versão do americano para "O Passageiro", do Capital Inicial; e um capacete. Nunca se sabe.

* Reading, agosto de 2005.

"Um outro ano para mim e para você/Um outro ano sem nada para fazer." Não estamos em 1969, mas com os Stooges naquele final de tarde do último 28 de agosto, no palco principal do Reading Festival, na Inglaterra, sim, estávamos COM "1969".

Sim, são músicas de mais de 30 anos atrás. Mas, não, não soa nostálgico. Em parte porque o rock que toma conta do mundo hoje é o rock de garagem, e os Stooges são a banda de garagem por definição. E em parte porque o vocalista ali é Iggy Pop.

O Iggy de 2005, quase 60 anos nas costas, não se corta com vidro, não chama ninguém da platéia para o pau. Mas ele não pára.

Ron Asheton e Mike Watt ficam um de cada lado da bateria de Scott Asheton, quase estáticos. Já o vocalista desce do palco para ficar cara a cara com seu (muito mais novo) público; sobe nos amplificadores e simula sexo; rebola; corre e dança de forma desajeitada; joga o microfone para lá e para cá; abaixa (um pouco) as calças...

"I Wanna Be Your Dog", "TV Eye", "No Fun", "Dirt". Estão todas presentes, em quase uma hora de shows. A certa altura ele convida o público a subir ao palco -algumas coisas mudaram; nos anos 70, quem se atrevesse a isso era tirado a pontapés... Mas estamos no gigante Reading, e a barreira de seguranças não deixa. No Brasil, quem sabe?

* Iggy fora, a mudança no elenco do Claro Que É Rock foi boa. Saiu Suicidal Tendencies e entrou o Fantômas, grupo de Mike Patton. E, você sabe, aqui no Brasil Mike Patton é deus.







POPTOGRAMAS

Para facilitar, poptogramas são pictogramas pop. O designer Daniel Motta me convidou gentilmente para apresentar seu livro de bonequinhos de porta de banheiro a serviço do universo pop. Ou placa de trânsito sinalizando para o rock. O Daniel é autor de "Poptogramas", livro que está sendo lançado pela editora Altamira (www.altamiraeditorial.com.br). O Daniel mostra seu poptograma, você olha, tenta imaginar a que ele está se referindo. Na parte detrás da folha, ele conta quem é a banda ou o cantor do desenho.

Esta coluna está enfeitada com os poptogramas do livro do Daniel. Para quem não pescou, eles sinalizam, pela ordem, o Radiohead, o Nirvana, o ...And You Will Know Us by the Trail of Dead e o Smashing Pumpkins.




200 HORAS DE STROKES

Lembra o prometido relato sobre a turnê dos Strokes no Brasil? Então, ela chega às bancas via Bizz na semana que vem. E começa a entrar em capítulos aqui. O início do texto é assim:

"Junho de 2005.
'Oi, Lúcio. Aqui é Ryan Gentles, empresário dos Strokes. Não sei se você sabe, mas estamos aqui diante de propostas para os Strokes excursionarem pelo Brasil e pela América do Sul. Você pode me ligar em Nova York ou responder a esse e-mail quando você tiver um tempo?'
Ligação retornada (caixa postal, recado na secretária) e e-mail respondido.
'Obrigado por responder meu e-mail. São TANTAS ofertas que está difícil saber qual a MELHOR para a banda aceitar. Veja, não estamos falando de dinheiro. Não damos a mínima para dinheiro. Eu quero fazer a melhor coisa para a banda, que não vá decepcionar os fãs que temos aí. Você já viu vários shows nossos, a banda conhece você. Então queríamos que você nos ajudasse a decidir o que é melhor para os Strokes.'
Outubro de 2005..."




VEJA BEM - O INDIE DO INDIE

No final do mês, também em São Paulo, vai começar a Mostra do Audiovisual Paulista, que vai revelar trabalhos independentes da cidade em vídeo, foto, cinema e música. A parte sonora abrigará shows das bandas que compõem a camada de baixo da cena independente paulistana. Vão ocorrer pocket-shows de grupos como La Carne, Fuzz Faces, Asterdon, Hats, Ludovic e a rapa. Esta é a parte "Rock Neles!", que ainda terá a exposição de fotos que deu nome a esta programação, com imagens de Layr Barci. Este colunista também vai aparecer em uma "entrevista pública". A programação será mais bem tratada aqui na próxima coluna. A Mostra do Audiovisual Paulista começa dia 29 e acontecerá no MIS, no Cinesesc, no CCBB.




PROMOÇÃO DA SEMANA

Mande aquele email solicitoso para o lucio@uol.com.br e você vai correr o risco de ser sorteado para :
* um ingresso para o Claro Que É Rock
* o álbum "Yoshimi Battles the Pink Robots", do fantástico Flaming Lips, que está sendo lançado agora no Brasil, a reboque do show da banda.
* Dois kits livro+camiseta do "Poptogramas", livro do Daniel Motta.




GANHADORES DA SEMANA


A lista sai na semana que vem. Nesta não deu. Foi mal.





TÔ INDO

Curta o som que eu faço indo embora.


Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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