Pensata

Lúcio Ribeiro

30/12/2005

Razões para amar 2006

"I wish you'd stop ignoring me,
because it's sending me to despair
Without a sound, yeah, you're calling me
and I don't think it's very fair"
Arctic Monkeys, em "I Bet You Look Good on the Dancefloor"

"Paul is dead
Ahora John is dead
Y también George is dead
Elvis está mueeeeerto
Pero Jesus resucitó"
Los Pirata em "Lospi Gospel"


Divulgação



Alô, alguém aí?

Duvido.

* Êêê, acabou 2005. O ano foi bem bom. E 2006, vai ser bem melhor, pelo que planeja esta coluna. E você vai vir comigo nessa.

* Sabe por que você deve amar 2006? Vê aí embaixo.

* Desde já o primeiro compromisso para o ano novo. A partir da primeira ou segunda semana do ano, este espaço publicará um especial em capítulos sobre a movimentação independente nacional que deve ocupar mais de meio ano, tipo até junho. Não posso falar mais porque a idéia está fervilhando e pode tomar outros rumos e tal. Estou complicando? Espera para ver.

* Entre os muitos destaques deste ano, está a retomada punk, pós-punk anos 70 da molecada inglesa. Que começou lá atrás no Libertines e vai ter sequência forte em 2006 com bandas como o inflamável Arctic Monkeys. Veja entrevistas exclusivas com Ricky Wilson (Kaiser Chiefs), Kele Okereke (Bloc Party) e um especial com a novíssima Guillemots, uma das mais faladas bandas do novo rock inglês e cujo guitarrista chama-se Magrão e saiu da zona leste de São Paulo.

* As novas do U2/Franz Ferdinand e do Oasis? Pois não...




U2 EM MARÇO, OASIS CONFIRMADO

Nossos hermanos vão confirmando o que os produtores daqui demoram para anunciar: a banda Oasis está confirmada para shows em março na América do Sul. O supergrupo dos Gallagher tocam em festival de Buenos Aires no dia 10 de março junto com Kasabian e Stereophonics, estes dois últimos ainda extra-oficiais. Segundo os produtores argentinos, tem apresentação do Oasis também no Brasil e no Chile.

* A ótima dobradinha U2 e Franz Ferdinand pode ficar para março, com dois shows em São Paulo. Esta coluna apurou que as datas são por volta do dia 8, no Morumbi. O São Paulo entrou na Confederação Sul-Americana de Futebol com um pedido de remanejamento de data de um jogo seu pela Libertadores (no dia 8), para poder alugar o estádio para os concertos. Um terceiro show do U2, no Rio, este ainda assim no final de fevereiro (tipo um dia antes do Carnaval) e sem o Franz Ferdinand, não está descartado.

Ainda de acordo com os produtores argentinos, a confirmação das datas brasileiras, fevereiro ou março, só serão dadas a partir do dia 9 de janeiro, quando os agentes do U2 voltam de férias.

* Mais Argentina: U2/FF devem fazer TRÊS shows por lá. A data era única, no dia 1° de março. Mas os ingressos evaporaram em tempo recorde e um segundo concerto foi marcado, para o dia 2. Nas primeiras horas de nova venda de entradas, na última quarta-feira, 38 mil ingressos foram adquiridas, segundo o "Clarín" o dobro do que os Stones venderam no dia inteiro. A terceira data está em negociação com a banda.

* Para variar, mais Argentina. A "Rolling Stone" deles deu que o manager do The Who garante que a veterana banda britânica vem à América do Sul no meio do ano, com o vocalista Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend como membros originais. O baterista do Who é Zak Starkey, que é o atual baterista do Oasis. Starkey, com isso, deve visitar o Brasil duas vezes, com bandas diferentes. Como não bastasse tocar em duas bandas dessas, o sujeito tem sangue real no rock: é filho do ex-beatle Ringo Starr.




20 RAZÕES PARA AMAR 2006

Oba, chegou a hora que todos (?!) esperavam. Toma aí o exercício anual de futurologia pop desta coluna. O ano de 2006 vai ser abalado pelo seguinte:

1. Shows em São Paulo em março do mega U2 com abertura do adorado grupo escocês Franz Ferdinand. E, pelos emails que já têm chegado, não são poucos os que acham que a apresentação de abertura vai ser mais bacana que o show principal.

2. Já quer assegurar seu melhor disco de 2006 em janeiro? Então fique atento ao dia 30, quando sai na Inglaterra o disco de estréia da banda de moleques Arctic Monkeys, grupo do novo rock britânico que quanto mais tenta segurar o hype, mais se afunda nele. Com a fama construída na internet e de shows mais tumultuados que os do Strokes-2001 e Libertines-2003, o Arctic Monkeys já foi uma das bandas mais faladas deste final de 2005 só à custa de duas músicas. O nome do disco e de algumas músicas são uma atração à parte. O CD vai chamar "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not" e a faixa 5, só para pegar um exemplo, "You Probably Couldn't See for the Lights but You Were Looking Straight at Me".

3. Ainda em janeiro, outro "top 5" dos melhores do ano: logo no dia 3 sai nos EUA o terceiro disco dos Strokes, "First Impressions of Earth", já muito familiar aos brasileiros por conta dos shows que a banda fez no país há poucos meses.

4. A primeira temporada da série "Lost" chega em fevereiro ao Brasil, em canal aberto, via Globo. Febre na internet (os episódios da segunda temporada são acompanhados por muitos já no dia seguinte em que vai ao ar nos EUA), o seriado vai mudar por aqui, num número bem maior, o modo de encarar uma simples viagem de avião. Para quem está na segunda temporada, uma pergunta: "Papai, é você?"

5. E tome shows internacionais. Fora U2/Franz Ferdinand, vêm aí Oasis, The Who, Stones, Supergrass, Interpol, Clap Your Hands Say Yeah!, Santana (hum.), Echo & The Bunnymen, The Rakes, LCD Soundsystem no Skol Beats.

6. Futebol é pop. O superBrasil é o megafavorito e pega na primeira fase a Croácia e o Japão (tem a Austrália também), onde só dois se classificam... Medo.

7. Mais seriado: a nova temporada do excelente "24" estréia dia 15 de janeiro nos EUA, com o seguinte mote. "Jack Bauer está morto. Porque esse era o único jeito de o mantê-lo vivo". Uau! Pelo que eu entendi, o episódio de estréia do ano 5 vai ter quatro horas de duração.

8. O filme novo de Martin Scorsese, "The Departed", vai ser certamente o segundo mais falado de 2006. Tem previsão de estréia em agosto e é um remake americanizado de um filme de Hong Kong. Leonardo diCaprio e Matt Damon encabeçam o grande elenco. A história? Há uma guerra declarada da polícia de Boston contra uma máfia irlandesa que apavora Massachusetts. Daí, um policial é infiltrado na gangue. Daí também, ao mesmo tempo, um gângster é infiltrado na polícia. Sacou? Ah, o "primeiro" filme mais falado de 2006 será "O Código Da Vinci", que tem estréia mundial em maio (dia 19) e vai botar Tom Hanks para descobrir o que realmente rolava para os lados de Jesus, Ele mesmo.

9. Futebol é pop 2. A partir de janeiro, começa a Libertadores, que neste ano vai ter São Paulo, Corinthians e Palmeiras. Estado de emergência?

10. Mais discos novos: Flaming Lips virá meio Black Sabbath em abril, o Bloc Party quer mostrar em junho que o primeiro disco (2005) era "fraco" perto deste segundo e a dupla canadense Death from Above 1979 vai lançar o novo CD no segundo semestre para perguntar: "Arcade Fire quem?".

11. A Apple vai lançar uns dois iPods durante o ano que vai mudar a história da música (e do vídeo e do celular) e fará o modelo anterior parecer tão... 2005.

12. E o disco novo do Radiohead. Não se espante se a banda mais cultuada do planeta vir com seu sempre aguardado CD inédito logo em fevereiro. "Está acabado, incrível, desorganizado e diferente de tudo o que fizemos", diz o grupo, em recado via internet.

13. E o disco novo e "italiano" do Morrissey.

14. E os discos novos dos nova-iorquinos Rapture e Yeah Yeah Yeahs. Sobre o primeiro, ouvi dizer que é conceitual. O segundo, se levar em conta o que falam nos "bastidores", vai "explodir" o rock. Sai em março e vai ser temático: sobre um... gato.

15. Do outro lado do Atlântico, o domínio do rock inglês segue forte. The Long Blondes é a banda. Kate Jackson, a vocalista, é "a mina".

16. Disco novo do Los Pirata is playing at my house. My house. "Panchoooooo, el perro perdido. Panchoooooooooo".

17. Quanto ao mundo virtual, eu não sei o que vai dar quando a internet chegar ao final de 2006. Só sei que comecei o ano baixando um episódio de seriado em dois dias. E agora baixo o mesmo em duas horas.

18. MySpace é aquela maravilha para fazer amigos e conhecer bandas novas, mas o que vai pegar mesmo em 2006, dizem, é o "Web 2.0". Ou "Social Software", seu nome, hum, científico. Perto dele, o Orkut parece algo tão velho e fora de moda quanto um Corcel II.

19. Com a internet e a geração Napster, a música mudou em 2001, em relação a 2002. Depois mudou mais em 2002, em relação a 2001. Em 2003, a mudança foi brutal. Em 2004, então. Em 2005, foi aburdo. As grandes gravadoras e seus modos de emplacarem música no ouvido das pessoas sofreram um declínio geral de vendas. Segundo o "New York Times", a democratização da música que a internet tornou possível alterou para sempre o equilíbrio de poder dos meios sonoros. Eu quero estar bem de olho no final de 2006 para ver que bicho isso vai dar.

20. Esta coluna vai lançar em 2006 o Mapa do Rock no Brasil. Ops! Escapou.




ROCK INGLÊS 2005 (E 2006)

Eu tenho um grupo de amigos que só escuta Subways. Um chegado meu com bom ouvido musical acha que o disco do The Others foi o melhor do ano. Eu ainda penso, toda vez que escuto o Departure, que as músicas dessa banda são as melhores. O Tom Vek é o máximo. Não tem música que mais bem define tudo do que "My Little Brother", do Art Brut. Para mim, "Munich", do Editors, é uma das canções mais deliciosas em pista do ano. E, quando pensei na minha lista de melhores álbuns de 2005, o do The Rakes entrou fácil no meu Top 5.

Acabei de citar um punhado de bandas/artistas britânicos que ganharam destaque relativo em meio a nomes como Bloc Party, Babyshambles, Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs, Futureheads, Maximo Park, Magic Numbers e outros. E nem cito grupos como Franz Ferdinand, tão novos mas tão já içados à condição de superbandas.

A coisa está tão forte na cena inglesa que a impressão que dá é que Kaiser Chiefs, por exemplo, é uma banda muito velha. E Bloc Party foi tão falado que, se não fosse tão absurdo, daria para dizer que é um grupo para encher estádio.

O mais legal é saber que tudo está só no começo.

Para falar do que aconteceu neste ano e já olhar para 2006, a coluna entrevistou Ricky Chiefs, Kele Party e Magrão, da aposta Guillemots. Pega aí.




KAISER CHIEFS

O poder da excelente nova cena de bandas britânicas pode ser medido pela performance de uma delas, o quinteto Kaiser Chiefs, neste 2005.

Virou o grupo novo predileto de sir Paul McCartney, representante vivo do grupo predileto de todo mundo em todos os tempos. Foi a banda-sensação de festivais americanos (americanos!), como o indie South by Southwest e o conhecido Lollapalooza. Conseguiu ser primeiro lugar em singles na Califórnia ("I Predict a Riot"), é o 5º melhor disco do ano do semanário inglês "New Musical Express" com o CD de estréia ("Employment") e só vai parar de excursionar em maio do ano que vem.

Ricky Wilson, vocalista do Kaiser Chiefs e candidato a galã do rock inglês em 2005, falou do sucesso e das conquistas do farto ano para a Folha. Leia abaixo os principais trechos da entrevista, que foi publicada recentemente no caderno "Folhateen".

Folha - Neste período, no ano passado, você poderia imaginar o que estava para acontecer com o seu Kaiser Chiefs?
Ricky Wilson
- Não mesmo. Foi como se alguém me dissesse que eu ia dormir numa noite sendo Ricky Wilson e acordar algumas semanas depois sendo o... Liam Gallagher [Oasis]. Estou brincando. Mas tudo foi intenso. Quando a gente começou a banda, o sonho maior era o de que nos deixassem tocar no festival de Leeds. Quando a gente viu, estávamos tocando para uma multidão em Moscou, na Rússia.

Folha - Quando o CD foi lançado, no começo do ano, disseram que o Kaiser Chiefs era o novo Blur e que o britpop estava de volta. Você também acha isso?
Wilson
- Sei lá. Amo o Blur, mas acho nossa música nada parecida. A única semelhança, talvez, seja que somos "brit" e fazemos "pop". Quem me dera ter a voz de Damon Albarn. Mas queira deixar claro para não ter briga: eu adoro o Oasis também.

Folha - 2005 foi um ano bom para o rock inglês no geral e para bandas como a sua em particular, você não acha?
Wilson
- Foi espetacular. De uns dois anos para cá surgiram tantas bandas novas boas que nem dá para contar. Sinto isso no clube que a gente tem, em Leeds. Nunca vi tanta gente saindo à noite para dançar rock. Além disso, nossos DJs pararam de tocar coisas antigas para fazer sets inteiros só com bandas novas.




BLOC PARTY

* Kele Okereke virou o ano como a sensação. Um dos raros vocalistas negros do rock, principalmente o inglês, esteve no topo das "cool list" para 2005 e fez de sua banda, o Bloc Party, ganhar muitas das eleições de "melhor disco do ano", com o ótimo "Silent Alarm". Dia destes, por telefone, Kele conversou com esta coluna:

Folha - Como foi 2005 para o Bloc Party e para você, em particular?
Kele
- Foi inacreditável. Desde o final do ano passado ainda nem deu para parar para pensar. Num dia eu acordo e estou tocando na Rússia, no outro estou no avião para tocar em festival americano. Não dá para sair à noite na Inglaterra. E o disco da minha banda, que eu nem acredito que conseguimos lançar, está por toda parte. Não tenho o que reclamar. Foi o ano mais divertido da minha vida.

Folha - Como você vê essa quantidade enorme de bandas inglesas sendo idolatradas em países como Japão e Brasil?
Kele
- Acredito que a música britânica está vivendo um período bem fértil. Não que eu tenho escutado muitas bandas, porque para mim está sendo difícil fazer isso. Não há muito tempo e, de tão envolvido com minha música, eu não consigo mais escutar bandas como antigamente. É esquisito. Mas em todos os lugares que temos tocado, fora da Inglaterra, sempre tem um monte de bandas do Reino Unido no pedaço. Encontro muita gente da Inglaterra, amigos e tudo. Então imagino que está bom para todo mundo.

Folha - O Liam Gallagher andou falando mal do novo rock inglês e de vocês, em especial. O que você achou?
Kele
- Não estou nem aí para o Liam Gallagher. O Oasis tem alguns bons álbuns, mas o Liam Gallagher é uma coisa que eu olho e penso: "Nunca quero ser um cara como ele".




GUILLEMOTS

O prolífico rock inglês deixa 2005 para trás suspirando com ares apaixonados por mais uma banda de sua nova safra, o "diferente" quarteto de Londres chamado Guillemots, um dos mais cintilantes nomes das listas de "fique de olho em 2006" que circulam neste final de ano.

O "diferente" diz respeito ao Brasil: o guitarrista tem o improvável nome de Magrão e o Guillemots já virou a grande aposta por causa do recém-lancado single "Trains to Brazil", uma homenagem ao mineiro Jean Charles de Menezes, que foi assassinado em um trem do metrô de Londres pela polícia inglesa, em nome do "combate ao terrorismo".

"Trains to Brazil" foi lançado como single no último dia 5 e se encontra em alta rotação nas rádios inglesas. O vídeo da música está entre os mais pedidos da MTV2 européia, braço da MTV dedicado ao rock moderno. Que pertence ao gigante conglomerado Universal Music.

"Na verdade, 'Trains to Brazil' não foi composta para retratar o incidente com o brasileiro", disse Magrão, ou MC Lord Magrão, em entrevista por telefone à Folha, desde Londres.

"A gente estava gravando a música quando tudo aconteceu e todo mundo ficou mal por causa da história. Como a música fala de bomba e tem uma linha forte que diz 'Quanto tempo vai levar para que eles nos explodam', achei uma trilha sonora perfeita para a m**** que estava acontecendo. A música tinha sido composta pelo vocalista havia três anos e tinha outro nome. Pedi para ele mudar como uma homenagem e ele deixou", falou Magrão, que até 2002 vivia na zona leste de São Paulo.

O Guillemots foi formado no ano passado e surgiu forte na cena neste ano, quando em setembro lançaram o EP "I Saw Such Things in My Sleep", pelo pequeno selo Fantastic Plastic. Aí começou a correria de gravadoras atrás da banda, querendo fechar contrato com os responsáveis por aquela linda música "Made Up Love Song # 43" que estava tocando bastante nas rádios.

"Foi uma coisa sem noção. Até o ano passado eu não conseguia achar uma banda para tocar. Agora eu me vejo na TV, me ouço no rádio, meus shows lotam e várias gravadoras estão atrás de nós", afirma Magrão, que não quer dar seu nome verdadeiro. "Não precisa."

Magrão conta que saiu da ZL paulistana para Londres por volta de 2000, para tentar viver de música na Inglaterra. "Mas não tinha como. Meu estilo é mais experimental, ruídos. Nada pop. Aqui é difícil. Então já estava com tudo pronto para procurar a sorte em Berlim. Aí resolvi responder um último anúncio de cara procurando banda, no classificados do 'New Musical Express'", conta o guitarrista. "Pedia alguém para uma banda de rock, que não precisava tocar muito, mas ter estilo e ser criativo. Respondi dizendo que tirava som até de máquina de escrever. Assim conheci o Fyfe."

O Guillemots é uma miscelânea. Além do brasileiro MC Lord Magrão na guitarra, tem o fundador e vocalista inglês Fyfe Dangerfield, a contrabaixista canadense Aristazabal Hawkes e o baterista escocês Rica Caol.

A banda acaba de assinar contrato com a Polydor, braço do gigante conglomerado Universal Music. "Estamos assinados, mas com os pés no chão. Temos que ir devagar", diz Magrão, meio assustado.

No futuro próximo, a banda tem shows marcados para os EUA e Japão, além de convites antecipados para participar de vários festivais de verão europeus. E as gravações do primeiro disco, que devem começar logo nos primeiros meses de 2006.

No CD, além do "hit" "Trains to Brazil", deve ter ainda uma linda canção chamada "São Paulo", que costuma fechar os já famosos shows da banda na Inglaterra.

"Essa saiu de um improviso, depois de uma conversa nossa sobre o dia-a-dia numa cidade grande, cada um de um lugar, com sua experiência. Aí ela ficou com a cara de São Paulo", tentou explicar o guitarrista brasileiro.

O ano de 2006 promete ser bom para o grupo de Magrão. Para garantir, sua banda deve entrar no ano novo segurando nas mãos um exemplar da importante revista "Mojo", que diz "Guillemots, a mais notável banda do Reino Unido hoje".

* Segundo Magrão, o Guillemots funciona assim: "O Fyfe é o cara pop da banda. Eu sou o do som esquisito".

Uma espécie de Arcade Fire da música inglesa, que mistura ao (brit)pop uma inventividade de sons a princípio estranhos e desconexos a esse pop, a banda do brasileiro começa a trilhar um caminho único dentro do revival punk/pós-punk que move o novo rock feito no Reino Unido.

O rock está por cima de tudo, mas nas entrelinhas vem o que dá o caráter original ao Guillemots. O guitarrista brasileiro parece ir na contramão das músicas, sempre de costas para a platéia (nos shows) e botando sua guitarra a enfeitar as canções de modo de um jeito que só um grupo como o Radiohead costuma usar.

Fype é o da voz acalentadoramente pop, típica britânica, além de ser o dono das letras sobre amores e desencontros.

A jovem canadense Aristazabal, 19, egressa de escolas e clubinhos de jazz de Nova York, empresta a cadência clássica ao som da banda, tocando um contrabaixo acústico. Uma bateria classuda (do escocês Rican Caol) e sons de teremim, metais e quetais completam o som do Guillemots.

A banda tem chamado a atenção de brasileiros fãs de música pop pelas referências ao país, dadas pelo guitarrista Magrão. Para a imprensa musical inglesa, o Guillemots atrai pela sonoridade "exótica" e pelo insistente recomendação de quem já ouviu o grupo: "Olho nele em 2006".

* Para ouvir "Trains to Brazil" e "Made Up Love Song # 43":
www.myspace.com/guillemotsmusic




PRÊMIOS E VENCEDORES

Não rola prêmios nesta coluna. Só na primeira do ano. Se quiser mandar email para conversar, criticar, dar idéias, elogiar, fica à vontade. Afinal, você não escreve só atrás de prêmios, não é?

A lista de vencedores da semana só no ano que vem.




FELIZ 2006

Pule ondas, salte da cadeira com pé direito, guarde uma folha de louro na carteira, faça desejos, resoluções, promessas. A hora é esta. No dia 2, a correria começa brava. Vamos juntos que este ano novo vai ser tão agitado quanto este que está acabando/acabou. O mais até. Stay gorgeous, wonderful, pretty. Porque esta coluna precisa de você. Feliz 2006.

* Queria agradecer, além dos milhares de leitores/parceiros que fazem esta coluna, a algumas pessoas em especial, que moveram sempre este espaço para a frente: Paulo Terron, Alisson Guimarães e Ana Carolina Monteiro.

É isso então. Já era. Já é.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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