Pensata

Lúcio Ribeiro

10/03/2006

Falando em...

"Monday night to the club
Tuesday night to the club
Wednesday night
What a headache
But I went to the club"
Spankox, "To the Club"

"Thursday night to the club
Friday night
Didn't want to go
Then my friend Michel
Call me on the phone
And so I went to the club
Saturday night to the club
Sunday night to the club..."
Spankox, "To the Club"


Hehe.

Descobri qual o remix de "To the Club" que o Fatboy Slim tocou no trio elétrico eletrônico no Carnaval da Bahia. Se você tiver interessado, eu falo. A letra é tudo, não? A música é um poperô que dói, mas nessa versão ficou bem boa.

* E aí? Você está preparado para os Gallagher.

* Falando nisso, duas péssimas notícias (mas algumas boas depois). Não vai ter show extra do Oasis. Não vai. E não vai. O pior é que a banda topou... Mas a CIE não sabia o que fazer com o Foreigner, que já tinha apresentação marcada para o Credicard Hall no dia 16. Tentaram levar o Oasis para o Anhembi, mas lá tem a Bienal do Livro...

* Falando em furada, o New Order, tal qual o ano passado, também não vem mais depois de tudo acertado. Desta vez, alegaram problemas de doença em algum deles. A banda ou ia estrelar o Skol Beats, em maio, ou ia fazer show no Credicard Hall. Nem um, nem outro.

* Falando em Skol Beats, fui proibido, por uma questão industrial (!?), de contar quem vai ser a atração principal deste ano (já que o New Order furou). Você deve saber nos próximos dias. Só posso adiantar que eu vi o show desta banda no ano passado, sem esperar muita coisa, e saí do negócio como se eu tivesse sido atropelado por dez jamantas. Os caras tocaram fogo na tenda. Não dava para respirar. As pessoas lá pareciam vodu. Tá bom, eu paro com a palhaçada. Skol Beats, por enquanto, fica assim: Banda Y, LCD Soundsystem, Timo Mass, Tiga. Já está bem bom o festival, hein?

* Falando em festival, os ingressos para o Campari Rock 2006, o Glastonbury brasileiro, o Reading paulista, o Coachella do deserto de Atibaia, já está à venda. Pencas de ônibus estão vindo de todas as partes. O site www.camparirock.com.br tem as info. Este colunista, é bom avisar, participa da curadoria do festival.

* Falando em New Order, alguém já viu o trailer do novo filme da Sofia Copolla, "Maria Antonieta"? Que tem a Kirsten Dunst no papel da teen bobinha que vira rainha da França e tal. Manja a Paris Hilton dos anos 1700? Então, o trailer é na verdade um desses vídeos que ficariam bem na MTV, com algumas cenas do filme e, inteirinha e bem alta, a música "The Age of Consent", do New Order. Luxúria.

* Falando em Oasis, talvez eu perca mais um supershow em São Paulo. Está virando moda, já. Mas, se nada der errado, esta coluna será escrita na semana que vem do Texas, no meio do festival South by Southwest. Se tudo der errado, os Gallagher me confortarão.

* Falando em dar errado, o Vines está de volta. Agora que o maluco Craig Nicholls está tomando os remédios direitinho, a banda australiana prepara o lançamento do novo single, "Don't Listen to the Radio", uma canção bem pegajosa. Já está disponível por aí. A mensagem é direita e feita sob medida para quem mora em São Paulo.

* Músicas da semana: "Bang Bang You're Dead", do Dirty Pretty Thing (a galera ex-Libertines). "I Will See You in Far Off Places", Morrissey (o disco novo dele já é nosso).

Cover da semana: "Life's a Gas", dos Ramones, com os Strokes.

* Vêm aí. Blog, Mapa do Rock e programa de rádio. Programa de TV também?




MUTANTES ONDE? CANSEI DE SER SEXY ONDE?

1) Vai rolar a volta da lendária banda Mutantes, neste ano, no Abril Pro Rock 2006, evidentemente sem a "tia" Rita Lee? Seria uma apresentação-treino para o show que Sérgio Dias e Arnaldo Baptista (mais o baixista Liminha e o baterista Dinho) vão fazer em Londres, no Barbican, em maio, dentro de uma mostra sobre a Tropicália. Seria a primeira apresentação dos Mutantes 33 anos depois de seu fim. Será?

2) O combo electrorrrrrrock paulistano Cansei de Ser Sexy em turnê pelos EUA com o DJ Diplo e o grupo curitibano de funk carioca Bonde do Rolê? E com o disco lançado no mercado americano? Será?




OASIS

The boys are back in town. Lá vem os Gallagher. Uma das bandas mais queridas deste colunista, o Oasis toca nesta quarta-feira em São Paulo em show para 14 mil pessoas que esgotaram os ingressos em poucos dias. Que beleza!

Conheci o Oasis em 1993, acho, graças a uma fitinha cassete encartada no semanário "Melody Maker", extinto há vários anos. A fita tinha "Cigarettes & Alcohol", que eu ouvi e pensei: "Esse é o tal de Oasis, que todo mundo está falando? Bacana, mas quem o vocalista pensa que é? O Jagger".

Não preciso dizer, assim que o primeiro álbum saiu eu já era macaco de auditório do Oasis. Testemunhei em idas constantes na Inglaterra nos anos 90 o que uma canção do Oasis era capaz de fazer com uma pessoa, seja numa jukebox de pub ou numa loja de vasos na periferia de Londres.

Comprei single do Oasis no dia da histórica "batalha dos singles" com o Blur, que venceria a parada das paradas (comprei também o single do Blur, óbvio).

Vi Oasis ao vivo na Suécia, Espanha. Em Miami. Fora os três shows do Brasil e alguns na Inglaterra.

O Liam já quis um par de tênis meu certa vez e uma foto que eu tirei do cara, no Rio de Janeiro, com o Pão de Açúcar ao fundo, saiu publicada no semanário "New Music Express" e na revista "Q".

Mas o que eu tenho hoje para falar do Oasis?

Como tudo já foi falado sobre os Gallagher, eu já não aguento mais falar dos Gallagher e ficar dizendo aqui que o Liam xingou tal banda e o Noel disse que o Oasis é tão bom quanto os Beatles é assunto velho desde 1996, resolvi fazer algo diferente.

Fui nos arquivos da Folha dar uma olhada no que foi que falaram da banda, no ano de seu surgimento para o grande público, época em que foi lançado o sensacional début "Definitely Maybe".

Sabe quando uma banda-"sensação" surge, tipo Strokes e Arctic Monkeys (para ficar em tempos recentes), o fenômeno é "analisado" às pressas em jornais e revistas e muitos anos depois você volta para ver o que foi falado.

Então. O Oasis, quando surgiu, foi tratado assim na Folha:

* Setembro de 1994

"Eles estão sendo comparados aos Beatles e Sex Pistols. Seus shows se esgotam com semanas de antecedência e o primeiro disco, que chega às lojas semana que vem, é o mais esperado do ano. Foi assim com o Suede em 93/4, agora a bola da vez é o Oasis.

A imprensa britânica já tem até um rótulo para bandas como o Oasis: 'the next big thing' (a próxima sensação). Com dezenas de publicações sobre música --as mais importantes são os semanários 'Melody Maker' e 'New Musical Express' e a revista 'Vox'--, e dezenas de capas para preencher, a imprensa pop britânica cada mês dá três minutos de fama a uma das incontáveis bandas em início de carreira que circulam pelo Reino Unido...
...Vamos ver quanto tempo o Oasis vai durar."

* dezembro de 1994 (crítica de "Definitely Maybe")

"O Oasis foi escolhido pela imprensa inglesa como o 'hype' de 94. A piada é inevitável. No deserto musical em que a Inglaterra se encontra encalhada, a banda virou sinônimo de miragem. Ian Brown, vocalista do Stone Roses, cantava há cinco anos 'I Wanna Be Adored' (eu quero ser adorado) com a complacência maravilhada da crítica britânica. Oasis é adorado no mesmo tom. Milagre do pensamento positivo, porque, apesar de comparado a Beatles e Smiths nas publicações da ilha famosa, seu álbum de estréia, 'Definitely Maybe', soa miseravelmente normal. Com franjinhas, visual 'mod' (ternos e gola pólo), guitarras saturadas e vocais harmônicos, o Oasis não se destaca muito da concorrência...

...O triunfalismo de grupos como Oasis, Suede, Blur e Stone Roses só acontece por conta da mediocridade da música inglesa.

...A perspectiva está errada. 1994 já teve um 'novo Beatles' --o disco 'BBC Sessions'. O Oasis é apenas a banda do roadie do Inspiral Carpets (Noel Gallagher afinava guitarras para essa bandinha de terceira até o ano passado)."




"SIMPSONS" REAL, "LOST" GAY e "OC" ZOEIRA

O que pode essa internet?

Agora que está aberta a temporada de seriados da TV, a telenovela jovem da geração 00, aparecem na rede três sensacionais paródias de séries famosas, feitas por gente que tem um mouse na mão e uma (boa) idéia na cabeça.

Direto ao assunto:

1) "Real Life Simpsons" - sabe a tradicional abertura do seriado-campeão "The Simpsons", que vai das chaminés da usina nuclear de Springfield, passa pelo Bart de castigo escrevendo na lousa da escola e chega no fim, com toda a família Simpson sentando no sofá ao mesmo tempo? Pois uma turma inglesa reproduziu quadro a quadro as cenas da introdução do desenho, com pessoas reais, e ficou sensacional. Quem são os ingleses? Quando filmaram? Vai saber. Mas já é febre na internet. Apenas veja.

Endereço sugerido: http://www.youtube.com/watch?v=49IDp76kjPw

2) "The emO.C." - a versão (mais) emo do meloso seriado teen "The O.C.". Essa paródia não se contenta em zoar o programa só na sua abertura. Construíram um capítulo inteiro a respeito do dramalhão que mostra a dura vida da moçadinha rica de Orange County. O autor é um tal de Chris, estudante da universidade de Savannah College of Art and Design, da Georgia (EUA), e é inteiramente produzido por esse Chris, o irmão dele e um colega de classe. É impagável a abertura, que apresenta os personagens: a loira freak Marissa, o esquentadinho Ryan, o bonitinho-mas-nerd-e-cheio-de-tiques Seth e a algo fútil Summer. Todos, claro, travestidos pela turma do Chris.

Endereço sugerido: http://www.youtube.com/watch?v=bSWDRlbdzJw

3) "Brokeback Island" - ou "Quando os caubóis gays encontram 'Lost'". Esse é em cima daquelas peças promocionais feitas pela Fox americana para divulgar "Lost". Na verdade, um bem sacado mix de clipes de cenas entre o médico Jack e o galã mau-caráter Sawyer, do famoso seriado "Lost", com a trilha sonora e o nome emprestados do polêmico filme "Brokeback Mountain", de Ang Lee. O legal é a explicação do autor do vídeo, que está nos sites que têm a paródia. "Este vídeo é para fins de entretenimento apenas". Ah, bom!

Endereço sugerido: http://youtube.com/watch?v=j0E1s9CFnG4

* You Tube - Reparou que todos os endereços recomendados é do You Tube, não? Já falado aqui, o site é um depositário moderno de qualquer vídeo que qualquer pessoa pode fazer sobre (quase) qualquer coisa. E depois botá-lo à exibição no You Tube (.com).

* Pirataria o quê, cara pálida? - Milhares de fanáticos vão mirar seus olhos para a telinha, agora que "Lost" voltou e "24 Horas" volta na semana que vem.

Também já dito neste jornal, existem hoje três tipos de pessoas que assistem a esses seriados viciantes.

Os que vêem na TV aberta, os que acompanham antes na TV paga e os que não aguentam esperar nem TV aberta, nem paga, pegam na internet e assistem felizes, horas depois que a série vai ao ar nos EUA.

Essa última estirpe de fanáticos pode ser chamada de piratas, como o foi no caderno Ilustrada da Folha do último domingo (dia 5), no texto "Pirataria de seriados americanos pela internet vira mania entre fãs"?

Ronaldo Lemos, especialista em direito na internet e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acha que não.

"O termo 'pirataria' possui uma forte carga emocional, mas não tem praticamente nenhum significado. Por exemplo, 'pirataria' de remédios ou tênis Nike e 'pirataria' de seriados de televisão são atividades completamente distintas, que dizem respeito a comportamentos sociais totalmente diferentes.

O termo pirataria vem sendo usado principalmente como uma bandeira política, forjada sobretudo pelo discurso da indústria norte-americana, na luta por modificações da lei que muitas vezes são contrárias aos interesses da sociedade e prejudicam o acesso à informação e ao conhecimento.

Por isso, empregar o termo 'pirataria' de forma generalizada na imprensa empobrece o debate sobre direitos autorais, em vez de torná-lo mais claro."




JACK NÃO MORREU

O espírito da coisa é mais ou menos assim: se você está são e salvo lendo este texto, é graças a Jack Bauer. Ele já livrou o mundo (tudo bem, os EUA) quatro vezes de ataques terroristas avassaladores e começa na próxima segunda-feira, dia 13, a enfrentar "o mais difícil de seus dias", dos nossos dias, quando outra carga pesada terrorista vem à tona na nova temporada da série "24 Horas", a quinta, que começa a ser exibida no Brasil.

Espécie de McGyver dos tempos modernos, o "indestrutível" agente secreto Jack Bauer é vivido pelo ator inglês Kiefer Sutherland, um dos mais bem pagos hoje de Hollywood.

"24", que mostra um dia inteiro na vida do agente e tem o celebrado formato do "tempo real" (reloginho na tela que indica a hora do dia em que a ação está se passando), começou titubeante em 2001 e hoje atinge recordes de audiência para seu canal, a Fox americana.

"Quando começamos o nosso projeto, que era uma série sobre agentes desbaratando ações terroristas, veio o 11 de setembro. A série quase não foi ao ar. Acreditamos nela e bancamos. Mas ainda assim não deixo de me surpreender com o que ela virou hoje", disse a este colunista, em entrevista em Los Angeles, o ator Kiefer Sutherland (veja abaixo a entrevista completa).

Sutherland se refere aos números que esta quinta temporada alcançou, na estréia americana, em janeiro. A Fox dos EUA botou os quatro primeiros episódios em um domingo e uma segunda, dois em cada dia, na chamada "superestréia de 24". Cerca de 35 milhões de pessoas assistiram à premiére, nos dois dias, em média, quando as outras temporadas era raro um episódio chegar a 8 milhões de telespectadores.

Graças à nova temporada, "24", que acumula 39 indicações ao prêmio Emmy e oito ao Globo de ouro, entrou pela primeira vez e segue com fôlego no milionário grupo dos 25 programas mais assistidos da TV americana. Atravessou fevereiro se equilibrando entre os 12º e 14º lugares, atingindo cerca de 14 milhões de pessoas.

Isso fez de Sutherland um ator de um peso que nunca teve em uns 50 filmes antes de encarnar em Jack Bauer.

* Sutherland, de repente, está por todo lugar. Em abril estréia nos EUA o blockbuster "The Sentinel", co-estrelando com Michael Douglas, em um papel que lembra muito o seu em "24": livrar a Casa Branca de enrascadas terroristas (o filme tem previsão de entrar em cartaz no Brasil em agosto). Além disso, o rosto de poucos amigos de Sutherland estampa capas de revistas de guitarras a cigarro. Tem participado de todos os programas de entrevista da TV americana. E, agora recentemente, fundou uma gravadora para apoiar o rock.

No final desta lista de "Bauer Power" está o longa-metragem de "24", que já está sendo formatado entre os intervalos de ação de Sutherland na série e seus outros muitos compromissos. Sutherland já cogitou escrever o roteiro.

* Na nova temporada de "24", Jack Bauer, sempre emboscado em situações que exigem urgência extrema e ética mais-que-extrema, está mais vivo do que nunca. Como dizem nos EUA, atirando primeiro e perguntando depois. Ele, que havia morrido e depois ressuscitado na quarta temporada, para escapar de um conflito internacional com o governo chinês, que queria sua pele, mudou de nome e foi se refugiar no interior.

Mas por razões que explicadas aqui seriam spoilers (estraga-surpresas) Bauer é forçado a retomar a luta contra o terrorismo, desta vez russos separatistas que pretendem a todo custo impedir um acordo armamentista EUA-Rússia, bancados pelo presidente americano. A todo custo leia-se: detonar armas químicas em Los Angeles.

* Junto com Jack Bauer, quem tem ganhado grande destaque desde a última temporada é a nerd de computadores e temperamental Chloe, interpretada por Mary Lynn Rajskub, que entrou na terceira temporada e, graças a sua simpatia ranzinza na série conquistou papel de destaque no novo filme de Harrisson Ford, "The Firewall", inédito no Brasil.

Outra que lucra com seus papéis em "24" é a jovem atriz Elisha Cuthbert, nova loirinha fatal americana, que com raras exceções teve participações de algum destaque na trama da série, mas que tem presença quase que imposta no seriado graças a inúmeras capas de revistas masculinas européias que estampam seu rosto (não só). Cuthbert já cavou sua vaguinha na quinta temporada de "24".

* No Brasil, "24" tem relativo sucesso no canal pago onde passa, a Fox, na "Globo", quando é exibido nas férias do entrevistador Jô Soares, e é coqueluche em internet, sendo vorazmente baixado e discutido em sites de fãs e Orkut.

Enquanto nas noites de segunda "24" botou em sua quarta temporada o canal Fox entre as três emissoras mais vistas da TV paga (das 22 às 23h), na Globo manteve uma média de 46% de aparelhos ligados nas aventuras de Jack Bauer em audiência nacional, quando foi ao ar no flutuante horário depois do "Jornal da Globo".

A Fox prepara uma estréia de gala para a quinta temporada de "24": já no domingo que vem, dia 12, às 22h, inicia uma maratona de dia inteiro de reprises da quarta temporada completa. Quando ela acabar, nas 22h de segunda, 13, estréia, em capítulo duplo: o primeiro e o segundo capítulos da quinta temporada.

Mais: para os assinantes de seus serviços, a DirecTV garante que passa o primeiro episódio da temporada nova de "24" um dia antes da estréia oficial na Fox. Seria no domingo, 12, em looping, das 14h às 2h, no reservado canal 117.

* O trocadilho é em inglês, mas cabe. Jack is back!

* A viagem deste colunsita a Los Angeles foi a convite da Fox




SUTHERLAND FALA DE "24 - O FILME" E ROCK

(Este texto, assim como o acima, saiu publicado na Folha de S.Paulo de domingo passado.)

O inglês Kiefer Sutherland, cujo nome de batismo é, atenção, Kiefer William Frederick Dempsey George Rufus Sutherland, primeiro bota seu personagem para salvar o mundo, depois corre atrás de dinheiro para bancar bandas de rock e sua coleção de guitarras Gibson. Em uma sessão de entrevista para a imprensa mundial, da qual a Folha participou em Los Angeles, o ator conta de seu hobby "agora profissão", de como "24 Horas" mudou sua vida e do longa-metragem que vai fazer a partir da série.
Numa compilação das perguntas da entrevista, as feitas pela reportagem da Folha, Sutherland disse o seguinte:

Folha - Como "24 Horas" mudou sua vida como ator? Você, que faz muito cinema, não tem medo de ficar estigmatizado como o durão Jack Bauer mesmo fazendo o papel de um professor de jardim de infância?

Kiefer Sutherland - De modo algum. Estou muito satisfeito com a projeção que me deu e com o resultado que a série está alcançando. Sempre apostei muito nessa série, e fizemos um esforço sobre-humano para que ela pelo menos fosse ao ar do jeito que imaginávamos, numa época difícil para falar em terrorismo.

Se ficarei marcado em qualquer trabalho que eu vá fazer no futuro, esse é um bom preço a pagar para um papel que me deu dinheiro e prestígio. Mas não acho que vou ficar tão marcado assim como agente secreto. Já fiz papel de terrorista e, em "The Sentinel", no qual trabalho com o Michael Douglas, se você olhar bem ele é o Jack Bauer da história.

Folha - A série quase não foi ao ar por causa dos atentados de 11 de Setembro. Como você convenceu os diretores da Fox a exibi-la mesmo com aquele clima de terror que se abateu no país?

Sutherland - A história foi assim: tínhamos cinco episódios prontos, e a série estava marcada para estrear em outubro, quando aqueles eventos aconteceram. Nos primeiros episódios de "24 Horas", também ocorria um acidente de avião provocado por terroristas.

Era tudo complicado, porque a série era projetada para durar longos 24 episódios obrigatoriamente, com um tema daqueles, com um formato daqueles. Não sabíamos o que ia acontecer. Mas fizemos algumas reuniões e decidimos apostar no projeto porque acreditávamos nele, já tínhamos botado muito de nossas vidas nele e não podíamos ficar amarrados tanto a acontecimentos cotidianos. Filmes de guerra continuam sendo filmados quando existe guerra acontecendo.

Folha - O formato da série, de acontecimentos em tempo real, não exclui o telespectador que perde um episódio e já não consegue mais acompanhar a série depois?

Sutherland - Entendo o que você fala, mas tenho uma posição contrária quanto a isso. Quando você perde um episódio de "Law & Order", ou de outra série com história seqüencial, você não deixa necessariamente de assisti-la. E com "24 Horas", pelo o que sabemos, acontece o fenômeno inverso.

Quando uma pessoa perde um episódio, ela se programa para ver uma reprise, assiste pela internet, espera o DVD. Pessoas com uma energia assim a gente não perde. Ela contagia os que não vêem o seriado e nos faz ganhar novos admiradores.

Folha - "24 Horas", o filme, vai mesmo acontecer? Já tem nome?

Sutherland - Estamos bastante empenhados em que ele seja realizado. O projeto, no momento, se chama exatamente "24 - The Movie", mas não sei afirmar se o título realmente vai ser esse.

E, pessoalmente, acredito que séries como "E.R" e "Law & Order", com enredos belíssimos e vivos, dariam excelentes filmes.

Não acho que tenhamos que fazer um filme de "24 Horas" com 100% dos elementos do seriado. Podemos fazer com uma estrutura bastante distinta, personagens diferentes, mais problemas mundanos do que cruciais para a nação. E ainda assim fazer um bom filme. Assim, o filme não seria uma coisa definitiva, que matasse a série da TV.

Também não acho impossível construir um "tempo real" dentro de uma história de duas horas. Temos roteiristas capazes de fazer isso. Mais alguns meses e, acredito, teremos o projeto do filme mais claro nas nossas mãos.

Folha - Você tem uma coleção de 20 guitarras Gibson e agora fundou um selo de rock. A música tem uma importância tão grande para você quanto atuar?

Sutherland - Sempre tive paixão por música. Gosto de vários estilos e sei tocar guitarra um pouco, até hoje tomo lições, mas não me arrisco em público. Como eu nunca desejei tocar em uma banda e ainda assim queria ficar ligado à música de algum modo, eu e um parceiro [Jude Cole] montamos um estúdio, o Ironworks, para ajudarmos jovens artistas de Los Angeles, que têm poucas oportunidades de aparecer num mercado tão exclusivista como o da indústria musical.

Vamos lançar um álbum de uma banda chamada Rocco DeLuca and the Burden já em março, e eu considero sensacional, mas sou suspeito para dizer. No final do ano eles fizeram uns poucos shows na Europa, em países como a Inglaterra, e eu os acompanhei, dando uma de "tour manager". Foi uma experiência eletrizante e acho que, para eles, o futuro vai ser muito bom.




POPLOAD BRASIL TOUR 2006

* Este colunista desembarca em Porto Alegre, a terra do rock... gaúcho (puxa!) para uma discotecagem... paulistana (hã?) na festa de estréia do projeto Rock DiskoTech, que mistura rock e eletrônica. A balada acontece neste sábado, 11, no Beco (João Pessoa, 203).

* Próximas paradas da Popload Tour: Curitiba, dia 31, Londrina, 1º de abril. Vêm aí Maceió e Cuiabá.

* A discotecagem no clube Vegas, de São Paulo, nesta quinta, 16, depende da história da viagem do Texas. O site do clube (www.vegasclube.com.br) vai informar a programação da sempre lotada Rock Fellas.




PROMOÇÃO DA SEMANA

Para começar, a lista de vencedores vem na semana que vem. Foi mal. Agora, sobre premiações para esta semana, você está pronto (a) para o melhor? Olha a que vai concorrer os que mandarem e-mails a lucio@uol.com.br.

* um relógio do Jack Bauer, clássico, preto, chique, oferecido pela Fox.

* um single importado do Oasis, o "Let There Be Love", só lançado na Europa, oferecido pela loja parceira London Calling
(www.londoncalling.com.br), que está com todos os singles do Oasis à venda em seu site. O single tem uma inédita e "Rock'n'Roll Star (Live at City of Manchester Stadium July '05).




VOU LÁ

Tchau, então.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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