Pensata

Lúcio Ribeiro

05/09/2001

Frejat e Arnaldo Antunes

Desculpa aí. Não resisti na hora de colocar esse título. Claro que não vou falar nada sobre esses nobres roqueiros brasileiros, que estão lançando seus preciosos trabalhos. É só para cair a minha ficha que minha viagenzinha rumo às guitarras acabou e que já estou respirando o bom ar brazuca de sempre.

Retorno agora de corpo inteiro à minha coluna. A hora é esta. Pode desencanar de "convidado especial" por aqui. Os meus "special guests" botaram aqui textos tão legais que eu corro o sério risco de perder meu emprego de colunista.

Outra coisa: fui descoberto. Uma garota me parou na festa do sábado passado e me intimou: "E aí? Quando vai acabar a preguiça e você vai escrever o que rolou no Reading e as outras coisas que você prometeu, mas até agora...".

Está bem, eu confesso. Estava com preguiça mesmo. Pô, o cansaço bateu forte. Mas o pior você não sabe: na semana que vem vou me enfiar em outra espetacular maratona rock. Lá embaixo eu explico.

Vou começar, então. Esta coluna é dedicada ao Arnaldo Antunes. O cara tem a manha. Ele teve a coragem de gravar o pior disco que eu já ouvi na minha vida, esse do bonequinho na capa, recém-lançado. Brava gente brasileira.

Puts! Eu prometi que não ia falar nada...

************************

RADIO BLITZ

Durante a feitura desta danada, que dizer, da coluna, vou dar umas paradas só para conferir o que está rolando em quatro rádios em especial, no exato momento em que escrevo.

A radio blitz vai abarcar a performance das três rádios rock de SP e da NMEradio, a webradio do semanário inglês que você precisa muito ouvir.

As conclusões serão só suas.

Começou a brincadeira:

Terça, 13h48

NMEradio: Graham Coxon (guitarrista do Blur solo)

89FM: "Tempo Perdido", Legião Urbana

************************


READING FESTIVAL

O que você precisa saber do principal evento musical do planeta, quando o mundo da música pára e olha para a cidadezinha inglesa de Reading, mas que aqui no Brasil você não vê decentemente em lugar nenhum, é o seguinte:

* Eminem: Foi foda. O cara não tá nem aí com nada, como todo mundo sabe. Bota um DJ lá atrás, rola seus samplers, manda pelo microfone a sua "palavra" e todo mundo fica hipnotizado. Foi o maior público do festival. Fora a bizarra participação especial do Marilyn Manson, na música "The Way I Am", bastante a calhar. Foi muito bom.

* Travis: Que banda. Foi o show do festival. Fran Healy e amigos estavam inspiradíssimos, um monte de músicas maravilhosas cantadas e tocadas com vontade. Ao contrário do que se pode imaginar, pela fase "calminha" da banda, o show foi barulhento. Mesmo as músicas do mais recente disco, o bacana "The Invisible Band", mataram a pau. O guitarrista do Travis é espetacular ao vivo.

* Queens of the Stone Age: O negócio aqui é o seguinte: a banda manda no público roqueiro inglês. Lá não rola desrespeito, como no Rock in Rio 3. Não bastasse o Reading ficar tocando as músicas dos caras toda hora, no entre-shows, muita gente se juntou para ver o tipaço ruivo Josh Homme e asseclas mandarem um concerto inacreditável. O grunge não morreu. Que o diga o ex-Screaming Trees Mark Lanegan, que agora canta algumas músicas nos shows do Queens (foi só uma no Reading, droga). O Nick Oliveri apareceu peladão e, em vez do juizado ir prender o cara, as câmeras do telão gigante foram direto mostrar o que o cara estava mostrando. Para completar, as meninas que subiam no ombro dos garotos, para ver o show "do andar de cima", eram "convidadas" pelas câmeras a levantar a blusa. E algumas levantavam. Rock'n'roll.

* Strokes: Já falei um pouco na coluna da semana passada. Eles estavam travados, assustados por terem sido escalados no palco principal. O legal foi ver que NINGUÉM conhece a banda direito, tirando o público de internet. É a banda que todo mundo fala, mas ninguém nunca viu ou ouviu. Aí os moleques entram naquele palco enorme. E tocam igualzinho como estava no disco. Fim da primeira música, tirando a galera da fila do gargarejo, que pulava muito, o resto só olhava. As palmas e o entusiasmo foram aumentando à medida que o show prosseguia. O Fabrizio, justo ele, o baterista brasileiro, é a alma da banda. É o novo Dave Ghrol, acho que já disse aqui. O Nick Valensi, guitarrista, tem boa presença de palco e toca muito. A estrela Julian Casablancas não moveu um músculo no show. Só cantou bem, mais nada. Em resumo. Um showzinho abaixo das expectativas. Nota 9,5.

* Manic Street Preachers: O show que eu vi na Espanha, uns 20 dias antes, rolou melhor. Mas o do Reading foi bem diferente. Foi tipo um "greatest hits", cheio de músicas antigas, tipo "You Love Us" e "Let Robeson Sing". Nick Wire estava de vestidinho, claro. Até mudou o modelito durante o show.

* PJ Harvey: O mesmo caso do Manics. Na Espanha foi melhor. Agora, ver a moça de topzinho preto, minissaia da mesma cor, maquiada, cantando "Good Fortune"...

* Supergrass e Green Day: Grandes shows. Divertidos e com ótimas músicas. Enquanto o Supergrass salvava o britpop com canções como "Sun Hit the Sky" e mostrava o repertório novo, o Green Day tocava o mesmo de sempre, os velhos hits de sempre, fazia a mesma brincadeira de sempre, tipo formar uma banda inteira só com molecada da platéia. Sensacional.

* ...Trail of Dead: o banda texana cool que vem tocar em breve no Brasil faz show parecendo que o mundo vai acabar logo depois. Barulho urgente, hipnótico. Quebram tudo no final e vai embora. Acho que o sol estava forte na hora e me afetou de alguma forma, mas deu vontade de ir embora também depois do Trail of Dead.

* Frank Black: Uma bola de tão gordo. Parecia o Hitchcock no palco. E tocou Pixies: "Monkey Gone to Heaven", "Gouge Away" e "Mr Grieves". Perdi "Holiday Song", porque fui estava em outro show. Não lembro qual.

* Teenage Fanclub, Stephen Malkmus e Guided by Voices: Os shows bacanas de sempre. Rock simples, direto, músicas fofas. Sem grandes novidades aqui. A não ser dizer que a banda do ex-líder do Pavement pareceu fraquinha. Fora a namorada bobinha que faz parte do grupo, mas não passa de alegoria. Nem backing vocal direito ela faz.

* Evan Dando: Surpreendeu. Esquisitão como sempre, mas tocou bastante música do Lemonheads. Cool.

* Iggy Pop: Parecia show de heavy metal. Banda pesada dando som para o velho (mesmo) Iggy fazer suas diabruras costumeiras. No cardápio, "I Wanna Be Your Dog" heavy e "The Passenger", cover do sucesso do Capital Inicial. Ah, não é do Capital?

* Moldy Peaches: Banda podre de Nova York, da fornada dos Strokes, que mistura diversão com punk pop da melhor qualidade. O disco também é ótimo, se você tem menos de 50 anos e gosta de rock inconsequente.

* Shows perdidos a lamentar: Mercury Rev (já tinha visto na Espanha), Ash (também), Ladytron, Lowgold, The Pattern (esse foi triste; barulheira americana espetacular), Nebula, I Am Kloot (bacaníssimo grupo de som acústico, de Manchester), Cosmic Rough Riders, The Donnas, Mogwai, My Vitriol, Rocket from the Crypt, Lift to Experience (vi depois em um clube, em Londres), Cooper Temple Clause (esse doeu), Elbow (esse também).

Acho que é isso. Agora tem...

***************

READING FESTIVAL EM FOTOS


1.
Lúcio Ribeiro

Fran Healy, do Travis, passeia pelo backstage e pára
para uma fotinho. Na ponta direita, o intrépido Kid Vinil
tenta uma entrevista para a MTV


2.
Lúcio Ribeiro

Eu e o batera brasileiro dos Strokes, Fabrizio Moretti,
depois de uma cerveja no camarim da banda, no Reading


3.
Lúcio Ribeiro

O público inglês curte o Reading, enquanto lá longe o
Supergrass detona seu show bacana


4.
nme.com

Meus amigos Nick Oliveri e Josh Homme,
do Queens of Stone Age, uma das bandas
mais cool deste planeta


5.
nme.com

A adorável PJ Harvey em ação no Reading
Festival. Como diz um amigo, ela é bonita,
canta bem e ainda por cima toca guitarra.
Perfeita


6.
nme.com

Meninas bacanas em poses comportadas
esperam para ver o ídolo Marilyn Manson.
Repare na lente branca de uma delas



****************

RADIO BLITZ

17h46

NMEradio: Radiohead ("Knives Out")

Mix FM: Blink 182 ("Story of a Lonely Guy")

***************

A CENA INGLESA E A INVASÃO AMERICANA

Rola assim. Londres é uma aglutinadora de tendências, isso há muito tempo. Poucos em Nova York conhecem os Strokes. Poucos no Texas já ouviu At the Drive in, tem gente em Paris que nunca ouviu falar de Daft Punk. Já em Londres tudo fica mais claro. O grunge estourou primeiro lá, o Air ganhou fama na Inglaterra e blablablá.

A cena musical roqueira em Londres está dividida em três categorias. Claro que um integrante de uma cena pode curtir a outra e assim vai.

Mas a juventude britânica se posiciona, em uma pesquisa informal em shows, clubes e ruas, e chutando uma estatística, da seguinte maneira: 40 % se entregam a sons podreira, onde Limp Bizkit, Korn, Eminem e Slipknot são reis; 40% se amam ao som acústico de Coldplay, Starsailor, Travis, Elbow etc.; e 20% está de olho na invasão americana, puxada pelos Strokes. Que invasão americana?

* Strokes: precisa falar?

* White Stripes: maravilhosa dupla de Detroit, a terra do Eminem. A banda é formada por Jack White e Meg White. O som da banda consiste em Jack cantando (voz maravilhosa) e tocando guitarra estridente e Meg na bateria. Só. Sem baixo, sem outra guitarra. Rola um mistério em volta da banda. Eles seriam irmãos? Eles teriam casado e agora são separados? Ninguém sabe direito. Já têm três álbuns. Dê sua vida para ouvir "You're Pretty Good Looking".

* Moldy Peaches: de Nova York. Já falei deles, acima. Cace na web "Who's Got the Crack" ou "NYC'is Like a Graveyard".

* A.R.E. Weapons: Vigoroso trio de Nova York. O único single da banda, "Street Gang", é de assustar. A capa traz um dos integrantes do Weapons segurando uma corrente com sangue na ponta. Na contracapa, a corrente no chão, em uma poça de sangue. Do sangue, sai escrito A.R.E. O som é uma pedrada

Na semana que vem, mais sobre o novo rock americano.

************************

EDITORIAL DE MODA

Esta coluna, preocupada com que seus leitores andem sempre na crista da onda, apareçam bonitos na coluna da Erika Palomino, se dêem bem nas semanas de moda, notou que a juventude inglesa elegeu os seguintes itens fashion como estilo de vida.

* bottons: eles voltaram. Vai caçar agora nas gavetas aqueles brochinhos do The Cure, dos Stones, da bandeira britânica que você, ou seu irmão mais velho ou mesmo seu pai aposentaram nos anos 80. Tem em todas as roupas, vende em todo lugar. Na Espanha e na França também é febre. A minha bolsa carrega três, que eu não quero ficar fora das conversas. Um do Eminem, um do Nirvana e um do At the Drive in. Tô bem na fita. Quer um legal? Veja o item abaixo.

* gravata Strokes: acredita nisso? Já viu alguma foto da banda? Sempre tem um membro dos Strokes usando aquela gravatinha bacana, largada. Não é aquela de seda, séria. Vende em qualquer bairro descolado de Londres, vendia nas barracas do Reading. Não sei ao certo se vem dos caras. Mas que com eles a gravata ganhou notoriedade absurda, isso ganhou.

*******************

PROMOÇÃO DA SEMANA: BOTTONS DO U2

Quer andar nos trinques (que merda de termo!)?

Empolgado com o bacanaço show do U2 em Londres, adquiri estes dois bottons oficiais do grupo do Bono, que desencanou de vir ao Brasil. Mas seus bottons vieram. E pode ser seu se você fizer o de sempre: pedir no lucio@uol.com.br. É colocar na roupa, sair por aí e descolar umas (uns) minas (minos). Dá uma olhada aí embaixo. Fashion, né não?

Lúcio Ribeiro



******************

ECHO NO BRASIL

Tá ligado nessa? Echo, não, na verdade. Só o Ian McCulloch. Chega ao Brasil até o final do mês. Não vai ter show. Vem em viagem promocional do disco "Flowers".

******************

FREE JAZZ - ATRAÇÃO SECRETA

O anúncio oficial será feito no dia 18 próximo.

Mas uma grande atração pop black deve vir à tona na semana que vem. E não falo do Faithless, que ainda não está confirmado.

*****************

MTV URGENTE

Sei lá! Recebi e-mail de divulgação tão urgente da nossa emissora musical, em letras maiúsculas no item "assunto", que deve ser coisa importante. Vamos ver o que é?

"MTV BRASIL CONFIRMA PRESENÇA NA PANTANET 2001

A emissora é uma das atrações mais esperadas do Carnaval fora de época da cidade de Aquidauana.

A MTV Brasil, uma das maiores redes de televisão do mundo, estará em Mato Grosso do Sul nos dias 6, 7, 8 e 9 de setembro fazendo reportagens e participando da Pantaneta 2001.

Além de uma equipe técnica da emissora, estarão no evento os VJs Max Fivelinha (Em Busca da Fama e Gordo a Go-Go), Tathiana Mancini (MTV Erotica) e Marina Person (Meninas Veneno).

Os três apresentadores e equipe estarão, exclusivamente, no camarote do site Acontececg, um portal de entretenimento do Estado, que tem como destaque principal a cobertura das principais festas, eventos e shows de Campo Grande e região, com correspondentes nas principais cidades do Brasil."

Uau! Desacreditei.

*****************

RADIO BLITZ

18h46

NMEradio: White Stripes ("Hotel Yorba"; veja você, é uma das bandas da "invasão americana" acima)

Brasil 2000 FM: Aerosmith (não sei qual o nome; é uma lentinha; diz o locutor que é o primeiro lugar da parada dos ouvintes)

*****************

CORRA AOS CINEMAS

Três filmes beeeeeeeem legais ocupam as salas de cinema dos grandes centros brasileiros, convidando você a duas horas bem agradáveis. Diversão garantida: a crítica não falou bem de nenhum dos três, pelo que eu andei lendo. São estes:

* "O Dom Premonitório": suspense perturbador do querido Sam Raimi, diretor da antológica série "Evil Dead". Aqui é um filmaço de atores: a bonitaça Kate Blanchett segura tudo como a cartomante sensitiva, que mora em uma cidadezinha gótica reaça em algum lugar esquecido nos EUA e tem que lidar com tipos estranhíssimos, como se não bastasse os sonhos horripilantes que ela tem. Keannu Reaves, acredite, está ótimo. O excelente Giovani Ribbisi faz seu tradicional papel de louco. E tem a Joey, de Dawson's Creek, que, a contrário de seu papel de pureza recatada no seriado, aqui no filme de Raimi faz a linha bitchy. Até pelada ela aparece. No mais, sustos, tribunal, caminhonetes, lagos estranhos, sherife caipirão.

* "Moulin Rouge": é bem bacana e explosivo o tempo todo, apesar de ser um musical. Ambientado no bairro boêmio parisiense de Montmartre de 1899, canta a história (é canta mesmo) do difícil romance entre os personagens de Ewan McGregor e da estonteante Nicole Kidman (sério, entre ela e a Penelope Cruz...). Mesmo com esse papo de Paris antiga, em fotografia espetacular, as canções do musical são todas modernas. Tem Madonna e até "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana. Demais.

* "Amnésia": acho que este é o filme do ano. Produção independente anglo-americana que desconcerta mais que música nova do Radiohead. Aliás, Thom Yorke seria perfeito no papel do sujeito que sofre de uma doença de memória gravíssima. Ele sofreu um trauma quando viu a mulher ser estuprada e morta. E não consegue mais reter uma lembrança recente, só as que aconteceram antes do crime. Mais ou menos assim: Você conversa com ele e dois minutos depois o cara não lembra nem quem você é. Ele acorda em hotéis e não sabe onde está, como foi parar lá e o que tem que fazer quando levantar. Para compensar seu problema, ele vai anotando coisas em papel, tatuando o próprio corpo com informações importantes que ele não pode esquecer (mas vai) e tirando fotos polaroids de pessoas, para reconhecê-las quando as vir.

O mais incrível. A história toda é contada de trás para a frente. Começa por um crime que seria o final da história, e o plot vai voltando a cada cinco minutos. Dá desespero.

O filme é dirigido pelo novato inglês Christopher Nolan, de 30 anos, e é interpretado pelo ator australiano Guy Pearce. Prepare para o nó: é o tipo do filme muito comentado, mas pouco compreendido.

Vai. Pára de ler a coluna e se manda para o cinema.

***************

E NÃO É SÓ... PISTOLS NA TELA - PROMOÇÃO

E finalmente entra em cartaz nesta sexta-feira o maravilhoso documentário "O Lixo e a Fúria", de Julien Temple, que bota no cinemão a impressionante trajetória da banda punk Sex Pistols, uma das mais importantes de todos os tempos. Já cansei de falar deste filme aqui na coluna. Só vou dizer que não dá para perder, se você quiser entender um pouco da principal revolução da cultura pop, que moldou de certa forma a música que você ouve hoje. Tem cenas inéditas da banda em show, a última performance, os Pistols chocando a TV inglesa, entrevista raríssima com o malucão Sid Vicious e muito mais.

Mas o melhor vem agora. A coluna vai sortear 3 (três) pares de ingressos para ver o filme, se estiver em cartaz em sua cidade, claro.

Para concorrer, e-mail para lucio@uol.com.br, pedindo.

***************

RADIO BLITZ

19h57

NMEradio: Architects ("Show Me the Money", não tenho idéia de quem seja)

Mix FM: a mesma lentinha do Aerosmith que estava tocando na outra rádio pouco tempo atrás.

****************

MARATONA DE NOVA YORK - TÔ NESSA

Já ouviu falar do CMJ, uma organização norte-americana que lida com new music? É revista mensal, rádio, internet e o escambau. Pois eles têm um festival famoso, o CMJ Marathon Music, que em sua edição deste ano começa na semana que vem. São quatro dias (do dia 13 ao dia 14) e toma conta de Manhattan. O festival ocupa 50 bares e clubes de NYC para realizar incontáveis shows, filmes, palestras etc.

Pois é. Vou para lá na semana que vem.

Minha agenda está assim: no dia 13 vejo o Charlatans em um clube, saio e vou ao lendário CBGB ver o Trail of Dead mais uma vez. No dia seguinte assisto o inesquecível Ned's Atomic Dustbin, banda inglesa legal do começo dos 90, que voltou agora. Saio do clube, ando umas três quadras e chego ao Irving Plaza, para ver os... Strokes.

No dia seguinte, Starsailor e o ótimo Coldplay. No outro, Stereophonics e Turin Brakes.

A cobertura completa do CMJ você vai ler aqui. Na semana que vem, mais sobre os festivais. Na semana seguinte, os shows.

****************

UMA NOITE INDIE EM LONDRES E JARVIS COCKER (PULP), O PORCÃO

Segunda-feira é um dos dias mais bestas do mundo, é consenso. Não para mim, que jogo bola à noite. Mas enfim...

Agora, em Londres, funciona mais ou menos assim.

Uma esticada no começo da noite ao minúsculo clube Garage garantia o testemunho de dois shows bem cotados e, por isso, de ingressos esgotados.

O primeiro era o da banda texana Lift to Experience, recomendadíssima aqui há algumas semanas pelo "convidado" Luciano Vianna. É rock-gospel, entende? Uma sonzeira de matar e o vocalista/guitarrista tira o chapéu texano, e canta como se estivesse orando, olhando para os céus.

Aí começa a apresentação da cantora/guitarrista americana Cat Power, bonitaça, com o cabelo na cara, mandando todo mundo ficar quieto. Precisava de silêncio para cantar bem baixinho que mal dava para ouvir. Ela ali, guitarra minimalista propositadamente mal tocada, cantando para ninguém ouvir.

De repente pára um sujeito na minha frente e na de uma turma de brasileiros que me acompanhava. Era ninguém menos que o fabuloso Jarvis Cocker, líder do maravilhoso Pulp, que deu um pé na bunda do Michael Jackson via satélite, que eu vi um showzaço na Espanha dias antes, que vai para variar vai parar a inglaterra em outubro com o lançamento do novo disco de sua banda (chama "Pulp" o novo CD).

Pois bem. Na nossa frente, menos de um metro, Jarvis Cocker, tomando sua cervejinha, assistindo àquela João Gilberto do rock. E nós ali: loucos para perguntar que história é essa de o Pulp vir tocar no Brasil no começo do ano que vem.

Mas aí o Jarvis desencanou da Cat Power, terminou sua cerveja e largou a garrafa lá no meio da pista. Nem levou de volta ao bar, nem colocou de lado, no chão. Abaixou, deixou a garrafa ali e foi embora.

Os maus modos de Jarvis nos deixou indignados. Tanto que nem esperamos a Cat Power acabar seu show. Fomos embora...

...Para o clube "The End", onde rola às segundas a noite chamada Trash, a melhor noite de rock do mundo, deve ser.

Pista maravilhosa, gente bonita, som alto da melhor qualidade. Músicas clássicas e as mais novas tendências.

Melhor: a noite era especial. Era a festa do lançamento do álbum dos Strokes, o "Is This It", que havia chegado às lojas britânicas naquele dia.

Preciso falar quem estava no The End? A banda toda. Mais os caras do Muse. O Marilyn Manson apareceu na porta, mas viu o lugar tão lotado que desistiu. Isso dos que eu sei.

A mulherada estava em volta dos meninos americanos de uma tal forma que parecia frases desconexas nas letras do Arnaldo Antunes. Um monte.

Mas mesmo assim o Fabrizio Moretti, o brasileiro, parou para um papo. Foi a vigésima vez que ele me disse: "Man, a gente precisa ir tocar no Brasil".

E assim acabou uma segunda-feira besta em Londres...

**************************

FALANDO NISSO - STROKES PROMOÇÃO

E aí? Vai querer a cópia caseira do fenomenal álbum da banda novata nova-iorquina, que entrou direto no 2º lugar da parada mainstream britânica dos mais vendidos, superando peso pesados como New Order, Bjork, Five e outros?

Manda seu e-mail aí, para lucio@uol.com.br. É só dizer que quer e já entra para o concorrido sorteio.

E na semana que vem vou fazer a maldade-Strokes. Aguarde.

************************

LÚCIO DJ - A MISSÃO

* Depois de ver em ação o cara que toca no The End, em Londres, dá até vergonha em falar, mas vou tocar umas novidades (e as de sempre, claro) no próximo sábado, em São Paulo, no London Burning Festival, que abarrota o bar Orbital (rua Augusta) e faz a temperatura lá dentro bater os 50º, aquelas coisas. No palco, Motormama, Bebeco Garcia & Bando de Ciganos e Walverdes.

* Legal pacas, em outubro fui chamado para tocar no colossal Goiânia Noise Festival, evento de peso organizado pelos responsáveis da Monstro Discos, turma de agitadores das mais importantes do cenário nacional.

Minha função é de animador de torcida. Vou dar uma de Steve Lamacq (BBC) no Reading Festival e tocar entre os shows. O line-up até agora confirmado do GNF é o seguinte:

Lúcio Ribeiro (brincadeira); Nebula (USA, banda da gravadora Sub Pop); Textículos de Mary (PE); Video Hits (RS); Walverdes (RS); Los Gramofocas (DF); Grenade (PR); Blue Afternoon (SP); Ambervisions (SC); Fuzzfaces (SP); Violeta de Outono (SP); Astromato (SP); Ratos de Porão (SP); Wander Wildner (RS); Dead Billies (BA); Prole (SP); The Tamborines (PR), Mechanics (GO) ; MQN (GO); Violins & Old Books (GO); Hang The Superstars (GO); Resitentes (GO) .

É mole?

*******************************

COLUNA INTERNACIONAL

Olha que bacana. Que eu recebo e-mails de vários lugares do mundo, de brasileiros que moram no exterior (EUA, Japão, Austrália, Honduras, Filipinas, Canadá) não chega a ser novidade. Mas gringo mandando e-mail para cá é demais.

Um argentino (da gema) mandou e-mail em castelhano para a coluna assinada pelo Paulo Cesar Martin, a da semana passada, que tratou da diferença entre torcer aqui no Brasil e torcer no país vizinho, rival histórico.

Agora essa é de cair para trás. Recebi um e-mail nesta semana do guitarrista e vocalista Andy Falkous, da banda inglesa indie McLusky. O cara descobriu que eu citei a banda dele na Internet e mandou o seguinte e-mail engraçado:

"Hola Lucio

Queria darte las gracias por las criticas que nos has dirigido. Nos da la impresion de que nos conoce mas gente en Brasil que en UK. Nos puedes dar una direccion a la que te podamos mandar nuestras ultimas grabaciones?

Cuidate,

Andy (McLusky) via my spanish friend, josu (i only speak english, sadly)

Espero que puedas entender el espanol. No he podido traducir esto al

portugues..."

O mais legal é que não lembro de ter citado muito o McLusky por aqui. Mas de qualquer modo, estamos aí, não é mesmo.

Já troquei mais e-mails (em inglês, claro) com o Andy depois deste primeiro. Ele me disse que adoraria vir tocar no Brasil, se não tivesse que perder dinheiro para isso. Algum produtor indie se habilita?

************************

PROMOÇÃO GORILLAZ - KIT ESPETACULAR

Não é fácil. Além de o disco da banda virtual Gorillaz ser um dos melhores do ano, no sorteio desta coluna ele virá acompanhado de uma CAMISETA sensacional mais um pôster não menos.

Quer mais?

Então concorre aí. São três kits em comemoração ao lançamento no Brasil, pela EMI, do discaço de estréia da banda de hip hop, pop, eletrônico de Damon Albarn (Blur) e Dan the Automator.

Sem perguntas, sem enquetes. É só pedir no lucio@uol.com.br

***********************

UMA PESSOA AUSENTE

Então, faz tempo que eu não respondo para ninguém, o que vai contra à proposta primeira da coluna, de virar um bate-papo gigante.

Tenho motivos: um porque eu estava na correria da viagem; outro porque meu computador foi acometido de um vírus maligno. E endoidou.

Mas agora vou tentar ser mais simpát..., quer dizer, mais presente na resposta. Não para todo mundo, que não dá pelo volume das missivas. Mas vou tentando.


**********************

RESULTADO DAS PROMOÇÕES

E aí vai.


* camiseta Reading Festival

Roner Marques da Fonseca

Niterói, Rio

obs.: ele queria ter visto no Reading o Queens of the Stone Age, já que o Roner não está para brincadeiras.

Numa pincelada rápida, os shows mais desejados do Reading, votados por quem não pode comparecer ao festival, são Teenage Fanclub, Travis e Strokes.

* CD Strokes - autografado

Sandra Minobe

São Bernardo do Campo, SP

* CD exclusivo Bjork

Alessandro Weber

Curitiba, PR


********************

Esta coluna é dedicada ao Arnaldo Antunes. Ele conseguiu.

E mais ainda à velha crítica de cinema Pauline Kael, americana, que morreu nesta semana. Kael foi a mais voraz e ácida crítica que a América já teve. Tinha uma qualidade rara: dava para entender seu textos, com total despretensão de serem mais importantes que o próprio filme. Exatamente ao contrário de 90% dos textos de cinema que você lê por aí, principalmente aqui no Brasil.

Tchauzinho.

Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca