Pensata

Magaly Prado

14/06/2003

Dial FM perde 100 mil ouvintes por minuto

Semana de resultado do Ibope. Cerca de 100 mil ouvintes por minuto deixam de sintonizar as FMs. Todo o meio FM caiu. Quem me contou foi o Luiz Calmon, diretor artístico da 105 FM (terceiro no ranking geral) e da Nova Brasil FM (segunda colocada entre as adultas contemporâneas, à frente da Antena 1 e atrás da Alpha).

Motivo? A produção artística das rádios anda muito ruim. Seria fácil pensar: se a música é uma droga, não a programe. Não é o que acontece, a produção musical está triste mesmo. Mas é preciso bom senso e não embarcar na música fraca. É exatamente aí que entra o coordenador artístico para balancear o que deve constar na programação. Segundo Calmon, o público quer música de qualidade, se encheu de musiquinha baba. Uma hora dessas a mamata iria acabar mesmo. Kelly Keys da vida devem ter vida curta.

Transcontinental encostou na Band no ranking, porém todas caíram e perderam ouvintes. A Mix foi a que despencou mais, caiu 13 pontos. De 133.589 para 114.427, ou seja, de 0,90 para 0,77; em seguida foi a Band de 177.005 para 160.125, de 1,20 para 1,08; depois vem a Sucesso que de 127.959 passa para 112.871 ouvintes por minuto.

Calmon nem fala que a 105 está bem, até porque ela também perde ouvintes como as demais, poucos mais perde. "Continua na mesma. Mesmo público, mesmo trabalho e atinge as mesmas pessoas. E vem assim há mais ou menos um ano."

Na verdade, ela está mantendo um público. As demais é que estão piorando a programação.

Com o mercado fonográfico em crise, a produção musical piora. "E não adianta colocar a música para tocar em dez rádios, nas TVs, se não é artista mesmo, não vende."

A 105 toca samba de dia e rap à noite. Também toca um pouco de música internacional negra e um pouco também de MPB. O samba que ela toca é masculino, dando destaque aos que tem ideologia, como por exemplo o Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Leci Brandão... diferente da Transcontinental que toca mais os românticos, tipo Os Travessos, Vavá, Alexandre Pires, Pixote, estes que atingem mais as menininhas. Calmon relata que a 105 não toca Rouge, Sampa Crew, Kelly Key. Prefere o partido alto, o samba de raiz, não que o samba de raiz não seja romântico, é que não é baba.

O rap que toca na 105, das 18h à meia-noite, lidera no horário. Dá o dobro de audiência da segunda colocada. E não se trata de ser o momento especial do programa "Espaço Rap". "Pelo contrário, o melhor posicionamento foi logo após o lançamento do CD dos Racionais em agosto/setembro de 2002 e a rádio nem estava em terceiro lugar no ranking geral", diz Calmon provando que lançamentos discográficos interferem na audiência.

Se considerarmos somente o público formado por homens, a 105 é primeiro lugar. Ela tem 1,16 e a Transcontinental 0,93. No corte das mulheres, a Transcontinental dá um banho!

Às 20h, a 105 é a maior audiência masculina do dial. "O rap é 70% masculino", diz Calmon.

Quem quiser o ranking de audiência do FM, estou publicando na minha coluna do jornal Agora de terça-feira. Beijos sonoros!
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

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