Pensata

Magaly Prado

21/06/2003

Mais Kid Vinil, êba!

Ainda bem que existe vida inteligente no dial. Pastor recruta Kid Vinil para dar um up na mesmice que assola as FMs de rock. Pelo menos, Kid manja de rock e não precisa ficar feito papagaio cortando e colando notícias da internet como a maioria dos locutores faz. Aliás, Kid Vinil não é um mero locutor (nada contra a profissão) é um dos poucos apresentadores que fala com propriedade de rock'n'roll hoje no dial FM.

Infelizmente, o papel dos locutores nas FMs é apenas o de ler o que terceiros escrevem para eles. Muitas (muitas mesmo) vezes, demonstram que não entendem absolutamente nada quando lêem as informações chupadas dos almanaques. É uma tristeza!

O ideal é que os locutores cumpram apenas seus papéis, o de locutar e pronto. Trabalho de voz. Sem ficar falando besteirinhas, dando uma de bons, e enchendo os nossos ouvidos, não é mesmo?

Não é o caso de Kid Vinil na Brasil 2000. Por ter conteúdo, sempre acrescenta algo. E com a estréia no "Happy Hour" a partir de segunda no horário do rush (das 18h às 19h), serão privilegiados especialmente aqueles que ficam entravados no trânsito. Palmas para Pastor, que consegue ser um diretor artístico que tenta colocar algo diferente no dial, e sabe da importância de colocar gente que entende do assunto.

"Está todo mundo revendo os conceitos, por conta da crise no mercado. As rádios estão todas muito parecidas. E o ouvinte está querendo uma rádio diferente. O programa já nasceu com a cara do Kid. Pela bagagem que ele tem. Ele vai trabalhar com outros dois locutores, a Ana e o Maurício. Vitão Bonesso já traz uma música nova do Iron Maiden para a estréia, convidados vão aparecer ao vivo no estúdio, entre outras novidades", conta Juan Pastor.

Kid Vinil já vinha querendo fazer um programa assim, com música e notícias. O noticiário cultural será produzido pelo jornalismo da emissora e vai focar não só filmes, peças etc como festas também.

"Sempre que possível teremos os convidados, na quarta-feira, Nando Reis estará ao vivo", diz Kid que mantém o programa de rock alternativo "Última Hora", às terças, quartas e domingos das 23h à 0h. Outro programa imperdível na grade da estação.

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Seleção Brasileira é a outra estréia nos 107,3

O programa dedica meia hora para o rock e o pop brasileiro. Quem programa é Elisa, Andressa, Osmar e o próprio Pastor. Os locutores são os do horário: Rubinho, de manhã e Paula, à tarde. A cada edição tem um destaque que tanto pode ser uma banda que faz parte da história como Mutantes, Joelho de Porco, ou uma banda estranha, e , principalmente as bandas novas, que, ao contrário das demais emissoras, estarão tocando em horário de gente normal, ou seja, das 10h às 10h30 e das 15h às 15h30. Em geral, espaço dedicado às bandas iniciantes e desconhecidas (lê-se sem jaba, ainda) são relegadas a horários estapafúrdios, na alta madrugada ou super cedo!

É fácil dizer que ajuda a produção nacional e coloca os pobres dos músicos sem gravadora em horário sem audiência.

"Vamos colocá-los no meio de gente grande, para que todos possam ouvi-los", diz Pastor.

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PROGRAMA DA 89 DÁ VEZ AOS OUVINTES, COMO NO AM

"A Hora dos Perdidos", apresentado por Luka e Lóki, de segunda a sexta, das 16h às 17h, é o horário mais ouvido da rádio e o único em que os ouvintes pedem as músicas e conversam fiado.

"Além das ligações, uma carta é lida por dia. Eles contam histórias relacionadas às músicas", diz o coordenador artístico Ricardo Mendonça, acrescentando que "aparecem umas músicas diferentes, que normalmente não tocam na 89".

Obviamente, os ouvintes pedem música o dia todo, porém somente neste horário é que aparecem falando.

"Em geral, pedem músicas gravadas exclusivamente para a 89, como por exemplo, Toni Garrido e Charlie Brown", diz Mendonça acrescentando que é raro pedirem coisas que não tocam, como Madonna, por exemplo. Às vezes, pedem artistas que tocam, mas não estão tocando, ou vão ainda tocar, neste caso, eles adiantam e tocam. Rola também muito flashback entre os pedidos. "Sendo rock, vale tudo", diz.

Para participar, o ouvinte precisa se inscrever no site da 89 ou por telefone (11) 252-6543.

Às vezes, entra uma mãe pedindo música para o filho, ou mesmo crianças que mal sabem falar e como a ligação é ao vivo...

Foi a própria Luka (Luciana) quem escolheu o nome do programa há um ano e dois meses.

Luka sempre gostou de informações musicais e gosta do programa porque pode improvisar e complementar com notícias. "Se deixar, o ouvinte desembesta a falar. Já atendi uma mulher de 52 anos pedindo Capital Inicial, e uma criança de 8 pedindo Red Hot", conta Luka trabalhou fazendo a programação da Kiss FM, na fase áurea, em 1997, e fez também produção e programação da Eldorado, em 98. Na 89, também faz o programa "Tarja Preta" com João Gordo, aos domingos, das 21h30 às 22h30.

Lóki (Thiago), há três anos na 89, diz acreditar que a atração tem um apelo. "Todos querem mandar abraços." Lóki é também o produtor, além de locutor e ainda produz e apresenta o programa "A Vez do Brasil". Começou na 89 como estagiário, o que prova que estágio dá certo.

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Notícia da Associated Press de segunda-feira, 16 de junho de 2003, às 18h35

Emissoras iniciam transmissão digital em ondas curtas

A nova tecnologia deve eliminar os chiados e a estática, mas serão necessários meses ou anos antes que os receptores digitais tenham preço compatível ao do rádio comum.

Genebra - A BBC, A Voz da América e outras emissoras internacionais lançaram nesta segunda-feira um serviço de rádio digital em ondas curtas, prometendo qualidade de som semelhante à da FM, em vez dos sinais cheios de estática das ondas curtas tradicionais.

Deve levar de seis meses a vários anos antes que os consumidores tenham acesso a receptores digitais com preço compatível ao do rádio comum, mas o consórcio Digital Radio Mondiale escolheu o encontro global de rádios de Genebra para lançar a nova tecnologia. "O início do DRM vai mudar o curso da transmissão radiofônica para sempre", disse Peter F. Senger, presidente do consórcio.

Os primeiros sinais foram transmitidos pouco depois das 18h GMT (15h, horário de Brasília), quando Senger, que também é executivo da alemã Deutsche Welle, deu a ordem, numa cerimônia conjunta com a Conferência Mundial de Radiocomunicação. Ao menos por enquanto, as empresas manterão o sinal analógico ao lado do digital, para que rádios tradicionais continuem a pegar as transmissões.

A nova tecnologia também está sendo usada nas ondas médias, ou AM, e pode ser adaptada para ondas longas, um padrão utilizado em partes da Europa. Usando o mesmo princípio aplicado a computadores e CDs, as transmissões de rádio passam a ter forma digital. Em vez apenas uma onda portadora, que pode falhar ou sofrer interferência, o novo sistema usa mais de duzentas, todas dentro da mesma faixa de freqüência dos sinais analógicos, explicou Senger.

Assim, mesmo se parte da informação em uma das portadoras de perder, há redundância suficiente no sinal para permitir que o receptor reconstitua o sinal original. Senger disse que o novo sistema usa muito menos eletricidade que o analógico.

As primeiras transmissões serão dirigidas à Europa, Austrália, América do Norte, Nova Zelândia e Oriente Médio. O Serviço Mundial da BBC está utilizando transmissores na Grã-Bretanha e Canadá; a Voz da América transmite digitalmente em árabe para o Marrocos e A Deustche Welle transmite a partir de Portugal.

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TRIBUNA DO LEITOR-OUVINTE

DIAL DE BRASÍLIA

Prezada Magaly:

Parabéns pela coluna. Sou peruano, médico, sanitarista, moro no Brasil há 10 anos. Sempre gostei de rádio. No meu país é um meio muito difundido e extremamente criativo (por exemplo, jornalismo investigativo pela rádio eu não (ou)vi em nenhum outro lugar; pena que pelo ambiente político dos últimos anos essa atividade específica minguou). A publicidade na rádio brasileira é impressionante pela utilização dos recursos, da linguagem do meio e pelo humor.

Bem, o papo está bom mas furado, o que eu quero lhe perguntar é se você sabe de um site ou revista que tenha o dial AM / FM de Brasília. Vi uma mensagem enviada por um leitor seu, publicada no seu site em 07/07/2001, informando da audiência das rádios de por aqui mas sem o dial. Será que existe?

Muito obrigado
José Iturri

Resp.: Oi José, seria ótimo que existisse jornalismo investigativo no rádio brasileiro. O papo não é furado, não. Pergunto aqui para meus queridos leitores de Brasília se alguém tem tempo de enviar o dial, tá?


CONTRA O IBOPE

Olá Magaly. O que você acha da briga da Jovem Pan com o IBOPE? Segundo a JP, essas pesquisas são literalmente 'furadas' pois não vão a apartamentos, já que os pesquisadores tem muita dificuldade com a segurança.

Isso é mesmo verdade? Caso seja, estas pesquisas são mesmo um tiro n' água, ainda mais na cidade de SP.

Acho que já passou da hora do Brasil crescer no rádio. Falta transmissão digital, falta um programa consistente e honesto para as rádios comunitárias, falta rádio por assinatura (via satélite) e finalmente uma forma confiável de se medir a audiência...

Gostaria de saber sua opinião sobre estes assuntos.

Abraço.
Francisco Homsi
São José do Rio Preto/SP

Resp.: Oi Francisco, eu acredito no Ibope como uma das pesquisas possíveis, que pelo menos nos traz algum tipo de aferição. Se consta ou não ouvintes de apartamentos ou os dos automóveis, é outro problema. Deveria ser mais abrangente sim. Mas, toda pesquisa pega parte da população e é apenas uma amostragem. Agora o que eu sei é que existem muitos diretores de rádio que só trabalham com os números e, o mercado publicitário também escolhe onde anunciar naquelas que possuem a maior quantidade de ouvintes, é assim que funciona.

ALGUÉM SABE???

Magaly, gostaria de saber onde está o fenomenal locutor José de Ávila Barroso, dos bons tempos da Rádio Eldorado. Barroso marcou época, e sua voz era a 'assinatura' da Eldorado.

Obrigado.
Alexandre Leite Turella
Niteroi - RJ

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FREQUÊNCIAS

Cara Magaly, pela primeira vez li a sua coluna na Folha pela internet e adorei pois moro em Miami USA e quero llhe felicitar pelo enfoque no
radio, pois eu sou um apaixonado pelo radio e fui durante muitos anos Gerente em Jau SP da Radio Piratininga . Hoje na Mídia se fala muito pouco sobre o radio que passa nos bastidores deste veiculo tão importante . Gostaria de saber o que aconteceu com a Cidade FM mudou de nome ???? e também se vc poderia me enviar um email sobre as radio e freqüências de FM em São Paulo Capital . Me coloco a disposição pra qualquer informação da de Miami .

Felicidades
Lázaro Istiraneopulos

Resp.: Oi Lázaro, obrigada pelo elogio. Também acho que o rádio é bastante importante para não ter muito retorno de mídia. Eu mesma escrevo uma coluna de segunda a sexta no jornal Agora São Paulo, mas, infelizmente ela não é disponibilizada pela internet, lá, às terças-feiras (quando não entra anúncio grande) eu publico o dial das AMs e FMs da grande São Paulo, de qualquer forma, te indico entrar no blog de uns coleguinhas meus, que lá tem: o http://www.radiobase.rg3.net.

Quanto a mudança do nome Cidade FM para Sucesso FM, é um caso antigo, o nome pertence aos proprietários do Jornal do Brasil. Se você ir clicar na página que aponta minhas colunas anteriores, dá para entrar na coluna que falo sobre isso pelo título. Boa sorte!


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SOB NOVA DIREÇÃO

Oi, Magaly. A Rádio Convenção AM, Itu, está sob nova direção. Mauro Nóbrega - ex-Jovem Pan AM - assumiu a direção da emissora que precisa passar por algumas alterações para voltar ao ranking de antes. Privilegiada no dial - 670 - a Convenção foi recordista de audiência nas décadas de 60, 70 e 80, mas veio perdendo fôlego desde então. Com a morte do jornalista e radialista Horlimar Pires de Almeida, dono da emissora, em 1de maio, a situação ficou mais complicada. Mauro Nóbrega, que mora em Porto Feliz, próximo de Itu, aceitou o desafio e pretende remodelar a emissora.

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Oi Magaly , estava vagando pela web e fiquei feliz ao ver que alguém escreve sobre rádio, meio de comunicação que eu tanto gosto. Estou lendo todas as suas colunas anteriores . Pô, li a que você fala do programa do Mion ( Filé Mion de 2001 ), você falou mal dele .... pô , ele manda bem !! Você sabe porque esse programa acabou ? E você sabe também como anda a situação do Torpedo da Pan (com Huck , Fabiana e Mion ) ?? Você sabe se existe algum curso de rádio para alguém da minha idade ( 14 ) aqui no Rio de Janeiro ? Tô curtindo demais sua coluna . Fui !!!

Ronald Rios , 14 anos - Rio de Janeiro

Resp.: Oi Ronald, legal você se interessar por rádio tão cedo. Não conheço os cursos no Rio, mas colocando sua mensagem aui na coluna, certamente, meus leitores cariocas vão responder se houver. Se fosse aqui em Sampa, eu mesma (he he) dou aula de rádio na Faculdade Cásper Líbero e além das aulas normais, vou ministrar um workshop em julho aberto a qualquer pessoa.
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

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