Pensata

Magaly Prado

06/09/2003

Nova América, nova Brasil 2000 e nova Nativa

As rádios estão repensando suas programações. Que bom! Existe esperança de rádio inteligente no dial. Fico feliz, pois trabalho com isso. A América está radicalizando total para melhor, claro! Confira a partir de segunda. A Brasil 2000 já mudou esta semana. Não tão radicalmente mas de forma que deixou a rádio muuuuito gostosa de ouvir. Parece que estou na sala do Kid Vinil me deliciando com sua discoteca. Afinal, é o moço que está à frente da emissora. E ele tem gabarito de sobra para isso. Dispensa apresentações. Semana que vem, coloco nosso papo aqui. E a Nativa contratou o Marcelo Siqueira para trazê-la de volta às primeiras posições do dial. Vai ficar mais romântica. Pena que não necessariamente mais legal de ouvir. Vamos torcer!

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Estréia a nova América

A emissora muda radicalmente de estilo a partir de segunda às 4h. A América AM (1.410) arrisca sua audiência de sexto lugar no ranking geral e terceira entre as populares para apostar em uma programação de qualidade, dando ênfase à MPB ressaltando sua história e movimentos e, principalmente, sem vínculos com o jabá (propina oferecida pelas gravadoras para que se toque determinada música). A música internacional também ganha espaço.

É a intenção dos padres paulinos que cuidam da rede Paulus Sat, que mantém a rádio América entre outras, e que agora, mais do que nunca estão à frente dessa reviravolta no que diz respeito à mudança não só de programação musical, mas sobretudo na forma de comunicar, mostrar que dá para fazer rádio de forma séria e sem se prender a acordos comerciais.

E não interessa mais o velho esquema de colocar apenas pessoas com boa voz, disse o padre Manuel Quinta, o diretor geral da América. "É preciso ter cabeça também."

Para isso, contratou uma equipe de jovens na sua maioria.

"Chamamos pessoas comprometidas com uma sociedade mais justa, mais solidária, que ainda sonham com um Brasil novo, e com consciência do poder da comunicação na transformação social do país", disse o padre.

A emissora, que já foi líder de audiência, possui cobertura geográfica de mais de 77 milhões de ouvintes em todo país, através de suas afiliadas, conforme divulgado pela assessoria de imprensa.
A nova programação transmitida via satélite para 61 emissoras, vai se basear no tripé: educação, cultura e cidadania. Os programas vão abordar também informação, serviço, lazer e música.

Segundo padre Manoel Quinta, a mudança radical da emissora vai ao encontro dos ouvintes e de suas afiliadas, que estão em busca de uma programação melhor. "Nós vamos fazer uma programação de qualidade. De excelência. E aos poucos, a audiência vai perceber que uma rádio, em qualquer parte do mundo, tem a missão de informar, formar e não deformar. Essa é a proposta da rádio América".

A nova equipe dos microfones da rádio é formada pelo crítico Irineu Franco Perpétuo; os comunicadores Aloisio Milani, Alexandre Pavan, Jeferson Batista, Edilson Cazeloto, Emanuel Bomfim, Evelyn Rodrigues, e os apresentadores/repórteres Carolina Laurito, Pablo de Moraes e Sílvia Sibalde.

Destaques da nova programação diversificada e eclética

O resgate dos vários gêneros musicais brasileiros trazem desde os primeiros trovadores até os autores contemporâneos, passando pelo samba, choro, bossa- nova, movimentos (tropicalismo, bossa-nova e vanguarda paulistana), o erudito e o pop, nos programas "Acordes Clássicos", "Canto da Terra", "Influências", "Tempo de Samba e Choro" e "Trilha Brasileira".

O programa diário "Interação", às 16h30, tem como objetivo o exercício da cidadania do ouvinte, promovendo debates, apresentando propostas e propondo o engajamento da sociedade para campanhas sociais.
O "O Sertanejão", aos sábados, das 9h às 10h, traz músicas, piadas, frases de caminhão e as histórias do mundo caipira apresentadas pelo radialista José Dalóia.

"O Som do Edilson" aos sábados, das 18h às 19h, mostra a música popular de uma maneira bem-humorada, e assim, abre espaço para os clássicos do gênero brega.

"Canto da Terra", aos domingos das 11h às 12h, é um programa que resgata as cantorias e o próprio jeito do interiorano. Possui três quadros: "Picando Fumo", com interpretações de poemas caipiras dos mais antigos (da época de Cornélio Pires) até os atuais da região do médio Tietê e Alta Mogiana em São Paulo; "Tulha Velha", resgatando nos arquivos de grandes emissoras de rádio de todo o Brasil trechos de programas direcionados para a música de raiz, e "Falando da Roça" com contos e causos caipiras que falam da vida na terra, hábitos, gostos e festas.

"Tempo de Samba e Choro", aos domingos , das 15h às 16h é dedicado aos gêneros-matrizes da música popular brasileira, divulgando a obra de compositores, intérpretes e instrumentistas. Abrangente, oferece ao ouvinte todas as expressões do samba e do choro - partido alto, samba-canção, batuque de terreiro, samba de breque, choro-canção etc. O programa é informativo, mas sem ser enciclopédico.

Histórias e comentários sobre as músicas e seus autores são relatados de forma sucinta, em dropes, e sempre integrados à seleção musical.
"Antenado" com o que acontece nas ruas - bares, festas, quintais -, o programa investe na atemporalidade do samba e do choro, pretendendo acabar com o estigma de que estes são gêneros "antigos e ultrapassados".

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Nativa volta à fase que enaltecia o romantismo

"O Amor de São Paulo" slogan anterior da rádio retorna no conceito. Hoje a Nativa traz o slogan: "Tá Feliz, Tá Nativa", e o novo diretor artístico, Marcelo Siqueira pretende fazer com que a rádio figure entre as cinco primeiras quando à época em que ressaltava canções apaixonadas na programação.

Para sair do sétimo lugar que está posicionada hoje, Siqueira acredita que além do reforço de artistas românticos, de todos os estilos (pagode, sertanejo, balada etc), a rádio precisa de um conceito. E é isso que ele diz buscar. "Quero deixar a Nativa bem mais fácil para o ouvinte entender."

Siqueira acostumado com a liderança, pois vem da Band FM, na qual ficou de 99 até agora, quer fazer a Nativa uma "rádio vencedora". Foi convidado pelo dono da rádio, Neneto Camargo, que o conhece desde que ele tinha 15 anos e fazia "pedágio" na rádio Cidade (hoje Sucesso FM).

Siqueira vai ser uma espécie de superintendente artístico, pois vai pensar projetos que envolvam as três rádios do grupo: além da Nativa, a Alpha e a 89.

Serão eventos, campanhas e ações diversas de projetos que unam o artístico e o comercial. "Integração para ir atrás de trabalhos novos [e dinheiro novo também]", diz.

Ainda sobre a nova programação, Siqueira afirma que existirá uma melhora na qualidade das músicas e prioridade dos artistas que o público mais gosta. Ou seja, os preferidos vão tocar bem mais.

O que o novo diretor já avisa que vai alterar é em relação à escolha dos flash backs. "Cuidar da qualidade de determinadas músicas, as que andam tocando já estão vencidas, e não deveriam estar na programação."

Fora isso, toda a seqüência de músicas da rádio será melhorada. "A peneira mesmo é a montagem", diz referindo-se à listagem das músicas e a combinação das músicas.

Marcelo Siqueira, 35 anos, está completando este ano, 20 anos de carreira. Depois que começou na Cidade como frila e ficou por sete anos saindo de lá como coordenador de promoção, trabalhou também na Metrô, na Jovem Pan, na Cidade novamente, e Band, sempre coordenando ou a promoção ou o artístico.

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Tribuna do leitor-ouvinte

DIAL DE BH

Olá, apesar de não conhecer profundamente seu trabalho - moro em Belo Horizonte e não compro jornal com freqüência - gostaria de perguntar à Senhora onde posso obter informações sobre o dial de BH, visto que esta é a sua área. Não é uma informação muito relevante, mas, se possível, desejo ter uma resposta.

Desde já, agradeço.

Nilson Nunes Meira

Resp.: Oi Nilson, você pode obter aqui mesmo pesquisando nas colunas anteriores, pois eu já publiquei. De qualquer forma, vou pedir a algum leitor-ouvinte de BH para ajudá-lo e mandar novamente, ok?

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COMUNITÁRIAS

Primeiramente obrigado por ler a mensagem!
Magaly sou estudante do ultimo ano de jornalismo pela UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista). O assunto do meu TCC, (trabalho de conclusão de curso), falando sobre radiojornalismo comunitário. Fiz algumas pesquisas na internet, e constatei que você conhece muito sobre o assunto. Gostaria, que se possível, mandasse para mim alguns textos sobre o assunto via e-mail.
Obrigado, sem mais para o momento
Danilo Silva

Resp.: Danilo, a pessoa indicada para te ajudar é o Chico Lobo, ta? Ele lendo a coluna, vai com certeza te mandar algo.

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PESQUISA

Olá Magaly. Sou âncora do TeleJornal Toda Hora. Quero dizer que sou inventor do aparelho que mede a audiência das emissoras de rádio nos automóveis em tempo real e com a posição geográfica do ouvinte. Com o controldial* vai ser possível saber qual a rádio sintonizada e a localização do ouvinte no automóvel. Esses dados são transmitidos para o computador da rádio e todos os computadores que são associados ao sistema, como agências de publicidade e o próprio dono do
automóvel que vai ter a localização do veículo 24 horas por dia. O site é o www.controldial.com para mais informações. A patente é brasileira. Obrigado.

Resp.: Oi âncora! Que boa esta sua invenção. Faço questão de divulgar.

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CRÍTICAS À BANDEIRANTES

Alô Magali, sentimos sua falta nas férias, viu?

Você por acaso já ouviu o Jornal Gente, às 8 da manhã na Bandeirantes AM-SP? Pois é, aquilo virou uma bagunça, com todos falando (e brigando) ao mesmo tempo e muita interrupção para comerciais e boletins diversos. Tb não sei o que a Maria Lydia faz lá, pois não deixam ela falar. Lamentável!!!

Outra coisa: todos os âncoras de rádio, ao se despedirem de algum entrevistado por telefone, deveriam dar suas qualificações depois que ele desliga o telefone, pois eles, os âncoras, se despedem mais ou menos assim: "Obrigado ao Prof. Dr. Patati Patatá, chefe do Depto. X da Universidade Y, que escreveu o livro BNNNNN e que falou aqui sobre a soja transigência plantada no Rio Grande do Sul ...e blá..blá..blá....." . E o coitado do entrevistado aguardando a deixa para se despedir.........Ora, quando iniciaram a entrevista já deram todas as qualificações, pra que fazer isso de novo? Só mais uma: as transmissões esportivas (aliás, só futebol) da Bandeirantes AM-SP viraram um amontoado de besteirol, com locutores fazendo gracinhas, repórteres contando piadinhas sem graça e muitas interrupções da sonoplastia, que nada acrescentam ao relato do evento.

Desculpe me estender assim, mas isso estava entalado aqui...hehehe

Um abraço do seu leitor assíduo

J. Paschoal

São Paulo

Resp.: Oi Paschoal, deixo aqui seu desabafo e vou procurar ouvir mais a RB para constatar o que você fala, ta? Aliás, Paschoal, eu já havia incluído a mensagem abaixo para você? Confira. Se já leu, sorry (he he he)

Magaly, em resposta ao JPaschoal que informa que a emissora de Porto Alegre Radio Gaúcha, pode ser sintonizada em SP, quando eu trabalhei em rádio sabia-se que as emissoras que estão no litoral tem suas ondas secionadas em direção ao mar, para não confundir e atrapalhar o rádio dos navios, por isso a propagação das ondas para o interior do País é maior principalmente a noite quando ela "corre" sem muitos obstáculos.

Gratos

Ariovaldo Florian

ariovaldo@empreendedor.com.br

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Não deixe de conferir as novidades do TRIBUTO AO RÁDIO DO RIO DE JANEIRO:

- Nova resenha da rádio RIO DE JANEIRO AM 1400.

- Endereço do colaborador Ernesto Costa Pina, a partir de 10 de setembro de 2003: ernestocp2@ig.com.br (o endereço na Globo.com será desativado)

Se quiser enviar comentários, agradeço antecipadamente.

Até a próxima.

Atenciosamente

Marcelo Delfino- Editor

TRIBUTO AO RÁDIO DO RIO DE JANEIRO
http://www.radiorj.cjb.net
http://geocities.yahoo.com.br/radiorj2002

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Pessoal, até semana que vem! Beijos sonoros a todos!

Magaly

Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

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