Pensata

Magaly Prado

01/11/2003

Falsos comunicadores

Ando cansada de escrever sobre rádios retrógradas. Rádios que não ousam, não criam, que ficam repetindo a mesma fórmula de sempre. Umas copiando as outras. Os mesmos quadros, com os mesmos nomes, elas nem disfarçam.

Mas o que mais me deixa indignada é a apelação barata com o sentimento do ouvinte. É triste ouvir um programa, normalmente de comunicador famoso, que ganha rios de dinheiro com seus anunciantes, em geral charlatães, colocando ouvinte a choramingar no ar. Isso deveria acabar.

Rádio não é consultório terapêutico. Comunicador não é psicólogo. Não deveria dar conselhos banais a esses pobres coitados que não têm a quem apelar e ligam na rádio achando que o comunicador pode resolver seu problema. Isso deveria ser denunciado.

Quem é o comunicador para ensinar o que o ouvinte deve ou não fazer? Ele deveria ser processado pelos médicos. Não seria mais justo colocar o próprio médico para atender o ouvinte? Não, é mais difícil, é complicado, não é? A produção teria que trabalhar! É preferível colocar o infeliz ouvinte reclamando da vida e depois dar seus tapinhas nas costas falando qualquer bobagem óbvia.

E assim, o comunicador fica tranqüilamente enchendo as burras de grana e o ouvinte achando que teve um bom momento porque falou com um hipócrita! É realmente lamentável.

Esses comunicadores deveriam ser execrados pela sociedade. Deveriam ir à luta e pegar no batente mesmo. Aproveitar o veículo rádio para fazer algo pela sociedade, já que possuem tantos ouvintes.

Poderiam usufruir desse rico espaço para conscientizar, ajudar o próximo, ensiná-lo a viver dando informações oriundas de especialistas, ou de gente que estuda o assunto. Repito, comunicador não é um sabe-tudo. Deve se colocar em seu lugar e não sair proferindo inverdades.

Se você estiver lendo essa coluna, me ajude a melhorar o nível dos comunicadores do dial. Converse com os ouvintes, alerte-os da enganação que reina entre comunicadores no estilo baixaria. Conto com sua ajuda.

Hoje fico só com este desabafo. Como trabalho com o universo do rádio popular, fico cada vez mais desanimada com o que ouço, com as entrevistas que faço. A cada dia que passa, descubro como a cara-de-pau desses comunicadores falsos impera.

E os donos das emissoras, claro, só pensam em encher os bolsos!

Ainda bem que existe uma ou outra rádio que foge deste estilo vergonhoso de fazer comunicação. Palmas para elas! Viva!!!!

Beijos sonoros e até semana que vem!
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca