Pensata

Magaly Prado

01/06/2002

Mário Lago foi vilão e galã de radionovelas

Mário Lago morre, e o que poucos sabem é que o compositor-ator-radialista passou 20 anos da sua carreira no rádio. E só saiu porque foi preso, na época do golpe de 64, em um caça à bruxas que cassou vários militantes políticos do partido comunista. Mário Lago foi galã e vilão de radionovelas. Escreveu, produziu, dirigiu e atuou como ator e apresentador. Sua primeira radionovela chamava-se "Pertinho do Céu". "Mulheres em Presídio" foi irradiada por cinco anos. Tinha uma voz perfeita. Fora seu trabalho de radialista, sua incursão no rádio foi reforçada como compositor. Emplacou sucessos como "Ai Que Saudades da Amélia" , a marcha "Aurora" , a canção-fox "Nada Além", o samba "Atire a Primeira Pedra", entre muitas outras.

Começou na rádio Pan Americana, hoje Jovem Pan, quando ainda era do Oduvaldo Vianna e não da família dos Tutas. Oduvaldo entrava com a criação e seu sócio, Júlio Cosi, provavelmente com o dinheiro.

A Pan Americana na rua São Bento, de Oduvaldo, só veiculava novelas e programas musicais de auditório. Quando Oduvaldo partiu para a rádio Nacional, do Rio, levou todos os artistas das novelas.

A rádio foi comprada pelos Machados de Carvalho e virou a primeira emissora segmentada em esportes. Hoje, que eu saiba não existe nenhuma. Jorge Kajuru até tentou em Goiânia, mas não vingou. Os novos donos da Pan já tinham a rádio Record (se não me engano) e também a rádio São Paulo, que já transmitia novelas, portanto não dava para ter duas rádios competindo entre si.

E o esporte eu acho que não era a praia do Mário Lago. Na famosa rádio Nacional fazia de tudo.

Woody Allen lançava no cinema o filme "A Era do Rádio" (aquele que o menino queria o anel do "Vingador Mascarado"), e as emissoras daqui copiavam o formato do que tinham vsito no cinema em cima das rádios americanas. Chegaram as emissoras de variedades, com quiz, show etc.

Leia mais sobre Mário Lago na minha página de segunda, do jornal Agora São Paulo : http://www.uol.com.br/agora/

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A jornalista Sonia Carneiro, do JB, recebeu quinta passada, em Brasília, o Prêmio Rádio Nacional por sua atuação na mídia rádio. Sonia, 49, foi repórter da Rádio JB entre 1972 e 1992. Cobriu o processo de redemocratização do país, a campanha pelas Diretas, as eleições de 1989 e o impeachment de Collor.

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O New York Times está fazendo transmissões de rádio via web, juntamente aos famosos slideshows.

www.cyberjournalist.net

Dêem uma olhada no slide show deles! www.nytimes.com/library/world/index_JOURNAL02.html

A informação é de Rodney Brocanelli, de São Paulo.

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TRIBUNA DO LEITOR-OUVINTE

Cidade FM x Fluminense AM (Corrente da Solidariedade)

Gostaria de me solidarizar com o público-ouvinte da maioria dos municípios brasileiros, que carecem de uma programação minimamente suportável, conforme pude confirmar após dois meses de andanças recentes pelo país, mas antes gostaria de voltar à questão Cidade FM, se me permitem. Desejo reformular, em parte, minhas considerações sobre a Rádio Rock do Rio. Pelo fato da 102,9 ter uma programação predominantemente repetitiva e previsível, tornei-me resistente/intransigente, um crítico feroz, 'cego' ao que a emissora tem de positivo: basicamente, o espaço devotado ao rock - por si só um mérito louvável. Assumo: de vez em quando, de tempos em tempos, é até bom dar uma ouvidinha na Cidade, porque a seleção musical não é ruim. O problema é ouvi-la seguidamente. Rapidinho você decora a lista das 'eleitas' pelos programadores, e enjoa. Certas bandas, parece que só fizeram uma canção ao longo de toda a carreira. E as bandas novas (reconheço que a rádio tem nos apresentado alguns lançamentos bem interessantes) também, raramente escapam de um ou dois hits. Este é o ponto fraco, mas reafirmo a importância do espaço, festejo a existência da emissora. Os programas de entrevistas e os shows ao vivo também têm nos proporcionado alguns ótimos momentos. Resumindo: vida longa à 102,9! E um pedido: mais variedade e ousadia! Quanto à Fluminense, infelizmente fora do dial FM (está no 54,0 AM, com uma recepção bastante prejudicada), ela também pode ser mais ousada (até para o antigo bordão 'maldita' não soar tão saudosista e inadequado à programação), mas também não é a velharia proclamada por um leitor-ouvinte, defensor ardoroso da Cidade FM. Lamento que pouquíssima gente, inclusive no Rio de Janeiro (a emissora transmite de Niterói), possa checar o que estou afirmando. Mas é fato: desde que ressuscitou, a Fluminense já melhorou um bocado, toca coisas antigas mas está em sintonia com as novidades, sem falar que na 54,0 rolam umas esquisitices e preciosidades maravilhosas, que só tocam ali. Não é uma programação nota 10, mas se eu fosse ministro das Comunicações instituiria a Fluminense como obrigatória em todos os rincões da nação. E, depois de passar por centenas de municípios das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste nos últimos meses, afirmo que a Cidade FM também deveria ser compulsória em todos os lares do país (como opção, é claro). Porque de um modo geral a situação é desesperadora, de dar um tiro no ouvido ou nas ondas sonoras! Quase sem exceção, é musiquinha romântica de terceira, o massacre evangélico, pagode e sertanejo a dar com o pau - tortura, mêu! Aposentar o rádio é impositivo para quem busca algo mais que a mesmice medíocre imperante de Norte a Sul. Aqui na Cidade Maravilhosa mesmo (onde, além das citadas, temos outras emissoras 'temáticas' suportáveis), basta a gente se afastar um pouquinho, para o lado de Angra dos Reis ou no sentido oposto, para as bandas de Cabo Frio, e pronto: somos órfãos do silêncio... Tristeza. Mas, enfim, aproveitemos enquanto 'elas' existem. Viva, mil vivas à Cidade FM e à Fluminense AM!

Com um Abraço, Rogério Imbuzeiro.
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados

E-mail: magalyprado@uol.com.br

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