Magaly Prado
19/10/2002
Quando Miguel estreou na Globo AM dia 10 de setembro. Era o inicio de um projeto que estava começando, que era uma nova plástica da rádio, um novo conteúdo.
Michelle, gerente da Globo São Paulo:
"No dia 11, o segundo programa, oito e meia da manhã, caiu o quadro da cozinheira, da ouvinte mandando recado, ou pedindo música. Foi um programa jornalístico, pois ele estava diante da maior tragédia do mundo, os atentados ao WTC, nos EUA. O que o Miguel conseguiu fazer na Globo que era diferente da CBN era conseguir ser o jornalista Miguel Dias e o companheiro da dona de casa. Exemplos eram os quadros "Quero dançar com você" ou na hora da receita "Água na Boca" , quando ele perguntava se o bolo tinha ficado bom e pedia um pedaço. A gente comia bolo todo dia, bolo, bolinho, trazidos pelas ouvintes.
Aliás, o quadro da dança não está no roteiro que foi discutido, analisado, aprovado, foi da cabeça dele. Ele conseguiu manter a veia jornalística e ser íntimo da ouvinte dele.
Eu defendo a tese que ouvinte de rádio não é burro. Quer um programa com conteúdo e qualidade. Se você fala para a mulher, acima de 35 anos ou mais, dona de casa, precisa imaginar o que ela está fazendo as 10h da manhã? Ela já colocou o marido no trabalho e os filhos na escola. Ela vai dançar? Sim, ela está limpando a casa, com a vassoura na mão, com o aspirador e dança. Ela está pensando no que fazer no almoço, entra a receita e o Miguel brincava com ela. Quando o marido voltar, ela já tem argumento, assunto para conversar com ele e ainda com as amigas.
Sobre o projeto novo, Michelle fala: "houve a saída do Paulo Lopes [hoje na Capital], e quando o padre Marcelo [Rossi] foi para a rádio Globo, eu dizia com a diretoria: se o padre tiver 400 mil ouvintes, e se o Miguel segurar 200, já estou feliz. Já para o Miguel, eu pedia 250 mil instigando a produção para fazer coisas diferentes. Ele estava há um ano e um mês no ar e conquistou um público dele, sem dúvida alavancado no padre, ninguém discute isso, mas ele tinha seu valor por segurar esse ouvinte. E o entrosamento dele com o padre era muito legal, autêntico, não era falso. O padre passava o horário "para o meu amigo". Todos os profissionais fizeram programas em homenagem a ele e em seu horário está entrando o "Manhã da Globo", do Rio de Janeiro, como cabeça de rede.
***
Rubens, diretor geral do Sistema Globo do Rio
"A gente perde mais que um grande comunicador. Um homem honrado, ético, que teve coragem de enfrentar uma concorrência que prometeu acabar com a audiência da rádio Globo e em função da ética e dos valores, e do amor pelo rádio, o Miguel não só conseguiu vencer essa concorrência, mas como triplicar a audiência da rádio Globo."
"Eu enviei um email a todos pela manhã dizendo que estávamos perdendo uma pessoa muito importante. E que eu deixava como lembrança uma das muitas que eu tenho dele que é o email de uma ouvinte, de 19 anos, pedindo a ele que mandasse parabéns para uma colega de trabalho em nome de vários outros colegas que eram ouvintes fiéis. E terminava assim: 'Miguel, seu programa é meu'."
Nós não estamos só perdendo um comunicador, perdemos um homem rádio Globo, apaixonado pela rádio Globo, apaixonado pelo que fazia. Um homem que teve a humildade de ir para a televisão e depois chegar para nós e dizer que descobriu que sua minha verdadeira casa era o rádio." 'Quero voltar para o rádio', disse ele. E nós apostamos nisso e ele mostrou competência e esse amor pelo rádio...Todos perdemos um grande amigo, e eu, pessoalmente, perco um grande amigo que vai continuar vivo na minha mente e no meu coração...terei sempre a memória dele no coração...O Miguel foi antes da hora, na flor da idade, mas a história dele, seu sucesso e sua humildade vão ficar gravados para sempre."
***
Guerino, diretor regional do Sistema Globo de Rádio
O Miguel fez CBN de 91 a 99. Quando começamos o projeto Globo Brasil, a gente trouxe ele. E a vinda do Miguel foi conceitual. A partir do programa dele é que começamos a fazer as transformações na rádio, depois da saída do Paulo Lopes e tudo o mais. Então, ele tem um significado muito especial do ponto de vista profissional. Agora do ponto de vista pessoal, ele era um amigo da gente. Amigo mesmo de bar, de jantar, de festa, de comemoração. E ontem [quarta] fomos almoçar e ficamos conversando de tudo, da vida, de filhos, só não falamos de trabalho. E foi um papo tão legal. Tomamos várias cervejas, comemos carne, churrasco. Ele fumou, bebeu. Estava super agradável. À noite, soube da notícia ruim que ele nos deixou."
O Miguel é o amigo. Não é lugar comum, porque era mesmo. O Heródoto falava hoje que não havia uma festa em que o Miguel não estivesse enfiado. Ele era o arroz de festa...O que fica do Miguel é esse lado festeiro, esse lado irreverente, moleque para caramba. Tinha 56 anos mas era moleque mesmo, fazia travessuras, sacaneava todo mundo, brincava com todos. Falamos do Corinthians, ele adorava o time... foi um papo de altíssimo astral e conversamos umas três horas e parece que era um papo síntese, pois falamos de tudo... Hoje à noite eu pretendo tomar um porre em nome dele, em homenagem, pois era isso que ele gostava."
Ele estava no momento profissional muito bom, entrou no espírito do programa. Brigávamos muito, saíamos na porrada, no tapa, ele era muito teimoso, mas eram brigas saudáveis, para construir. Dentro da grade do programa ele foi transformando...ele criou um bordãozinho 'Alô! você está me procurando? Eu estou aqui!' ou no horário que ele perdia para o Eli, ele falava: 'Não mude de estação, por favor, não me deixe!'. Tudo isso em função do domínio que ele tinha do meio. Sem perder a veia jornalística, ele encorporou o entretenimento do rádio AM de forma brilhante!"
***
Heródoto, gerente da CBN, falou para o Ciro Bonilha, do Agora
"A principal característica do Miguel era o bom humor. Além disso, ele era uma pessoa conciliadora. Sempre cercado de muita gente. Conheci o Miguel em 1975, quando ele trabalhava na Jovem Pan e fui eu que o convidei para vir para a CBN. Durante todo esse tempo ele construiu uma carreira jornalística calcada na ética e na isenção. Miguel fará falta, principalmente porque ele tinha a cara de São Paulo."
Milton Jung, âncora da CBN, para o Ciro
"Quando ele foi para a TV Record, fui chamado para substituí-lo e abracei a idéia na hora. Mas faço meu programa, porque nunca poderia imitar o estilo do Miguel, uma pessoa que conhecia a vida cultural e a noite de São Paulo. Depois, quando ele voltou para apresentar o programa na rádio Globo, nós nos reencontramos. Ele não trouxe só audiência, mas aumentou a qualidade numa emissora mais popular. Porque, além de comunicador, era jornalista.
Kátia Tofoletto, repórter, também para o Ciro
"Lembro-me quando fazíamos juntos o CBN São Paulo. Durante a abertura do programa, ele brincava comigo: 'E aí, Kátia, será que o Corinthians vai para frente hoje'. Ele era fanático pelo time. Para o rádio, vai fazer falta por seu jeito especial de fazer jornalismo."
Alberto Pastre, supervisor de operações do sistema globo de rádio, para o Ciro
"Uma coisa que ele disse, quando voltou para a Globo desta última vez, me marcou profundamente. Perguntaram se ele ia fazer oração e mandar colocar copo d'água em cima do rádio e ele disse que não: 'Que autoridade eu tenho para benzer água? Isso é coisa de padre e não de comunicador'. Miguel queria fazer no rádio estação de serviços, de jornalismo, e não enganava ouvinte."
Paulo Rodolfo de Lima, editor de reportagem do sistema Globo de rádio, para o Ciro
"Minhas lembranças fogem do lado profissional. Penso no Miguel como um paizão, um cara sempre preocupado e disposto a ajudar. Ultimamente, quando ele estava na Globo, e eu trabalhando mais na CBN, sempre me lembrava de passar no estúdio e dar um alô para ele. Profissionalmente, ele tinha a percepção do assunto do dia e fazia a história render provocando a reação dos ouvintes."
Deu no Agora
Coração mata colunista do Agora
O jornalista e radialista Filho, 56 anos, morreu ontem à noite no Hospital das Clínicas depois de se sentir mal quando voltava de carro para sua casa em Perdizes. Segundo um amigo, na avenida Francisco Matarazzo, parou o carro e foi socorrido por um transeunte, que chamou o resgate e o jornalista foi medicado no local e levado para Hospital das Clínicas, onde morreu às 20h40.
deixou três filhas, entre 16 e 25 anos, e a mulher Laís. Atualmente o radialista comemorava o estouro de sua audiência na rádio Globo AM, com o programa "Manhã na Globo". Nos dados mais recentes do Ibope, os números apontavam 299 mil ouvintes por minuto, no horário das 10h às 11h, quando rendia o padre Marcelo nos microfones. Ele disse que estava brigando com Paulo Lopes [da Capital AM] e Paulo Barboza [da América AM] (comunicadores de emissoras populares concorrentes).
trabalhou na rádio CBN como âncora, mas se deu melhor na Globo. De estilo engraçado fingia choramingar e pedia para as ouvintes que não deixassem de ouvi-lo durante a hora final (das 12h às 13h), quando o público que o ouvia por conta da audiência do padre Marcelo, já estava distanciado. O próprio confessava que sabia que seu sucesso vinha na carona do religioso.
Seu público era essencialmente feminino e um quadro que dava bastante retorno era o da receita culinária. Filas de mulheres de meia-idade se formavam na porta dos estúdios das Palmeiras.
Antes, ele teve uma experiência rápida na TV, apresentando ao lado de Eleonora Paschoal, o matinal "Fala Brasil", na Rede Record. O jornalista chegou a apresentar na emissora também o "Cidade Alerta" (edição de sábado).
***
Eu conversei com ele há menos de uma semana. Estava feliz com sua audiência crescente. Coloquei aqui na coluna passada. Ele era engraçado e muito simpático. Eu o acompanhei principalmente nas manhãs da CBN.
A pedidos, segue o dial de São Paulo
AM
Nove de Julho - 1600
ABC - 1570
Nova Difusora - 1540
Iguatemi - 1520
Cumbica - 1500
Renovação Carismática - 1490
Boa Nova - 1450
América - 1410
Rede Boa Vontade - 1370
Tupi AM - 1330
Universo - 1300
Mulher - 1260
Atual - 1230
Cultura - 1200
News - 1150
Globo - 1100
Metropolitana Mogi - 1070
Capital - 1040
Record - 1000
São Paulo - 960
Nacional Cotia - 920
Gazeta - 870
Bandeirantes - 840
CBN - 780
Trianon - 740
Eldorado - 700
Mundial - 650
Jovem Pan 1 - 620
Paulista - 560
FM
Tropical - 107,9
Brasil 2000 - 107,3
Ômega - 106,9
Mix - 106,3
Musical - 105,7
105 FM - 105,1
Transcontinental - 104,7
Tupi - 104,1
Cultura - 103,3
Imprensa - 102,5
Kiss - 102,1
Alpha - 101,7
Jovem Pan 2 - 100,9
Transamérica - 100,1
Aleluia - 99,3
Metropolitana - 98,5
Terra - 98,1
Energia 97 - 97,7
Melodia - 97,3
Sucesso - 96,9
Band - 96,1
Mundial - 95,7
Nativa - 95,3
Antena Um - 94,7
USP - 93,7
Eldorado - 92,9
Marconi-Scalla - 92,5
Líder - 92,1
Manchete Gospel - 91,3
Bandeirantes - 90,9
CBN - 90,5
Nova Brasil - 89,7
89 - 89,1
Gazeta - 88,1
Manhãs sem as travessuras de Miguel Dias
Eu já publiquei aqui na Folha Online, e no jornal Agora sobre a morte de Miguel Dias. Coloco os textos abaixo para quem não leu. Hoje a idéia é deixar seus amigos de trabalho falar.Quando Miguel estreou na Globo AM dia 10 de setembro. Era o inicio de um projeto que estava começando, que era uma nova plástica da rádio, um novo conteúdo.
Michelle, gerente da Globo São Paulo:
"No dia 11, o segundo programa, oito e meia da manhã, caiu o quadro da cozinheira, da ouvinte mandando recado, ou pedindo música. Foi um programa jornalístico, pois ele estava diante da maior tragédia do mundo, os atentados ao WTC, nos EUA. O que o Miguel conseguiu fazer na Globo que era diferente da CBN era conseguir ser o jornalista Miguel Dias e o companheiro da dona de casa. Exemplos eram os quadros "Quero dançar com você" ou na hora da receita "Água na Boca" , quando ele perguntava se o bolo tinha ficado bom e pedia um pedaço. A gente comia bolo todo dia, bolo, bolinho, trazidos pelas ouvintes.
Aliás, o quadro da dança não está no roteiro que foi discutido, analisado, aprovado, foi da cabeça dele. Ele conseguiu manter a veia jornalística e ser íntimo da ouvinte dele.
Eu defendo a tese que ouvinte de rádio não é burro. Quer um programa com conteúdo e qualidade. Se você fala para a mulher, acima de 35 anos ou mais, dona de casa, precisa imaginar o que ela está fazendo as 10h da manhã? Ela já colocou o marido no trabalho e os filhos na escola. Ela vai dançar? Sim, ela está limpando a casa, com a vassoura na mão, com o aspirador e dança. Ela está pensando no que fazer no almoço, entra a receita e o Miguel brincava com ela. Quando o marido voltar, ela já tem argumento, assunto para conversar com ele e ainda com as amigas.
Sobre o projeto novo, Michelle fala: "houve a saída do Paulo Lopes [hoje na Capital], e quando o padre Marcelo [Rossi] foi para a rádio Globo, eu dizia com a diretoria: se o padre tiver 400 mil ouvintes, e se o Miguel segurar 200, já estou feliz. Já para o Miguel, eu pedia 250 mil instigando a produção para fazer coisas diferentes. Ele estava há um ano e um mês no ar e conquistou um público dele, sem dúvida alavancado no padre, ninguém discute isso, mas ele tinha seu valor por segurar esse ouvinte. E o entrosamento dele com o padre era muito legal, autêntico, não era falso. O padre passava o horário "para o meu amigo". Todos os profissionais fizeram programas em homenagem a ele e em seu horário está entrando o "Manhã da Globo", do Rio de Janeiro, como cabeça de rede.
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Rubens, diretor geral do Sistema Globo do Rio
"A gente perde mais que um grande comunicador. Um homem honrado, ético, que teve coragem de enfrentar uma concorrência que prometeu acabar com a audiência da rádio Globo e em função da ética e dos valores, e do amor pelo rádio, o Miguel não só conseguiu vencer essa concorrência, mas como triplicar a audiência da rádio Globo."
"Eu enviei um email a todos pela manhã dizendo que estávamos perdendo uma pessoa muito importante. E que eu deixava como lembrança uma das muitas que eu tenho dele que é o email de uma ouvinte, de 19 anos, pedindo a ele que mandasse parabéns para uma colega de trabalho em nome de vários outros colegas que eram ouvintes fiéis. E terminava assim: 'Miguel, seu programa é meu'."
Nós não estamos só perdendo um comunicador, perdemos um homem rádio Globo, apaixonado pela rádio Globo, apaixonado pelo que fazia. Um homem que teve a humildade de ir para a televisão e depois chegar para nós e dizer que descobriu que sua minha verdadeira casa era o rádio." 'Quero voltar para o rádio', disse ele. E nós apostamos nisso e ele mostrou competência e esse amor pelo rádio...Todos perdemos um grande amigo, e eu, pessoalmente, perco um grande amigo que vai continuar vivo na minha mente e no meu coração...terei sempre a memória dele no coração...O Miguel foi antes da hora, na flor da idade, mas a história dele, seu sucesso e sua humildade vão ficar gravados para sempre."
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Guerino, diretor regional do Sistema Globo de Rádio
O Miguel fez CBN de 91 a 99. Quando começamos o projeto Globo Brasil, a gente trouxe ele. E a vinda do Miguel foi conceitual. A partir do programa dele é que começamos a fazer as transformações na rádio, depois da saída do Paulo Lopes e tudo o mais. Então, ele tem um significado muito especial do ponto de vista profissional. Agora do ponto de vista pessoal, ele era um amigo da gente. Amigo mesmo de bar, de jantar, de festa, de comemoração. E ontem [quarta] fomos almoçar e ficamos conversando de tudo, da vida, de filhos, só não falamos de trabalho. E foi um papo tão legal. Tomamos várias cervejas, comemos carne, churrasco. Ele fumou, bebeu. Estava super agradável. À noite, soube da notícia ruim que ele nos deixou."
O Miguel é o amigo. Não é lugar comum, porque era mesmo. O Heródoto falava hoje que não havia uma festa em que o Miguel não estivesse enfiado. Ele era o arroz de festa...O que fica do Miguel é esse lado festeiro, esse lado irreverente, moleque para caramba. Tinha 56 anos mas era moleque mesmo, fazia travessuras, sacaneava todo mundo, brincava com todos. Falamos do Corinthians, ele adorava o time... foi um papo de altíssimo astral e conversamos umas três horas e parece que era um papo síntese, pois falamos de tudo... Hoje à noite eu pretendo tomar um porre em nome dele, em homenagem, pois era isso que ele gostava."
Ele estava no momento profissional muito bom, entrou no espírito do programa. Brigávamos muito, saíamos na porrada, no tapa, ele era muito teimoso, mas eram brigas saudáveis, para construir. Dentro da grade do programa ele foi transformando...ele criou um bordãozinho 'Alô! você está me procurando? Eu estou aqui!' ou no horário que ele perdia para o Eli, ele falava: 'Não mude de estação, por favor, não me deixe!'. Tudo isso em função do domínio que ele tinha do meio. Sem perder a veia jornalística, ele encorporou o entretenimento do rádio AM de forma brilhante!"
***
Heródoto, gerente da CBN, falou para o Ciro Bonilha, do Agora
"A principal característica do Miguel era o bom humor. Além disso, ele era uma pessoa conciliadora. Sempre cercado de muita gente. Conheci o Miguel em 1975, quando ele trabalhava na Jovem Pan e fui eu que o convidei para vir para a CBN. Durante todo esse tempo ele construiu uma carreira jornalística calcada na ética e na isenção. Miguel fará falta, principalmente porque ele tinha a cara de São Paulo."
Milton Jung, âncora da CBN, para o Ciro
"Quando ele foi para a TV Record, fui chamado para substituí-lo e abracei a idéia na hora. Mas faço meu programa, porque nunca poderia imitar o estilo do Miguel, uma pessoa que conhecia a vida cultural e a noite de São Paulo. Depois, quando ele voltou para apresentar o programa na rádio Globo, nós nos reencontramos. Ele não trouxe só audiência, mas aumentou a qualidade numa emissora mais popular. Porque, além de comunicador, era jornalista.
Kátia Tofoletto, repórter, também para o Ciro
"Lembro-me quando fazíamos juntos o CBN São Paulo. Durante a abertura do programa, ele brincava comigo: 'E aí, Kátia, será que o Corinthians vai para frente hoje'. Ele era fanático pelo time. Para o rádio, vai fazer falta por seu jeito especial de fazer jornalismo."
Alberto Pastre, supervisor de operações do sistema globo de rádio, para o Ciro
"Uma coisa que ele disse, quando voltou para a Globo desta última vez, me marcou profundamente. Perguntaram se ele ia fazer oração e mandar colocar copo d'água em cima do rádio e ele disse que não: 'Que autoridade eu tenho para benzer água? Isso é coisa de padre e não de comunicador'. Miguel queria fazer no rádio estação de serviços, de jornalismo, e não enganava ouvinte."
Paulo Rodolfo de Lima, editor de reportagem do sistema Globo de rádio, para o Ciro
"Minhas lembranças fogem do lado profissional. Penso no Miguel como um paizão, um cara sempre preocupado e disposto a ajudar. Ultimamente, quando ele estava na Globo, e eu trabalhando mais na CBN, sempre me lembrava de passar no estúdio e dar um alô para ele. Profissionalmente, ele tinha a percepção do assunto do dia e fazia a história render provocando a reação dos ouvintes."
Deu no Agora
Coração mata colunista do Agora
O jornalista e radialista Filho, 56 anos, morreu ontem à noite no Hospital das Clínicas depois de se sentir mal quando voltava de carro para sua casa em Perdizes. Segundo um amigo, na avenida Francisco Matarazzo, parou o carro e foi socorrido por um transeunte, que chamou o resgate e o jornalista foi medicado no local e levado para Hospital das Clínicas, onde morreu às 20h40.
deixou três filhas, entre 16 e 25 anos, e a mulher Laís. Atualmente o radialista comemorava o estouro de sua audiência na rádio Globo AM, com o programa "Manhã na Globo". Nos dados mais recentes do Ibope, os números apontavam 299 mil ouvintes por minuto, no horário das 10h às 11h, quando rendia o padre Marcelo nos microfones. Ele disse que estava brigando com Paulo Lopes [da Capital AM] e Paulo Barboza [da América AM] (comunicadores de emissoras populares concorrentes).
trabalhou na rádio CBN como âncora, mas se deu melhor na Globo. De estilo engraçado fingia choramingar e pedia para as ouvintes que não deixassem de ouvi-lo durante a hora final (das 12h às 13h), quando o público que o ouvia por conta da audiência do padre Marcelo, já estava distanciado. O próprio confessava que sabia que seu sucesso vinha na carona do religioso.
Seu público era essencialmente feminino e um quadro que dava bastante retorno era o da receita culinária. Filas de mulheres de meia-idade se formavam na porta dos estúdios das Palmeiras.
Antes, ele teve uma experiência rápida na TV, apresentando ao lado de Eleonora Paschoal, o matinal "Fala Brasil", na Rede Record. O jornalista chegou a apresentar na emissora também o "Cidade Alerta" (edição de sábado).
***
Eu conversei com ele há menos de uma semana. Estava feliz com sua audiência crescente. Coloquei aqui na coluna passada. Ele era engraçado e muito simpático. Eu o acompanhei principalmente nas manhãs da CBN.
A pedidos, segue o dial de São Paulo
AM
Nove de Julho - 1600
ABC - 1570
Nova Difusora - 1540
Iguatemi - 1520
Cumbica - 1500
Renovação Carismática - 1490
Boa Nova - 1450
América - 1410
Rede Boa Vontade - 1370
Tupi AM - 1330
Universo - 1300
Mulher - 1260
Atual - 1230
Cultura - 1200
News - 1150
Globo - 1100
Metropolitana Mogi - 1070
Capital - 1040
Record - 1000
São Paulo - 960
Nacional Cotia - 920
Gazeta - 870
Bandeirantes - 840
CBN - 780
Trianon - 740
Eldorado - 700
Mundial - 650
Jovem Pan 1 - 620
Paulista - 560
FM
Tropical - 107,9
Brasil 2000 - 107,3
Ômega - 106,9
Mix - 106,3
Musical - 105,7
105 FM - 105,1
Transcontinental - 104,7
Tupi - 104,1
Cultura - 103,3
Imprensa - 102,5
Kiss - 102,1
Alpha - 101,7
Jovem Pan 2 - 100,9
Transamérica - 100,1
Aleluia - 99,3
Metropolitana - 98,5
Terra - 98,1
Energia 97 - 97,7
Melodia - 97,3
Sucesso - 96,9
Band - 96,1
Mundial - 95,7
Nativa - 95,3
Antena Um - 94,7
USP - 93,7
Eldorado - 92,9
Marconi-Scalla - 92,5
Líder - 92,1
Manchete Gospel - 91,3
Bandeirantes - 90,9
CBN - 90,5
Nova Brasil - 89,7
89 - 89,1
Gazeta - 88,1
Magaly Prado é jornalista e radiomaker. Escreve para a Folha Online aos sábados E-mail: magalyprado@uol.com.br |