Pensata

Marcio Aith

04/02/2002

Washington Olivetto em Washington, DC

A descoberta de estrangeiros por trás do sequestro do publicitário Washington Olivetto traz preocupação ao governo brasileiro e chamou a atenção de alguns funcionários do governo norte-americano.

Se os chilenos detidos em São Paulo forem de alguma forma ligados às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), cai por terra o argumento do Itamaraty, manifestado à Casa Branca nos últimos três anos, de que a guerrilha colombiana não opera e nunca operou em território brasileiro.

É com esse argumento que o presidente Fernando Henrique Cardoso tem rechaçado pressão norte-americana para que o Brasil se envolva de forma mais intensa no combate ao narcotráfico.

Em 2000, os norte-americanos chegaram a sugerir que o Brasil fornecesse armas e soldados ao governo da Colômbia. O Brasil rejeitou a sugestão, respaldado por informações de seu serviço de inteligência e movido pela tradição brasileira de não interferir em assuntos de seus vizinhos.

O Brasil limitou-se a intensificar o patrulhamento de fronteiras. Desde 11 de setembro, adicionara-se um ingrediente novo (e mais grave) à divergência entre os norte-americanos e os brasileiros.

Como no caso das Farc, os EUA tem dito que grupos terroristas atuam na região da tríplice fronteira. O Brasil jura que isso é ficção, embora os governos do Paraguai e da Argentina tenham dito aos EUA que os indícios existem.

Não se sabe se os chilenos presos em São Paulo arrecadam dinheiro para as Farc ou para algum outro movimento revolucionário. O fato é que são criminosos estrangeiros e que atuaram de forma organizada dentro do território brasileiro.

Funcionários do governo norte-americano especializados em América Latina estão atentos. Querem checar se há contradição entre os fatos e o discurso brasileiro.
Marcio Aith é correspondente da Folha em Washington. Escreve para a Folha Online às segundas

E-mail: maith@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca