Pensata

Marcio Aith

08/07/2002

Você deixaria seu filho de 5 brigar com o vizinho de 17?

Vocês deixariam um vizinho marombeiro de 17 anos sair na porrada com seu filho de 5? Pois é, ninguém deixaria. No entanto, é mais ou menos esse o processo de abertura global dos setores de serviço e comércio. A lista das 500 maiores corporações do mundo divulgada pelo jornal londrino Financial Times comprova a analogia. Com ela, é fácil entender quem vai se dar mal.

Das 500 maiores corporações do mundo em valor, 48% são americanas, 30% são européias e 10% são japonesas. Não há sequer uma latino-americana ou africana na lista, e apenas três dos chamados tigres asiáticos.

Façam as contas: quase 90% das maiores corporações que dominam o planeta são do primeiro mundo. Pensando no processo de integração hemisférica (a "Alca"), coloquemos uma lente de aumento nessa lista do "FT". Segundo ela, das 25 maiores corporações do mundo, 72% são controladas por capital americano. São americanas:

. Nove das dez maiores companhias de software

. Nove das dez maiores companhias de varejo

. Cinco dos dez maiores bancos

. Seis das dez maiores companhias farmacêuticas e de biotecnologia

. Quatro das dez maiores companhias de telecomunicações

. Sete das dez maiores companhias de tecnologia da informação

. Quatro das dez maiores companhias de petróleo e gás

. Quatro das dez maiores companhias de seguro

Pois é. Parece terrorismo psicológico de filmes da "Guerra Fria", mas não há como fugir da conclusão: integração econômica pode ser o fim da cerca que separa o filho do vizinho, um marombeiro 17 anos a fim de uma briga, do seu filho de cinco anos.
Marcio Aith é correspondente da Folha em Washington. Escreve para a Folha Online às segundas

E-mail: maith@uol.com.br

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