Marcio Aith
25/11/2002
americanos a divulgar a relação de suas fontes com as
companhias sobre as quais opinam.
A proposta, que já vale para as emissoras de TV, foi entregue
à SEC (a comissão que funciona como xerife dos mercados nos
EUA) e está provocando um enorme debate na mídia.
A idéia visa impedir que operadores, posando de analistas
isentos, usem jornais e jornalistas para manipular mercados e
obter lucros.
Tal abuso foi extremamente comum durante os quase dez anos de
expansão do mercado de ações americano, quando consumidores
de notícias foram mal-informados por analistas que
contrabandeavam agendas ocultas para jornais e TVs.
Os jornais consideram a proposta da Bolsa uma interferência
indevida em sua independência editorial e dizem que seus
padrões éticos e rigor de apuração são suficientemente
rígidos.
O problema principal diz respeito a fontes ouvidas em "off".
Como seus nomes são omitidos das matérias, fica impossível,
para os leitores e fiscais da mídia, avaliar a isenção das
análises ou investigar se há uma tentativa de manipular
mercados.
A União Européia tenta há anos, sem sucesso, uma proposta um
pouco diferente. Quer obrigar jornalistas econômicos a
divulgar seus próprios investimentos (volume de ações, nome
das empresas investidas, títulos e demais ativos) aos
leitores. Nos EUA, vários jornalistas já foram demitidos por
escrever matérias e análises que influenciaram o preço de
ativos que eles próprios (ou seus parentes e amigos) detinham
previamente.
No Brasil, esse debate (ainda) não existe, apesar de vários
casos já terem surgido no passado recente. Na verdade, sempre
haverá risco ético quando interesses de mercado e jornalismo
econômico se encontram.
Ofensiva contra o jornalismo econômico
A Bolsa de Valores de Nova York quer obrigar os jornaisamericanos a divulgar a relação de suas fontes com as
companhias sobre as quais opinam.
A proposta, que já vale para as emissoras de TV, foi entregue
à SEC (a comissão que funciona como xerife dos mercados nos
EUA) e está provocando um enorme debate na mídia.
A idéia visa impedir que operadores, posando de analistas
isentos, usem jornais e jornalistas para manipular mercados e
obter lucros.
Tal abuso foi extremamente comum durante os quase dez anos de
expansão do mercado de ações americano, quando consumidores
de notícias foram mal-informados por analistas que
contrabandeavam agendas ocultas para jornais e TVs.
Os jornais consideram a proposta da Bolsa uma interferência
indevida em sua independência editorial e dizem que seus
padrões éticos e rigor de apuração são suficientemente
rígidos.
O problema principal diz respeito a fontes ouvidas em "off".
Como seus nomes são omitidos das matérias, fica impossível,
para os leitores e fiscais da mídia, avaliar a isenção das
análises ou investigar se há uma tentativa de manipular
mercados.
A União Européia tenta há anos, sem sucesso, uma proposta um
pouco diferente. Quer obrigar jornalistas econômicos a
divulgar seus próprios investimentos (volume de ações, nome
das empresas investidas, títulos e demais ativos) aos
leitores. Nos EUA, vários jornalistas já foram demitidos por
escrever matérias e análises que influenciaram o preço de
ativos que eles próprios (ou seus parentes e amigos) detinham
previamente.
No Brasil, esse debate (ainda) não existe, apesar de vários
casos já terem surgido no passado recente. Na verdade, sempre
haverá risco ético quando interesses de mercado e jornalismo
econômico se encontram.
Marcio Aith é correspondente da Folha em Washington. Escreve para a Folha Online às segundas E-mail: maith@uol.com.br |