Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

13/04/2003

Respostas dos leitores sobre a guerra - 8ª parte

Leia abaixo respostas de leitores sobre a guerra dos EUA no Iraque e sobre brasileiros e americanos. Perguntas foram formuladas na coluna da semana passada. Clique aqui para ler as perguntas originais. Ou aqui, para ler o comentários sobre as respostas.

Os textos não foram editados e representam a opinião dos leitores, não do colunista.

SAULO NASCIMENTO

1- Acredito que as pesquisas nos EUA estejam sendo manipuladas
2- A sensibilidade do povo americano é no bolso quem sabe assim eles acordem.
3- Eles ainda não sentiram um boicote de verdade, temo pelo pós-guerra onde as relações entre os países já vem se demonstrando desgastadas, acredito que vá piorar.
4- As pessoas estão sendo manipuladas.
5- Acho que cada um tem direito a criticar e responde-las, isso faz parte da democracia.
6- Não acredito, pois todo e qualquer material jornalístico e filtrado antes veiculado.
7- Procuro encontrar um meio termo.
8- Acredito que ele sequer está no Iraque, será mais um foragido.
9- Medo e Petróleo
10- Fé.


ÂNGELO C.M., GUARUJÁ (SP)

1- Um dos motivos é a imprensa: Enquanto aqui, fazem questão de demonizar os EUA, lá ela é amplamente favorável à ação militar. Mas, há também o clima de insegurança na população, temerosa por novos atentados. Eles acreditam que enfraquecendo ou acabando com os Estados financiadores do terrorismo poderão ter mais segurança interna.

2 - Primeiro que esta parcela é uma minoria( quatro vezes menor do que o número de pessoas que não vão fazer isso), e podemos enquadrá-la no grupo dos 'socialistas-comunistas' de plantão, que sempre falam mal dos EUA, qualquer que seja a situação. Agora, é uma baita hipocrisia deixar de comprar coca-cola ou ir ao McDonald°s enquanto usamos uma infinidade de produtos deles no nosso cotidiano.

3 - Eles estão sentindo algo parecido com o que sentimos quando o Canadá começou a boicotar a carne bovina nacional. Estão se sentindo humilhados e, ainda têm um motivo extra, que é a falta de gratidão dos franceses com os estadunidenses. Qualquer povo ficaria irado com um outro que começasse a tripudiar seus líderes e sua bandeira. Imaginemos nossa situação se os franceses começassem a nos avacalhar pelo fato de nosso presidente não ter sequer o 2º grau completo?


4 - O boicote com certeza é besteira. Agora, existem alguns símbolos nacionais que devem ser preservados. Por mais que se queira criticar o Bush, ele é a autoridade máxima do país e a atitude do Eddie Vedder com certeza foi errada. Não votei no Lula ( tampouco no Serra)e não gostava do FHC. Porém, jamais ficaria em público simulando agressões a quaisquer um desses, por serem a autoridade máxima de nosso país. Se os encontrasse, ficaria honrado e os cumprimentaria com o maior respeito.

5 - Ela deu a opinião dela. Ocorreram sujeiras piores na campanha.O problema é que o patrulhamento petista é o pior de todos.

6 - Em partes.

7 - Nos americanos. Os iraquianos vêm enganando a ONU desde 1991.

8 - O Bin Laden só é herói para os idiotas comunistas e os coitados dos xiitas islâmicos. Qualquer pessoa com sanidade sabe que este cara deve ser capturado e julgado por seus terríveis atos. Quanto à Saddam, covarde que é, já deve ter fugido de seu país há dias.

9 - Muitas. Para qualquer idiota, seria o interesse dos EUA em 'roubar' o petróleo. Esta é a mais comum das respostas em bares e ruas. Porém, há que se pensar que O Saddam é realmente um mal ao mundo, que embora não seja sombra do perigo militar que era há 13 anos atrás, ainda tem como financiar grupos paramilitares e terroristas ao redor do mundo. Outro fator é que, de fato, Saddam nunca respeitou as ordens da ONU e sempre tratou de enganá-la. Pesando tudo, a guerra contra Saddam é um mal necessário e única saída para eliminar o mal pela raiz.

10 - Fanatismo religioso. Não consigo entender também.

LEANDRO SILVA

1) Acredito ser o fato de não haver uma propaganda pró-guerra sobre a cabeça dos brasileiros e o fato de não ter sido um prédio brasileiro o bombardeado por dois aviões lotados de passageiros. Que Saddam estimula o terrorismo isso não é novidade, a questão é que, depois de afetados pelo terrorismo (não necessariamente causado por Saddam), o governo americano resolveu fazer algo porque o terror atingiu o próprio telhado.

2) Pessoalmente acho isso história para boi dormir, uma forma de dizer da boca para fora o descontentamento. Se a pessoa realmente boicotar produtos americanos, vai ter que andar de pés descalços (ou de chinelos havaianas). Boa parte da população trabalha em empresas americanas, como Mcdonald°s por exemplo. E os Mcdonald°s continuam lotados (sou testemunha, tento boicotar o Mc por causa do preço, não da guerra).

3) Inútil, pois só serve pra mostrar ao mundo como os americanos não respeitam a opinião divergente.

4) O importante é a liberdade para se pisar na foto de George Bush e a liberdade para sair do show por disso não gostar. Imagine uma banda iraquiana pisando numa foto de Saddam, quais seriam as consequências (morte, óbvio). Só reprovo uma atitude política em meio a um show.

5) Absolutamente repugnante. Eu era PSDB desde os meus 16 anos mas, pela primeira vez, votei no PT. Com um grande impulso dado por Regina Duarte. Agora se fosse o ACM na presidência eu até concordaria!!!

6) Não, pois os jornalistas tenderão a ficar amigos dos soldados americanos e 'enfeitar' a narrativa das conquistas americanas.

7) O regime de Saddam é conhecido por dizer a verdade por acaso??? Óbvio que não. Pode-se dizer pelo menos que os americanos são mais confiáveis, embora não inteiramente.

8) Isso é tentar adivinhar o futuro e isso não existe. Mas apostaria que ele vai, se não fugir, morrer.

9) Mudança de regime no Iraque, onde o Iraque paga a conta com o próprio petróleo e fornece uma boa base para os EUA no Oriente Médio. Na verdade, um investimento americano.

10) Fanatismo religioso ou falta de instrução, que acaba levando a um possível fanatismo religioso.

ERILSON LEITE GOMES, NATAL (RN)

1- O povo brasileiro, diferentemente da maioria do povo americano, luta por seus interesses, mas dentro de alguns limites. A grande diferença é que os americanos não dão tanta importância para os mais diversos limites, como por exemplo os limites éticos. Não importa para eles, faça-se ressalva aos que não apóiam a guerra, que estejam morrendo crianças, velhos, famílias inteiras de iraquianos, importa, tão-somente, a defesa dos interesses econômicos, a garantia de que continuarão sendo a grande potência militar. Ninguém pode ter o descaramento de afirmar que estão fazendo o melhor para o povo iraquiano, mas isso tem sido veiculado em vários meios de comunicação dentro do Ocidente, numa clara evidência de que a democracia americana não é tão aperfeiçoada quanto parece.

RENATO SABO

1- Os Eua sempre se autoproclamam o país da liberdade. Liberdade de agir, de expressar sua opinião, de votar,
enfim. O que se vê é que, se no passado esta liberdade existiu, no presente ela parece absolutamente
inexistente. A começar por uma eleição presidencial suspeita, os EUA tem deixado de lado conceitos
básicos de sua própria noção de liberdade, tal como a permissão de a polícia deter pessoas 'suspeitas' de
terrorismo sem autorização judicial e a noção de independência dos jornalistas, que cada vez mais escrevem
de acordo com o pentágono para não perderem seus empregos. Os EUA, atras das virtudes que sempre
defenderam, acabaram se corrompendo e tornando-se um monstro ultrapassado em termos sociais.
Ao contrário, o Brasil tem se mostrado competente para tratar de questões sociais, e a eleição de Lula,
ao lado do episódio da Regina Duarte, demonstra o crescimento do processo democrático e social do país.

2- Quanto ao boicote de produtos americanos, não acredito que isso vá causar problemas financeiros às
empresas, porém a imagem dos EUA é que, cada vez mais se mancha. As pessoas eventualmente percebem
que existem alternativas, e junto com a atual e crescente insatisfação aos EUA, em um futuro onde o mundo
repudia os EUA, poderá ocorrer também a substituição das marcas americanas por produtos locais.
Já a mudança de nome de 'batatas francesas' para 'batatas da liberdade', apenas reforça a idéia americana
de autocentrismo, onde negam qualquer oposição, mesmo que em termos de idéias, de sua hegemonia.
É como tornar-se prepotente de ter os valores que até hoje defendeu, uma grande piada.


6- Não é o número de jornalistas cobrindo a guerra que irá primar pela imparcialidade, porque a cobertura
da guerra tornou-se um espetáculo, onde o melhor jornalista é aquele que trás o melhor 'ângulo' dessa
carnificina. Também não é a transmissão das redes árabes que irá trazer imparcialidade, mas ao menos,
mostrará a parte que os americanos não querem mostrar: o da morte.


9- Essa guerra teve por finalidade, além de satisfazer as companhias de óleo e armas que elegeram bush,
controlar o petróleo, para a superpotência americana que o consome vorazmente, mas além trazer segurança
para as operações americanas e israelenses na região, alem de consolidar o poder hegemônico.
As conseqüências, não serão como previstas, mas o que acontecerá, esperamos que não seja algo pior.

10- Quanto aos suicidas, digamos que para alguém fazer isso, deve estar convicto de dar cabo a sua vida
por algo muito importante. E para alguém que vive, sobre a pressão e o desespero, sem qualquer esperança,
como são os palestinos, o suicídio heróico pode ser uma forma de alguma realização em uma sociedade
despedaçada. A guerra não vai fazer de Saddam um Bin Laden, mas como o presidente Mubarak do Egito,
essa guerra vai criar '100 bin ladens'.



ALEXANDRE CARLOS AGUIAR

1 Essa diferença é perfeitamente compreensível dadas aos interesses das duas nações. Os EUA, por tradição, sentem-se na obrigação de interferir nos "quintais" alheios, até por que, se não o fizerem, perdem o controle de sua própria economia. O povo americano, dócil por excelência, convenientemente acompanha as determinações de seus governantes, com rara exceções. O que não ocorre no Brasil.

2 A questão a discutir é não se é correto, mas se isso será eficaz. Evidentemente, os produtos ditos americanos estão profundamente difundidos na economia mundial, sendo incorporados até na cultura dos diversos países. Vale como protesto, mas os resultados não serão sentidos na economia americana como um todo. Para um resultado mais eficaz, seria preciso que os governos, ai sim, aplicassem uma lei para que os produtos industrializados vindos dos EUA fossem sobretaxados e as barreiras alfandegárias bloqueassem suas entradas.

3 O mesmo raciocínio pode ser usado. Especificamente, no caso desses produtos, há um outro erro: as ditas batatas são culturalmente de origem belga e não francesas. O boicote aplicado tem mais um conteúdo provocativo do que economicamente válido.

4 Mostra que a propaganda da guerra está sendo eficaz. Como já mencionei, o povo americano é extremamente dócil e sua indignação não tem caráter político. Os valores discutidos naquela sociedade são outros.

5 Como cidadã ela tem todo o direito de emitir opinião. Como pessoa pública ela deve medir as palavras que emite. Seria o mesmo que uma pessoa de grande carisma nacional, como Mario Lago, por exemplo, reconhecidamente um ateu, se vivo, passasse a opinar a respeito dos valores da religião, ou incitasse as pessoas a não freqüentarem igrejas devido ao passado sangrento da Igreja Católica. A fala de Regina Duarte, como artista, naquele episódio teve essa intenção.

6 De forma alguma. A propaganda da guerra, tanto americana quanto iraquiana, está sendo muito bem orquestrada. Não há como confiar nos relatos, mesmo que os jornalistas envolvidos sejam sérios.

7 Dá para acreditar nas imagens, embora elas também possam ser manipuladas. O curioso é que, em alguns imagens de bombardeios nas cidades, percebemos que os as luzes das ruas ficam constantemente acessas, enquanto que um prédio ao lado dos postes está caindo sob efeito das bombas. No Brasil, basta qualquer ventinho para a iluminação pública sofrer black out.

8 Para começar, tanto Saddam quanto Bin Laden não serão jamais heróis, tanto aqui como em suas terras. E isso não é nenhum etnocentrismo. Não podemos defender aqueles que estimulam genocídios. Isto também vale para o general George "Custer" Bush. O que se pode discutir é se há realmente interesse em encontrar esses sujeitos.

9 Expansionismo econômico. É ingenuidade pensar que os americanos e seus comparsas estão atrás do terrorismo. Não se faz guerra para acabar com terrorista. Qualquer soldado sabe disso. Essa foi a idéia difundida pela propaganda do ocidente e foi "comprada" por muita gente boa. A história do 11 de setembro foi um pretexto muito bem elaborado e embutiu na cabeça das pessoas que vale tudo para acabar com os assassinos que estão escondidos. Nenhum terrorista foi morto até agora, seja no Afeganistão, seja no Iraque. Mataram-se soldados, civis, alguns supostos "colegas" do Bin Laden foram presos. No entanto, o terrorismo continua.

10 A defesa de seus valores. Sejam políticos ou religiosos. O Japão teve seus kamicazes na 2ª. Guerra, só para dar um exemplo. Isso não é ataque terrorista. É preciso dividir bem as coisas. Isso é algo sujo e sórdido. Covarde até. Mas é preciso entender bem por que esses ataques são feitos para poder evitá-los e não ser surpreendidos.



ROBERTO RENARD

2) McDonalds, Coca-Cola e outras - são produtos americanos? Ao que eu saiba, são produzidos no Brasil, por brasileiros empregados por estas empresas. Boicote a elas só trás desemprego aqui no Brasil, não nos EUA.

3) Eles deviam também rasgar a Declaração da Independência, pois sem a ajuda dos franceses eles provavelmente ainda seriam colônia.

6) Houve alguma guerra na História em que houvesse relatos confiáveis? Guerras são lutadas e vencidas em vária frentes, nenhum dos lados diz a "verdade" e sim aquilo que possa ser uma vantagem na guerra. Se não fizessem isto, seriam incompetentes para vencer uma guerra.

7) Apesar da cobertura parcial, a mídia ocidental. Do lado iraquiano só se vê um porta voz, contra um fundo neutro, que pode ter sido gravada em qualquer local.

9) s EUA resolveram fazer valer o fato de serem a única superpotência atual. Tinham o poder antes, mas tinham pudores em usá-lo. Depois do 11/09/2001, perderam, justificadamente estes pudores. Dizem o que o motivo é o petróleo, mas multiplique as reservas iraquianas pelo preço atual do petróleo e compare com prejuízo total do ataque de 11/09. O saldo do ataque é muito maior (direto, indireto, efeitos econômicos em todas as indústrias).

Americanos são "all about business" e ter um prospecto de ataques com tal impacto negativo é muito ruim para os negócios.

DAIRSON ALACHEV, JUNDIAÍ (SP)

1- Os americanos já foram ' brainwashed' pela mídia a serviço da Casa Branca a respeito da ' ameaça' que o Iraque representa. O trauma de 11/9 e a crença messiânica da população no papel da América como agente determinante do fluxo da História também influenciam no pensamento popular de lá. Por aqui, o que os brasileiros (que apesar de consumirem avidamente Hollywood se afirmam anti-americanos) vêem é uma nação miserável como a nossa sendo arrasada, e até pouco tempo atrás os especialistas apontavam para pioras a economia nacional como efeito da guerra. Acho que isso ajuda o brasileiro a ser contra o conflito.

2 - É uma manifestação legítima de desagrado, mas sem nenhuma consequência prática, e que daqui a algum tempo vai ser abandonada.

3- Infantilidade e antropocentrismo.

4 - Penso que é um ato de incoerência, pois, enquanto, a título de 'liberdade de expressão' os americanos toleram a existência de organizações como a ku klux klan e a NAMBLA (organização de pedófilos que prega o 'sexo consensual' entre homens adultos e meninos), os artistas anti-guerra são censurados. Sair do show do Pearl Jam se vc não gostou é totalmente coerente. Já o boicote da mídia é condenável porque fere a 'liberdade', que é , teoricamente, aquilo que os americanos foram levar ao Iraque.


5 - Novamente, ela tinha o direito de se expressar, e não pode ser criticada por tê-lo feito. Pode-se concordar ou discordar do que ela disse, mas não cercear-lhe o direito de se manifestar. Penso que pessoas autênticas têm dificuldades em ser aceitas na nossa sociedade, porque estamos vivendo uma era de conformismo e homogeneização do pensamento que é sem precedentes. Somos livres para dizer qualquer coisa...desde digamos aquilo que a maioria concorde.O teólogo Ricardo Gondim chama isso de 'tolerância dos intolerantes'

6 - Poderia ser algo bom em termos de isenção de informação, mas duvido que esse bom potencial se realize em função do controle exercido pelo Pentágono, do qual órgãos de imprensa do mundo inteiro tem se queixado

7 - Em ninguém. Ambos os lados estão fazendo propaganda e logo suas versões devem ser analisadas criticamente. Prefiro buscar fontes alternativas como as análises do site www.iraqwar.ru, mantido por jornalistas e estrategistas russos.

8 - Pessoalmente, creio que ele morrerá enterrado em algum bunker. Não escapará, mas não será capturado com vida.

9 - Qualquer uma, menos libertar o povo iraquiano de Hussein.

10 - Principalmente fanatismo, mas não dá para saber direito. Me Imagino como um pai que perdeu amigos, parentes, esposa e filhos em algum ataque de bombas ' inteligentes' dos EUA. Sem família, sem amigos, vendo meu país ser esmagado e conquistado por um estrangeiro, não sei se, no meio desta desgraça toda, gostaria de continuar a viver...

ALBERTO DE PAULA SILVA, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)

1. Creio que eles concordam mais porque é o país deles que está envolvido e eles têm uma cultura de guerra, que nós não temos. Além de que os brasileiros têm uma visão mais ampla do mundo comparando-se à visão egocêntrica dos EUA.

2. Acho correto boicotar os produtos importados, mas não é conveniente boicotar os que são produzidos no Brasil sob marcas estrangeiras. Mas, o que vem de fora, lixo.

3. Os americanos podem fazer o que quiserem, mas não podem reclamar se os outros também boicotarem seus produtos e sua cultura. Se eles querem se livrar do relacionamento com a França, deveriam explodir a Estátua da Liberdade, já que ela não representa muita coisa mesmo pelo que se tem visto ultimamente.

4. Esta é só mais uma demonstração de que a democracia, a liberdade e todos os valores 'bom-caráter' da cultura e ideologia americanas são jogo de cena. Na verdade a sociedade é muito reacionária. O Eddie Verder estava em seu direito de manifestar seu posicionamento e o público tb em abandonar o show. Agora, é muito estranho alguém que curta Pearl Jam apoiar uma guerra tão estúpida como esta.

5. Particularmente, nunca gostei das atuações de Regina Duarte, exceção feita à Viúva Porcina, e não a considerava uma atriz tão boa quanto se canta em verso e prosa por aí. Discordei da opinião dela sobre Lula, mas é um direto que lhe cabia. Só achei inoportuna a forma como foi apresentada no programa do Serra. Mas, opinião é opinião, fazer o quê? Liberdade de expressão.

6. Confiar em relatos de guerra é, no mínimo, um grande risco. Hitler já manipulava informações na Segunda Guerra e isso até rendeu bons frutos ao Reich. Não confio nem em relatos de economia, quanto menos de guerra.

7. A única coisa em que acredito nesta guerra é que muita gente vai morrer, principalmente quem não tem nada a ver com a história. Os dois lados mentem, os dois lados têm suas razões, e guerra é guerra, seja atirando, seja falando. Mas acho que o pior é inventar motivos para se atacar outro país.

8. Capturado ou não, virará herói para grande parte dos árabes. Não haverá paz no Iraque após a guerra justamente por isso.

9. Razões econômicas. Os EUA não vão bem e precisam fortalecer o dólar, já que o Euro está preocupando. Dinheiro, só dinheiro. A desculpa de instaurar uma democracia no Iraque é tão verdadeira quanto uma nota de R$34,00. Há tantos regimes horríveis pelo mundo, por quê escolher o Iraque?

10. A crença numa recompensa pós-morte e/ou a fidelidade a uma ideologia, além da falta de recursos de ataque.

MARCIA M MAIA (SP)

1 - 73% dos norte-americanos apoiam a guerra de seu país contra o Iraque, segundo pesquisa encomendada pelo jornal 'Washington Post' e pela rede de TV ABC. 90% dos brasileiros são contra, segundo pesquisa feita pelo Datafolha e publicada pela Folha de S.Paulo neste domingo. Qual a razão para números tão diferentes?
As razoes são estruturalmente culturais e conjunturalmente econômicas. Na questão cultural, a nação norte-americana foi forjada segundo padrões bem distintos daqueles que moldaram a nação brasileira. Temos raízes diferentes, historia diferente, enfim, a essência das nações brasileira e norte-americana é muito diferente. Some-se a isso a hegemonia econômica dos norte-americanos. Resultado: um povo muitíssimo patriota, paternalista, orgulhoso de seu poderio econômico e de sua influencia cultural mundo afora, que acha que faz tudo melhor do que os outros.

2 - 20% dos entrevistados pelo Datafolha disseram que deixariam de comprar produtos originados de países envolvidos nessa guerra, principalmente americanos. Você acha isso correto? Sim, apesar de não crer que esse boicote, pelo menos nos níveis em que se encontra atualmente, diminua o poderio econômico das multi norte-americanas

3 - E qual sua opinião sobre a reação dos americanos, que passaram a boicotar produtos franceses e mudaram o nome da batata frita de 'french fries' para 'freedom fries'? Repito a resposta da 1a. pergunta: eles se acham os mais inteligentes, os mais capazes, os mais ricos (isso eles até são) e como pode alguém discordar deles? O nome freedom fries chega a soar ridículo. Mas, afinal, eles também se acham os mais democráticos do universo.

4 - Ainda nos EUA, rádios boicotam grupos que fazem manifestações contra George W. Bush e o envolvimento americano na guerra. Na última semana, muitos fãs deixaram o show da banda Pearl Jam porque o vocalista pisou numa imagem de Bush. O que você acha disso? Acho errado pisar a imagem de Bush. Nos, que somos contra a guerra, não podemos nos igualar aos belicistas e ter atitudes agressivas. É um contra senso protestar contra a guerra usando violência ou atitudes violentas.

5 - E o que você achou das inúmeras críticas a Regina Duarte, durante a campanha presidencial, porque ela disse que temia o Lula? Ela tem o direito de dizer o que pensa e ela expressou o sentimento de outras tantas pessoas. Mas, junto com o direito de ela dizer o que pensa, vem a contrapartida do direito alheio de também opinar sobre a opinião dela. Ela fez muito bem em se expressar de forma sincera. Isso faz bem pra democracia e pra alma! Cabe a cada um de nos respeitar sua opinião.

6 - Esta é a guerra com maior cobertura de mídia. Só com as tropas anglo-americanas há mais de 500 'embutidos' (jornalistas que acompanham os soldados o tempo todo). Isso faz com que você tenha mais confiança nos relatos de guerra? Não. É sabido que há certa censura às coberturas. A cobertura massiva da guerra acirra o instinto sado-masoquista inerente ao bicho homem. Por outro lado, é importante ter noticias do front. Ou seja, é uma faca de dois gumes: a gente quer saber, tem esse direito, mas não acredita no que é dito. Tem momentos em que parece que estou diante de uma tela de vídeo game. Sei que é real, mas parece surreal.

7 - Como todas as outras, essa também é uma guerra cheia de versões. Na maioria dos dias, o que dizem as tropas americanas é exatamente o oposto do que afirmam os iraquianos. Em quem você tende a acreditar mais? Acredito totalmente no que o Davila contava no seu Diário de Bagdá. Acredito no que o Uchoa fala a partir do Kuwait e acredito mais ou menos (!) nos americanos. Não da pra acreditar em nada que os iraquianos dizem ou mostram.

8 - A derrubada do governo de Saddam Hussein parece próxima. Você acha que ele será capturado ou se tornará mais um Bin Laden, um foragido que virará herói? Torço para que seja capturado. Mas acho que não vai ser.

9 - Qual a razão desta guerra? imperialismo, sede de poder econômico, vaidade, falta de respeito entre os homens, que querem se impor uns aos outros, com suas crenças, valores e modo de vida.

10 - O que motiva alguém a cometer um ataque suicida? Convicção de qualquer tipo (politica, religiosa).

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Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br

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