Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

13/04/2003

Respostas dos leitores sobre a guerra - 9ª parte

Leia abaixo respostas de leitores sobre a guerra dos EUA no Iraque e sobre brasileiros e americanos. Perguntas foram formuladas na coluna da semana passada. Clique aqui para ler as perguntas originais. Ou aqui, para ler o comentários sobre as respostas.

Os textos não foram editados e representam a opinião dos leitores, não do colunista.

MARIA JOSÉ HÖTZEL, FLORIANÓPOLIS (SC)

2 - 20% dos entrevistados pelo Datafolha disseram que deixariam de comprar produtos originados de países envolvidos nessa guerra, principalmente americanos. Você acha isso correto?
Não é questão de correto ou incorreto. O problema é que o alvo errado estará sendo atingido, ou seja, milhares de pessoas que trabalham na fabricação e comercialização desses produtos, possivelmente muitos brasileiros. E pior, como a maioria das pessoas é pouco informada, é capaz de deixar de tomar coca-cola, e passar a tomar a guaraná da mesma fábrica, sem saber.

3 - E qual sua opinião sobre a reação dos americanos, que passaram a boicotar produtos franceses e mudaram o nome da batata frita de 'french fries' para 'freedom fries'?
É uma atitude extremamente infantil. Mostra a capacidade de lavagem cerebral que o povo americano possui.
Atitudes como essa contribuem para o mundo passar a ver o cidadão americano como parte atuante desta atitude do seu governo.

5 - E o que você achou das inúmeras críticas a Regina Duarte, durante a campanha presidencial, porque ela disse que temia o Lula?
Nada contra a opinião dela. Se ela tivesse declarado isso numa entrevista, seria a opinião da Regina Duarte. Mas foi filmado em estúdio, veiculado em todos os canais, em horário gratuito. Foi propaganda, não foi opinião pessoal dela.


MATHIAS SIMÕES PIRES DE ALMEIDA

1- Esta guerra parece saciar nos americanos a necessidade de um revanche aos
atentados sofridos em 11 de setembro. Mesmo que pareça ilógico para o mundo
todo (incluindo aí os nossos pacíficos 90% brasileiros), a luta americana é
contra o 'mal', seja lá ele qual for. É o 'mal' que atacou os EUA. A opinião
pública americana parece ter a mesma lógica dos seus filmes: heróis, bandidos
e nada mais. Uma visão maniqueísta e despreparada, mas extremamente
satisfatória para um governo que tem interesses em se manter no poder e
também colher os frutos financeiros de uma vitória.

2 - 20% dos entrevistados pelo Datafolha disseram que deixariam de comprar
produtos originados de países envolvidos nessa guerra, principalmente
americanos. Você acha isso correto?
Acho. É uma forma pacífica e inteligente de se mostrar opinão contrária a
esta guerra. E ser escutado, já que a queda nas vendas parece infelizmente
ter mais valor do que os protestos ao redor do mundo.

3 - E qual sua opinião sobre a reação dos americanos, que passaram a
boicotar produtos franceses e mudaram o nome da batata frita de 'french
fries' para 'freedom fries'?
Os americanos se vêem numa guerra patriótica, onde tudo é justificado pela
nobreza de seus atos. O fato da França se opor a esta guerra parece ser
vista como uma traição aos objetivos norte-americanos. Os americanos sabem o
poder do boicote. Ou pelo menos, do que representa este ato.

4 - Ainda nos EUA, rádios boicotam grupos que fazem manifestações contra
George W. Bush e o envolvimento americano na guerra. Na última semana,
muitos fãs deixaram o show da banda Pearl Jam porque o vocalista pisou numa
imagem de Bush. O que você acha disso?
É uma das maiores provas de que os norte-americanos preferem se limitar a
uma visão superficial dos fatos a uma investigação mais profunda. Uma pena,
já que Pearl Jam é uma banda muito boa. :-)

5 - E o que você achou das inúmeras críticas a Regina Duarte, durante a
campanha presidencial, porque ela disse que temia o Lula?
Talvez uma evolução do povo brasileiro em relação à propaganda eleitoral, ao
poder da televisão. Com certeza é um passo muito grande para a maturidade de
nossa população. Prova que não somos mais tão inocentes e apenas imagens não
bastam.

6 - Esta é a guerra com maior cobertura de mídia. Só com as tropas
anglo-americanas há mais de 500 'embutidos' (jornalistas que acompanham os
soldados o tempo todo). Isso faz com que você tenha mais confiança nos
relatos de guerra?
Não. A verdade morreu nesta guerra. Simplesmente todas as informações são
questionáveis. A única coisa inquestionável são as imagens de crianças
mortas ou feridas.

7 - Como todas as outras, essa também é uma guerra cheia de versões. Na
maioria dos dias, o que dizem as tropas americanas é exatamente o oposto do
que afirmam os iraquianos. Em quem você tende a acreditar mais?
Por incrível que parece, tendo a acreditar mais na versão norte-americana.
Provavelmente, por ser ocidental e ter uma maior afinidade cultural. Mas sei
que as informações são completamente manipuladas.

8 - A derrubada do governo de Saddam Hussein parece próxima. Você acha que
ele será capturado ou se tornará mais um Bin Laden, um foragido que virará
herói?
Acho que não. As torturas, a repressão, o regime ditatorial de Saddam é
conhecido pelo mundo todo. Os iraquianos parecem não gostar de Saddam com a
mesma força que não gostam de Bush. Mas entre o primeiro e o segundo, ainda
preferem quem lê o Corão (ou Alcorão, como se preferir).

9 - Qual a razão desta guerra?
Financeira, política, cultural. Cultural: o povo norte-americano é um povo
militarizado, mais agressivo, expansionista. Financeira pelos interesses
óbvios no petróleo. Política, porque entrar em uma guerra e vencer faz muito
para um presidente nas próximas eleições.

10 - O que motiva alguém a cometer um ataque suicida?
A certeza total de que se está fazendo a coisa certa.


RENATO CÉSAR VIEIRA

1) Os americanos querem perpetuar um poder que é econômico e militar,
fazendo da guerra o instrumento próprio para tal. Somos contra por não
termos ambições hegemônicas.
2) Acho. É uma forma de dizer que somos contra e que pode dar certo.
3) Esta briga é briga de peixe grande.
4) Os EUA não é um País democrático?. Então deixa o cara pisar na foto de
quem quiser.
5) Pobre coitada da Regina Duarte. Ela perdeu uma grand eoportunidade pra
ficar calada.
6) Quanto mais cenas da guerra vejo mais cetifico-me de que a mídia tá
tirando proveito da morte alheia.
7) Em nenhum dos dois.
8) O que vai resolver a derrubada de Saddam?. Será que os conflitos
seculares irão ter solução?
9) Petróleo. A próxima guerra será por água.
10) Uma idéia que a nossa mente ainda não está preparada para ler e
entender.

BRUNO

1- 1 -> Os americanos em sua maioria estão sendo posto numa mídia pro guerra , já os brasileiros numa media totalmente ante esta guerra , fazendo ate a burrice de ironizar o nome de Saddam como herói da imperialismo americano , eles (americanos ) sofrerão um ataque terrível que foi o de 11 de setembro que matou milhares de pessoas isto motiva todos eles a apoiar o governo na destruição de qualquer regime terrorista ou que possa ameaçar a paz na aquele pais

2 -> O Brasil anda bem quando EUA então bem , se economia lá quebra aqui quebra muito mais ,eu não concordo com tudo nesta guerra , sou ate a favor dela , mais se eu evitar de comprar um produto norte americano ( a maioria dos produto do EUA são gerados em países asiático como malásia , china , Taiwan ) entoa sei que vou prejudicar ao meu pais e a outras pessoas de outros países que já estão pagando caro por esta guerra como nos brasileiros

3 -> Tolice sem comentários não é uma batata frita que vai mudar relação franco-americana , precisa de bilhões e bilhões de dólares !!

4 -> Como disse o EUA sofreu com o terrorismo , Bush que é um péssimo líder ganhou aliados de diversas frentes , esta guerra mostra como EUA esta unido para acabar com todo perigo em potencial ao seu pais e que estiver contra esta fora , e quanto mais unido estiver o pais mias fácil vai ser fazer as atitudes anti terrorista como esta guerra , o apoio norte americano ao regime do paquistão é um preço a pagar pela paz que eles pensam que vão conquistar com esta guerra anti terrorismo

5 -> Regina Duarte defendeu bandido defende vários ponto negativos na sociedade vive entro brasil , lula causa medo em varias pessoa da sociedade pelo seus discurso utópicos de 2001 para traz e que de repente muda idéia e começar a fazer proposta reais e possíveis alguma estranhas outras enganosas , isto deixa qualquer um abalado principalmente quando metade da reforma que o PT tem que fazer são de origem da era FHC que ele e seu partido hipocritamente barrou todas elas , como diz o velho ditado - Aqui se faz aqui se paga !

6 -> Não , este reportes fazem parte do nova era das guerra , guerra inteligente ver erros , ponto de ataques , filma militantes que possa num futuro próximo ser terrorista seria como uma biblioteca em fita de vídeo sobre uma guerra extremamente inteligente .

7 -> A confiança na mídia norte americana e voltada para os norte americanos não para o mundo como a mídia iraquiana e voltada para os iraquianos e para parte do mundo que e contra esta guerra , mais e só ver que os iraquiano falam muito mais mentir e fala mais que a boca , veja em menor de 1 mês de guerra eles já estão na capital do seu pais !

8 -> Isto tudo dependera da mídia como vocês reportes verão isto , se você acharem que ele vira herói ele será herói e vice versa , neste mundo globalizado pensar virou se um dificuldade tremenda espero que você sejam coesos não suas opiniões

9 -> Olha razão desta guerra tem varias origem , mais a principal e controle do petróleo , derrubada de governo ditatorial , e controle de uma das regiões do planeta mais atrasada , onde se parou no tempo pela religião , dizem que os americanos gostam de controlar as mentes das pessoas entoa eles tem que aprender muito com Osama Bin Laden , os fudamentalista pois qualquer pessoa que já teve contato com o mundo árabe sabe que razão de viver ,de criar e consumir que impulsiona o crescimento de região e de usa cultura nesse [países esta pausa pela religião controlada a punho de ferro por pouco , é simples o poder vai para um governo diplomático que visa lucro em que todos tem que ser consumidores e o antigo e que todos tem que ser escravo deles e de seu governo por entendeu de Ala , caso você duvide , olhe como era o Egito hoje e veja como era antes da revolução islâmica !!

10- Um fator só , a frustração de poder fazer mais nada por uma causa que eu seu consciente e certa .


ANTÕNIO EDUARDO LEÃO ALMEIDA

1- Primeiramente, porque o povo brasileiro é anti-beligerante por natureza. Segundo, porque o brasileiro, de maneira geral, tem consciência que a guerra pode prejudicar a economia brasileira, já bastante combalida. Por último, a visão, não apenas do brasileiro, mas de todo o mundo, de que essa guerra é extremamente injusta. Quanto ao apoio dos norte-americanos, eu acho que 73% tem muito de manipulação e propaganda dos republicanos.

2 - Corretíssimo. Aliás o bolso sempre foi o ponto mais sensível dos norte-americanos.

3 - Reforça a correção daqueles que boicotam os produtos americanos.

4 - Isso mostra que os EUA não são tão democráticos assim.

5 - Eu acho que todo mundo deve poder falar o que bem entender. Mesmo que seja uma baboseira daquela.

6 - Não.

7 - É difícil acreditar em qualquer uma das versões. Mas pelo que parece, as
tropas anglo-americanas estão conseguindo dominar o Iraque.

8 - Eu acho que ele vai se suicidar e virar um mártir.

9 - Não há razão para as guerras. Há, na realidade, interesses.

10- O desespero.

ANA VILELA

1- Os números diferem pois os motivos para a guerra são diferentes para brasileiros e americanos.

2 - Se os produtos fossem comprados diretamente dos Estados Unidos e o tal boicote promovesse o desemprego naquele país, acharia correto. Mas boicotar produtos de empresas americanas ou inglesas que têm como empregados trabalhadores brasileiros, acho burrice.


3 - Reação nacionalista, como a dos israelenses e dos alemães nazistas.

4 - Disso o quê?? Das rádios, acho que vão na contra-mão do que chamam de liberdade e democracia. Além da demagogia inerente aos americanos. Do Pearl Jam e do grupo que deixou o show, acho que estão exercendo liberdade e democracia.

5 - Liberdade e democracia. O direito que a atriz tem de dizer o que pensa é o mesmo direito que têm outros brasileiros.

6 - Não. O que me dá confiança é saber quem está dizendo o quê, e então tirar minhas conclusões.

7 - Os dois lados têm motivos crescentes para mentir. Não acredito em nenhum deles

8 - Saddam Hussein ficará foragido. Não sei se como herói. O povo vai se sentir mais livre sem a sombra do ditador. Em contrapartida, essa liberdade não é garantia para os iraquianos se tornarem receptivos aos americanos. É possível que mesmo usufruindo da "liberdade" imposta pelos americanos, a população iraquiana torça para um contra ataque Hussein-Bin Laden. E se algo do tamanho da destruição das torres gêmeas acontecer, aí sim, ele virará um herói.

9 - Movimentar a economia americana, com a indústria bélica e reconstrução do Iraque por empresas americanas, e diminuir o recalque causado pelo ataque terrorista ao Pentágono.

10 - Impotência para mudar uma condição humilhante, onde o juiz é também o promotor.


JOSÉ GASPAR F. MONTEIRO, CURITIBA (PR)

1-Primeiro, por que o ataque é bom para a população americana, e não é bom para o Brasil.

Segundo, por que os americanos sentiram na pele os ataques de 11/09, e portanto estão muito mais sensíveis ao terrorismo. Apoiam portanto qualquer medida que eles encarem como parte da 'guerra contra o terrorismo' (e Bush conseguiu vender a eles a idéia de que a guerra no Iraque tem esse principal objetivo).

Terceiro: cultura. Os americanos tendem a ser mais religiosos, e portanto mais maniqueístas: eles se enxergam como 'o bem', e enxergam Saddam como parte do mal. São um povo historicamente mais guerreiro. O Brasil tem uma cultura mais cordial, de apaziguamento... ele evita embates diretos. Prova disso é a última do senador Suplicy, que chegou ao cúmulo de sugerir à embaixadora americana que Bush e Saddam se reunissem em Bagdá, 'para conversar', sob mediação do papa. (fonte: FSP, 'Painel') O brasileiro (em geral) pensa que tudo se resolve 'no papo'. Americano acha que tem um momento pro papo, e outro momento para a ação de fato.

2 - Não. O boicote só seria uma boa medida, se pudesse influenciar na política americana. O governo americano não dá a mínima, se brasileiros pararem de comprar no McDonalds. Pouca gente aqui sabe disso, mas os EUA são maiores do que o McDonalds. De qualquer modo, o custo da guerra é infinitamente maior do que qualquer boicote que um país periférico como o Brasil poderia fazer. E mesmo assim, eles estão dispostos a pagar esse preço.

3 - Essa história de 'freedom fries' é mais anedótica do que real. Mas a pergunta é enviesada. Seria muito mais relevante perguntar 'o que você acha do congresso americano ter aprovado resolução que proíbe que empresas francesas usem o dinheiro americano aprovado para o esforço de reconstrução do Iraque'

4 - Acho bom. Mostra o senso crítico do povo americano, que coloca os valores 'de pátria' (conforme eles acreditam) acima do valor que eles dão a artistas. Bem diferente de um país acrítico como o Brasil, onde artistas tem relações notoriamente promíscuas e corruptas com o poder público (por exemplo, a relação entre os blocos de carnaval baianos e ACM), e mesmo assim, ninguém faz nada (além de mexer o traseiro pra lá e pra cá).

5 - A Regina Duarte tem o direito de se manifestar sobre o Lula, e o povo tem o direito de se manifestar sobre a Regina Duarte.

6 - Não dá pra saber. Por um lado, dá à imprensa acesso direto às batalhas. Por outro, envolve os correspondentes pessoalmente na cobertura, enviesando a imparcialidade dos mesmos. De qualquer modo, essa medida é benéfica: acredito que ela evite que se cometam atrocidades injustificadas contra civis, no campo de batalha (ou na posterior ocupação).

7 - De um modo geral, os relatórios americanos devem estar mais próximos da realidade... ainda que eles estejam longe de estar 100% corretos.

8 - Acho que ele será morto, antes de ser capturado. Se virar foragido, em pouco tempo pegam ele. Saddam está mais pra Milosevic do que pra Bin Laden.

9 - São muitas: a principal é política. Tanto na política interna quanto na externa, a guerra é muito boa para o governo americano. Internamente, ajuda a melhorar a popularidade do presidente Bush, especialmente em um momento de crise econômica. Externamente, mostra ao mundo que os EUA não se submetem a ninguém. Eles querem mostrar ao mundo que são maiores que a ONU. Também serve para inspirar medo em ditaduras abertamente hostis aos EUA. Mas também há razões econômicas, embora estas não sejam primordiais (dizer que a guerra é pelo petróleo seria ridículo... se fosse assim, por que não invadiram o Iraque antes? Outra: seria bem mais fácil (e barato) forçar o Iraque a entregar seu petróleo a preços mais baixos, do que invadi-lo. Saddam Hussein certamente aceitaria o acordo, desde que fosse deixado no poder.

10 - Lavagem cerebral, feita cuidadosamente por líderes políticos e religiosos.

OSVALDO BARBOSA DE OLIVEIRA, SALVADOR (BA)

1) Hoje assistimos a um enorme esforço da mídia americana no sentido de dar sustentação ao governo Bush. O volume do apoio da população (73%) se deve a excelente estratégia aplicada para apresentar uma atitude injustificável, como séria e necessária. Devemos lembrar que os EUA são a terra da propaganda onde fatos são 'modelados' para mostrar, por vezes, o oposto do que representam. Business is Business !

2) Não creio que o boicote às marcas americanas ( Coca-Cola, Pepsi, Mc Donald°s, etc...) sirva para algo. As empresas que repassam Royalties pelas marcas empregam brasileiros, recolhem tributos em nosso país, ajudando a economia. Entretanto, turismo em terras americanas, nem pensar ... Acredito que Paris ainda é mais bonita que NY...

3) Essa xenofobia americana tenta criar um clima de conflito para aumentar o apoio popular ao conflito. Para tentar desqualificar a oposição a guerra, tentam criar um sentimento de represália punitiva, onde quem não está a favor, está contra os EUA, não merecendo contar com o convívio do povo americano, nem ao menos nos cardápios.

4) Patrulhamento de opinião organizado como peça de marketing, buscando mostrar apenas o que interessa. Quem poderia esquecer as malfadadas palavras de Rubens Ricúpero naquelas inconfidências ao vivo : 'O que interessa a gente mostra...'

5) O comentário feito no item 3 pode ser aplicado quase sem retoque ao patrulhamento que sofreu Regina Duarte. 'A esperança venceu o medo' foi um frase cunhada, com o mesmo, espírito das ' Freedom Fries', desqualificar a oposição aos planos estabelecidos pela ambição do poder. Marketing.

6) Vivemos o inicio de uma nova era do jornalismo. Espero que a credibilidade da imprensa americana possa um dia ser redimida, quem assiste, ou melhor, quem tem assistido aos boletins das redes Americanas ( Fox,CNN,etc...) observa uma clara tendenciosidade na linha editorial das notícias. Os jornalistas 'embutidos' nas forças invasoras são claramente censurados, servindo como legitimadores das versões oficiais. Do lado árabe, Tanto a Al Jazeera, quanto a TV de Abu Dhabi, pintam o conflito em cores fortes, que também estão carregadas de tendenciosidade, mostrando entretanto, um pouco mais da realidade da guerra.

7) A maior vítima do conflito é a verdade. Todos mentem. É a guerra da informação que busca arregimentar corações e mentes para seu argumentos.

8) Gostaria que Saddam Hussein ficasse como mais um 'fantasma' na história dos EUA. Sua captura e respectivo envio a uma corte americana para julgamento (julgamento ?) seria a vitória dos falcões, um símbolo da vitória, a cabeça fincada na ponta da lança que glorifica o exército invasor. Não que eu creia que o regime de Saddam não deva ser substituído, ele é sim um regime cruel, entretanto, a miséria e a desgraça atual do povo iraquiano, se deve ao bloqueio imposto pelos EUA, com suas áreas de exclusão e a proibição de comércio exterior que tem durado já 11 anos.

9) O bloqueio internacional arrasou a economia iraquiana, agora, trocar o regime de Saddam pela expropriação da liberdade de autoregulamentação do povo Iraquiano também não é correto, é roubo. A pergunta incendiária é : Quem é o próximo ?

10) Creio que o desespero do massacre de seus valores, a defesa de suas convicções religiosas e da integridade de suas fronteiras são motivos razoáveis. O sacrifício pessoal, seja por causas corretas, fanatismo ou protesto, ( lembra dos monges budistas que se incendiavam no Vietnã?) é lastimável. Entretanto pode ser a única forma de luta possível diante da absoluta assimetria de forças no conflito.

GIULIO SANMARTINI, ITÁLIA

1- Ninguém, ao não sentir-se agredido pode ser favorável à guerra. Os estadunidenses sentiram-se agredidos no 11 de setembro e não tem dúvidas da ligação de Saddan Hussein com o terrorismo internacional. Creio ser esse o motivo da disparidade dos números.


2 - Cada um tem o direito de protestar pacificamente como bem entender, mesmo que o protesto tenha quase nenhum resultado prático. Aqui em minha pequena cidade, incrustada nos Alpes Dolomíticos, um amigo disse que em protesto contra os ingleses passaria a tomar whisky irlandês. Fiz-lhe ver o whisky que sempre tomamos era escocês e que se ele quisesse protestar contra o Reino Unido também não poderia tomar o atual, pois era fabricado na Irlanda do Norte. Respondeu-me que eu tinha razão, mas que não ia parar de tomar o tal whisky.

Portanto essas formas de protesto são muita fumaça e pouco assado.



3 - A mesma opinião da pergunta anterior

4 - O direito que o vocalista da banda Pearl Jam tem de pisar numa imagem é a mesma dos fãs que discordarem deixarem o show. O boicote das rádios é um patrulhamento inaceitável.



5 - Regina Duarte tem o direito de dizer o que ela pensa, as críticas que recebeu por esse motivo tinham todas um cheiro de patrulhamento. Aliás, coisa muito comum no Brasil.



6 - Tenho acompanhado as noticias da guerra pelas tvs. Italianas e pela CNN. Até agora sabe-se muito pouco de real, as notícias são conflitantes e todas estão no futuro do pretérito (poderia, teria, etc.) O espectador no final das contas, se fizer um balanço percebera que não se sabe nada.

7 - Pela "liberdade" que existe no Iraque, tendo a acreditar mais nas informações anglo-americanas

8 - É uma resposta muito difícil. Para uma grande parte da população iraquiana Saddan Hussein é um herói, assim como ainda o é para muitos Stalin e o foram Hitler, Mussolini, Pol Pot. Não tenho a mínima idéia do que poderá ser feito com Hussein.

9 - Como todas desde o aparecimento do "Homo Sapiens" é de razão econômica. Dizer que é somente o petróleo e uma explicação muito simplista. Os envolvimentos geopolíticos são enormes.

10 - É um fanatismo totalmente incompatível com a cultura ocidental. Há alguns meses li no jornal "la Repubblica" a entrevista de uma mãe palestina, que perdera o filho num ataque suicida e estava preparando o mais novo para seguir os mesmos passos do irmão.

PERICLES SOUZA

1 - ...Qual a razão para números tão diferentes? A Opinião Pública dos EUA é facilmente direcionada, visto que as instituições governamentais são 'respeitáveis' e sempre colocam a 'necessidade' humanas em tudo que faz. O discurso ' por Deus', pela 'liberdade e democracia' entre outros chavões usados nos discursos (tanto pelo presidente, quanto pela comunicação social no fim de cada transmissão na guerra - God Saves America') Enquanto no Brasil as opiniões refletem a educação 'do espelho ' que o brasileiros tem - sempre torcemos pelo mais fraco, pelo injustiçado, temos o sentimento de 'dar o troco' nos que dominam. O brasileiro é muito emotivo para guerras, brigas e disputas, ele tende sempre a 'ver' a opinião da tv, enquanto o norte-americano é racional e 'absorve' o que vê na tv. São dois mundos diferentes de cultura e educação. O americano, em sua maioria) só vê o que se passa em suas TVs (em língua inglesa), enquanto, o brasileiro 'assiste a tudo' com o coração - seja em inglês ou português. E temos uma menor taxa de censura quanto o isso.

2 - Uma nova consciência, por assim dizer, esta nascendo nos brasileiros - talvez se a imprensa noticiasse as atitudes das empresas norte-americanas sobre a escravidão das crianças de alguns países na Ásia, África e America Latina no trabalho como mão de obra barata - coisa que é noticiada sem o menor pudor na Europa que criou um sentimento de Anti-americanismo consciente - vindo pela guerra, ou simplesmente na onda do 'oba oba' este boicote resulta se for levado ao ponto de debater e conscientizar o 'porque'. Acho correto visto que se fortalecermos as industrias regionais e nacionais, podemos exigir do empresariado uma melhor qualidade, e se exigirmos qualidade logo passamos a pesquisa, se passarmos a pesquisa chegamos ao investimento na educação e com educação o Brasil vai crescer ...e não precisa dizer mais nada.

3 - Isso mostra mais uma vez que os americanos 'acham' que suas ações de bondade beneficiam o mundo inteiro. São 'deuses' que não conhecem a realidade dos outros povos e crêem que todos deveriam ter um país como o deles, e esquecessem que não colaboram para que isso aconteça. Falam que se não tivessem interferido com a 2 Grande Guerra, os franceses falariam alemão - mas só entraram na guerra depois da Europa arrasada economicamente. Isso é agir segundo as oportunidades em detrimento do fracasso do outro, isso é bem Americano.

4 -De um lado está o respeito ao ' homem forte do país', do outro a liberdade de expressar o seu descontentamento com este. Dois pesos e duas medidas para um 'estado democrático', pisar na foto de Bush não adianta nada tem de dar respostas nas próximas eleições, isto se sobrar um país para se fazer eleições. Fala-se da guerra, mas ninguém fala do 6% dos desempregados nos EUA, das filas de distribuição de alimento em Massachusets, Ohio. Os EUA estão em crise, mas só a guerra interessa - berrar contra (ou como) um grupo de rock é mais fácil do que se tomar uma posição.

5 - Talvez por saber que o Lula não tinha um plano de governo, talvez por saber que havia 10 milhões mal contabilizados, talvez por saber que para se governar o Brasil tem de fazer acordo com todos - e só quem sabe fazer acordos é 'da direita', talvez por saber que se o PT chegasse ao governo muita coisa podre iria ser descoberta ( Aviões comprados sem concorrência), talvez por saber que o PT não tem tradição de governo bons. Seria muitos 'talvez', mas quem sabe se o Brasil não precisava de se dar esta chance - dizem alguns que são 100 dias e não se viu nada, e outros são 100 dias e não deu tempo para nada. Uma certeza fico, tirei uma cópia do programa que estava na internet e até agora nada.

6 - Com toda a certeza...Não. Os EUA aprenderam bem a lição depois de vir a tona várias denúncias e reportagem veiculadas na internet (uma mídia de vários lados), hoje alguns sabem ou pelo menos duvidam da veracidade do ataque dos iraquianos sobre os curdos, conhecem por alto, o números de mortos na guerras que o EUA proporcionou ou esteve envolvido. os EUA sabem que há um quarto poder; a mídia, e antes que outros cubram ou criem em cima da Guerra, melhor fazer com que o povo 'aceite' a verdade veiculada pelos Mídia dos EUA

7 - Creio que um meio termo seria mais sensato, os EUA falam de uma guerra limpa, os iraquianos mostram ataques a civis. O Iraque diz que está vencendo a guerra, os EUA mostram os tanques dos iraquianos. Os EUA falam que estão em Bagdá, os repórteres que estão em Bagdá não tem noticias de americanos. Resumindo, não há e nem nunca houve imparcialidade dos medias, nem lá e nem aqui.

8 - Foragido sim, um herói ?! depende de quem o vê. Se Saddam fugir, coisa que acho fácil, vão dizer que ele está morto; se estiver morto, vão dizer que ele fugiu para o Irã ou qualquer país para poder invadir e dizer que vão pegar o 'ditador'. E assim vamos vivendo em um mundo hipócrita. OBS. Não sei porque não consigo acreditar na imparcialidade da imprensa

9 - Em uma palavra, petróleo. Razões para isso não faltam, divulgadas na internet por todo o lado, com estudos e analises de historiadores, economistas, professores e outros. Entretanto ainda tem gente que acredita nos motivos nobres para a Guerra.
Também é 'razão' da guerra; orgulho ferido da família bush, vergonha pelo caso bin Laden, economia instável nos EUA, Teste de novas armas, indústria bélica que perdeu investimentos nos últimos anos, troca por conta do iraque do dólar pelo Euro, o fortalecimento do Euro frente ao dólar, iniciativa de mudança da moeda corrente para o Euro na negociação do petróleo, invadir um país derrotado - após 12 anos de embargo não tem nem comida para a tropa que dirá armas químicas, interesse em desmontar a liderança do Iraque no Oriente Médio, fortalecer suas posições no Oriente Médio para ajudar a Israel a 'matar' o desejo dos palestinos, ameaçar os outros países do Oriente Médio - eles tem mar e estão bem no centro para fazer uma guerra, crescimento das empresas Bush ...se fosse enumerar as 'razões' para a guerra iria ficar dias por aqui.

10 - A mesma que motiva alguém a matar alguém. Algum soldado americano conhece um iraquiano, ou as crianças iraquianas, porque mata-las então? Vemos as atitudes do outro povo como se fosse a nossa, entretanto eles sabem ver o que fazemos respeitando a nossa cultura. O que é mais louco se matar em nome de sua liberdade (ou a tentativa dela, ou por um deus) ou matar o próximo para impor a liberdade (ou em nome de um outro deus)? Razões para se fazer existe muitas, mas o verdadeiros motivos estão dentro de cada um.

EDUARDO MAESTRO

2- Eu acho correto boicotar produtos de países envolvidos na guerra, pois é a única coisa que podemos fazer para protestar contra essa barbárie.
Eu mesmo sou um colaborador quanto a isso.
Já mandei diversos e-mails incentivando o boicote aqui no RS.

GILDEMARKS COSTA

9- A meu ver, esta guerra (invasão) do Iraque pelos Estados Unidos e todos os fenômenos/atitudes relacionados a ela apenas visualizam, na sua forma mais grosseira, aquilo que autores como Heidegger, Ellul, Marcuse, entre outros, denominam de sociedade tecnológica. Ou seja, um modelo de sociedade em que a indústria, a técnica e a ciência se unem para colonizar o pulsar de nossa vida cotidiana. Vou abordar apenas a sua primeira questão para ilustrar a minha posição, embora penso que esta mesma lógica se aplica na resposta a todos os seus questionamentos. Ora, qual o motivo que leva 70% dos americanos, muitos dos quais se prejudicarão (psicologicamente, economicamente etc.) com a guerra, a fornecerem apoio ao Presidente Bush? Para responder isto, podemos pensar em Marcuse (1998): 'Os homens, seguindo sua própria razão, seguem aqueles que fazem uso lucrativo da razão'. Não há dúvida de que alguns poucos americanos lucrarão e muito com esta guerra, porém a grande maioria dos americanos sairá prejudicada, e muito, em diferentes formas. No entanto, a sociedade tecnológica criou formas sutis de fazer com que as pessoas comuns assumam como seus interesses de elites econômicas. Daí o apoio dos 70% dos americanos a guerra. No caso brasileiro, o fenômeno de apoio ou não a guerra se explica pela mesma lógica. Qualquer analista que estude, por exemplo, a cobertura da guerra pelos modernos meios de comunicação no Brasil verá que existe uma campanha contrária a ela. Vamos dar dois exemplos grosseiros: A Folha de São Paulo, principal jornal brasileiro, tem no seu SITE - há dias - a inscrição 'ATAQUE DO IMPÉRIO', e, nesta mesma direção, O Jornal Nacional da Rede Globo, principal jornal da TV brasileira, aborda a atitude dos Estados Unidos como de desrespeito a ONU.Estes são enfoques negativos e contrários a guerra. Mas, caberia perguntar: e se os modernos meios de comunicação do Brasil apoiassem - como nos Estados Unidos - a guerra, qual seria o resultado da pesquisa que
a Folha realizou? Tenho fortes suspeitas se seriam 90% do povo brasileiro contrários a guerra. Enfim, a discussão teria que ser mais ampliada e expressa em nível mais profundo e consistente de argumentação, mas não tenho dúvidas que esta guerra e as atitudes relacionadas a ela colocam no centro da discussão o fenômeno da sociedade tecnológica ou, numa linguagem mais grosseira, sociedade de massa. E penso, por isto mesmo, que esta guerra 'revitaliza' autores como Heidegger, Ellul, Marcuse, entre outros, que tão bem discutiram tal sociedade. Por fim, não é demais relembrar Marcuse (1998): 'O sistema de vida criado pela indústria moderna é da mais alta eficácia, conveniência e eficiência. A razão, uma vez definida nestes termos, torna-se equivalente a uma atividade que perpetua este mundo. O comportamento racional se torna idêntico à factualidade que prega submissão razoável e assim garante um convívio pacífico com a ordem dominante.'

RICARDO PAOLETTI (EUA)

1- Parece que os americanos assistem à cobertura da guerra como nós acompanhamos a Copa do Mundo! O ufanismo patriótico encobre o sentimento de drama da guerra -- e a televisão mostra muito pouco sangue. As fotos publicadas pela Folha (muitas vindas pela France Presse) são muito diferentes das publicadas na imprensa daqui. Além disso, pelo que ouço através da família e amigos, a a imagem dos EUA agora se parecem com a dos anos 60 durante as campanhas de 'O Petróleo é Nosso'. Aqui, as tropas americanas são vistas como salvadoras do mundo.

2 - Acho engraçado. Mas os próprios americanos já entraram nesse boicote, faz tempo: a maioria dos produtos manufaturados que compramos aqui são fabricados na China... Mas, em casa, paramos de tomar Coca-Cola.
3 - Não pegou. Pedi Freedom Fries num McDonald's aqui perto, o garoto no balcão não sabia o que era.

4 - Informação incorreta. Semana passada, no site do canal E!, houve uma clarificação: os fãs que saíram do show o fizeram quando o conjunto cantava o bis, fato normal em shows grandes quando o pessoal quer sair do estacionamento antes do congestionamento. Já as rádios tentam aproveitar a maré patriótica para melhorar o ibope. Toca-se o Hino Nacional americano toda hora nas estações mais sensacionalistas.
5 - Parece que ela não assustou muita gente.
6 - Não. O relato dos embutidos é unilateral e muito limitado. Eles claramente evitam mostrar cenas de sangue e não podem dizer exatamente onde estão localizados. Mas estão ajudando a explodir a audiência da FOX (que passa imagens dos embutidos sem parar, como num filme de aventura) e prejudicando a da CNN (que preferiu uma cobertura com um pingo mais de profundidade, com mais analistas que cenas militares). Mas os embutidos estão ajudando a montar uma imagem de guerra limpa e gloriosa -- quase não se vê destruição e não há nada mostrando a guerra pelo ponto de vista do adversário. De vez em quando entra uma coisinha da Al-Jazeera, mas em conta-gotas.
7 - Como todas as outras, essa também é uma guerra cheia de versões. Na maioria dos dias, o que dizem as tropas americanas é exatamente o oposto do que afirmam os iraquianos. Em quem você tende a acreditar mais? Os iraquianos perderam a guerra de informação.

8- Será que ele ainda está vivo? Eu achava que sim até ver as imagens de um Saddam passeando pelas ruas da Bagdá cercada neste fim de semana... será que o 'verdadeiro' Saddam iria querer se expor desta maneira?
9 - Geopolítica, óleo. A guerra já estava planejada pelos conservadores antes mesmo da vitória do Bush. O terrorismo e as armas de destruição em massa foram uma desculpa oportuna, apenas.

10 - Paixão.


LUIZ GUILHERME FERREIRA DE CASTRO, BRASÍLIA (DF)

9- Trata-se da briga do Sujo (Bush) contra o Mal Lavado (Saddam). A diferença, em detrimento do Sujo, é que ele invadiu a casa do Mal Lavado. Assegura que quer libertar o povo oprimido. O que o Sujo quer, certamente, é controlar o 'óleo comprimido' que se encontra em abundância no subsolo do país dominado pelo Mal Lavado. Se seu interesse fosse libertar os povos oprimidos, o Sujo não permitiria que a Rússia invadisse a Tchetchênia e que a China invadisse o Tibet, para ficar apenas nesses dois exemplos. É preciso saber se realmente o Sujo é forte e capaz de enfrentar quaisquer um que se meta na sua frente. Portanto, que tal começar com o país do Mal Lavado? Amanhã pode ser um outro mais poderoso e daí, é preciso saber até que ponto se tem um belo potencial de destruição. Outro ponto interessante é que a força de coalização é formada pela América do Norte (colonizado) e a Grã Bretanha (colonizador). Juntou a fome com a vontade de comer. Quem não conhece a fúria dos piratas ingleses? Invadiam e tomavam os navios de outras bandeiras. Tripudiavam seus inimigos e, ainda, sob a bênção da rainha (God save the Queen), dividiam com a cora inglesa o produto do saque. Já o outro lado devastou áreas imensas. Massacraram os peles vermelhas e humilharam suas mulheres com atitudes vis, quiçá matando-as posteriormente. Hoje, vejam, posam de paladinos da justiça. Você acredita nisso? Será que eles pensam que são formados só por super-heróis? Que não morrem? Que não vão levar infelicidade e luto para várias famílias? Aliás, prestem atenção nas baixas de soldados americanos dessa invasão. Boa parte tem sobrenome de origem latina. O que lhe sugere isso? Que os cucarachas é que encaram a 'barra mais pesada que tiveram' (plagiando a Legião Urbana), a linha de frente. Por que o Sujo não manda o Super-Homem, Homem Aranha, Mulher Maravilha, Flash Gordon, Homem de Ferro e, mais atualmente, o Bradock, Rambo e o Exterminador do Futuro? Porque são fictícios. Só existem no pensamento vaidoso de um poder que pensa que venceu a II Guerra sozinho. Deus me perdoe, mas se tiver que tomar partido por um ou outro, diria que sou Saddam desde criancinha.

JORGE SIMMER

1- São os EE.UU que estão em guerra e não o Brasil. Se nós tivéssemos aderido à guerra de Bush o percentual de brasileiros eventualmente a favor da guerra seriam maiores. Não se pode esquecer que o Brasil tem forte tradição diplomática de resolver os conflitos preferencialmente por meios pacíficos, de tal sorte que o art. 4º, incisos III, IV, VI e VII, da CRFB/88 estabelecem que as relações internacionais são regidas pelos princípios da autodeterminação dos povos: não intervenção; defesa da paz; e solução pacífica dos conflitos, dentre outros. Ademais, a ausência de uma motivação consistente e defensável para a invasão anglosaxônica, a posição firme do papa João Paulo II e as manifestações mundiais convergiram para uma posição anti-belicista dos brasileiros.
A meu juízo, foram justamente os motivos econômicos do conflito, principalmente as fabulosas reservas de petróleo do Iraque e a substituição das transações na OPEP para a moeda européia que levaram os europeus e outros povos a aderirem ao boicote aos produtos norte-americanos que, evidentemente, não terá qualquer influência sobre o desfecho do conflito.
Entendo que os ianques desta vez ficaram decepcionados com os alemães e franceses pois esperavam que eles apenas aderissem acriticamente a guerra do maniqueísta George Bush que, devido às suas posições unilaterais, acabou por levar para a oposição todos aqueles que faziam alguma restrição ou eram visceralmente contrários à guerra. Anti-belicistas, pacifistas ou neutros passaram a ser todos inimigos do messiânico George Bush e sua guerra santa contra o pobre e famélico povo iraquiano e seu líder psicótico.
O que esta guerra trouxe de novidade ao cenário é o fato de que, além da ideologia, também os interesses econômicos condicionam certas opções político-econômicas dos cidadãos e que os artistas e jornalistas não estão isentos dessas motivações e condicionantes.
Considerando que a guerra é a política conduzida por outros meios, como dizia Von Clausewitz, não é de se admirar que a verdade seja a primeira vítima neste conflito político que, naturalmente, envolve distintos níveis de propaganda, desinformação e mentiras de ambos os lados. Passou a fazer parte da rotina noticiar de dia e desmentir à noite.
Embora pessoalmente não acredite que o passionalismo e o medo sejam bons conselheiros, entendo que o maior erro da atriz Regina Duarte foi ter optado pelo lado perdedor, já que somos uma sociedade ultra-competitiva.
Afinal, se todos temos o direito à livre manifestação de pensamento e, se dispomos dos meios para sua expressão, nem por isso estamos imunes aos efeitos previsíveis de nossas opiniões.
Se de certa forma esta 'guerra preventiva' é anacrônica ou fora de lugar, só o futuro irá dizer. Afinal, como dizia Roberto Schwartz, aos vencedores, as batatas.

ALEXANDRE PEREIRA NUNES

1) Culturamente falando, os americanos tem uma noção em geral ultra-nacionalista e guerrilheira. Basta observar que nas disciplinas curriculares responsáveis pelo estudo da história, inclusive em alguns cursos de antropologia, o enfoque dado ao desenvolvimento da civilização norte-americana é muitas vezes visto sob o ponto de vista das batalhas. Um exemplo fácil de verificar é o canal de tv 'History Channel'. Os brasileiros, bem ou mal, possuem uma cultura diversa, em seu seio abrigou imigrantes das mais diversas origens, o que representou um ganho muito grande em termos de respeito à diferenças. Os portugueses, colonizadores, nunca foram exemplo de exagerada belicosidade. O povo brasileiro em geral conhece o sofrimento e a miséria, e os repudia, os americanos não se importam em levá-lo ao iraque, ou onde quer que seja, pois muitos deles sequer ignoram onde fica o iraque, não sendo capazes sequer de dizer onde fica. Há verdadeira alienação no que concerne aos aspectos multiculturais.

2) Como forma de protesto, a iniciativa é valida, mais como exemplo as pessoas com quem convivemos do que em forma de prejuízo a estas empresas (que são em geral geradoras de postos de trabalho também no Brasil) e/ou a generalização de um sentimento 'anti-eua' simplista.

3) Sinal de que, em geral, não compreendem a democracia como um todo, e muito menos além de suas fronteiras. Em um diálogo diplomático livre e democrático, a França tem todo o direito de defender seu modo de ver as coisas. A mídia americana neste ponto se porta como parcial, alienante e covarde.

4) Psicologicamente, a capacidade de administrar conflitos e a habilidade de gerir opiniões divergentes demonstram amadurecimento. Isto só demonstra que conquanto materialmente uma nação bem sucedida, psicológica, moral e socialmente, o povo dos EUA também tem muito por progredir. Lá criou-se este estigma de que se não apoia o governo, cegamente, torna-se um 'traidor da pátria', quase beirando um dogmatismo ultra-nacionalista que alguns podem querer comparar a Alemanha de Hitler.

5) Deveria haver mais respeito tanto a opinião dela, quanto ao direito dos demais em criticar esta opinião, desde que de forma não ofensiva à emissora da opinião. Todos temos o direito a opinião, e acima disto, o direito de mudar de opinião. O fato dela ser uma atriz com repercussão na mídia, e portanto, uma potencial formadora de opinião, não torna a sua opinião inquestionável, como pretendem uns, nem tampouco perniciosa, como pretendem outros.

6) De forma nenhuma. A imprensa americana demonstra-se tão parcial para seus interesses e subordinação ao governo americano, quanto os órgão da imprensa iraquiana os são para o seu próprio governo.

7) Em nenhum, pois frequentemente quando divulgam um fato, tendem a faze-lo para manipular o outro lado ou para esconder eventuais baixas civis. Somente após a comprovação bilateral e/ou fontes neutras, é que se pode atribuir certa legitimidade. Esse é o perigo dessa propagação 'em tempo real', as pessoas tendem a encarar essas noticias com a mesma credibilidade com que encarariam noticias anteriormente investigadas.


8) Há grande chance de ser capturado, porém, se vier a ser morto, será tido pelos seus seguidores como um mártir, se escapar, talvez seja uma potencial ameaça aos EUA, talvez não. Se tiver que sair do Iraque, perderá muita de sua capacidade de ação.

9) Saddam Hussein em si não é digno de lástima, mas a razão dessa guerra é o abuso: de autoridade, da ganancia e do interesse dos 'Falcões' Americanos, em detrimento as organizações internacionais e da verdadeira democracia, sob o manto da qual se travestem.

10) A falsa crença de que este ato terá proporções heróicas, quer pelo fundamentalismo religioso, quer pelo político.


PEDRO LUIS TIERE

1- Os brasileiros são contra a guerra em sua maioria por considera-la imoral, imoral no momento em que sentimos que a tal da ''liberdade dos iraquianos'' que pretendem levar ingleses e americanos aquele país nos parece mais uma fachada para assuntos de finanças e energia de combustível fóssil, não são os americanos que ''reconstruirão'' aquele país após a guerra? quem vai lucrar com isso?
Mais, quem vai pagar? vão dizer que o governo americano vai pagar, com qual dinheiro? e as facilidades em negociar o com aquele pais seu petróleo após instalado um novo governo.

E que empresas vão lucrar com isso? as americanas é claro..

Hoje em dia a crença no altruísmo americano anda em baixa, o povo brasileiro não aprova o regime de Saddam tenho certeza disso mas não aprova o horror da guerra por ter conhecimento de que existia nesse caso opções para o problema, opções que deveriam ser aplicadas pelas nações com paciência.

Somos 90% de brasileiros contra a guerra por que NÃO NOS ENGANAMOS mais em muitas coisas, principalmente quanto aos interesses de outros ESTADOS, e também porque sabemos que um crise por conta de uma guerra mais longa ou que envolva outras nações coisa que não é impossível faça com que o nosso país fracasse economicamente ainda que certos índices e comentários em relação ao BRASIL mostrem outro quadro atualmente o povo brasileiro teme um problema econômico maior em função da guerra e sente angústia frente ao horror que esta vivendo o povo comum daquele país.

FÁBIO PERES DA SILVA

1 - A resposta à pergunta 9 cabe também aqui; acrescentaria também a imprensa americana, que parece ter um Galvão Bueno em cada apresentação de telejornal; no caso brasileiro, o antiamericanismo fala mais alto, já que conhecemos as atitudes dos nossos parceiros e já vivemos uma ditadura influenciada pelos nossos 'irmãos' de cima.

Entretanto, mesmo a massa brasileira também tem seus momentos de cegueira: se perguntarmos em uma pesquisa se a maioria dos brasileiros se eles gostariam de ver Fernandinho Beira-Mar morto, quase todos responderiam 'sim' - e em nenhum momento pensariam se isso vale ou não a pena.

2 - Em termos - se por um lado essa atitude mostra nosso nacionalismo, por outro é bom lembrar que empresas não possuem pátria, mas donos, e que esses donos investem aqui: de qualquer forma, grande parte dos brasileiros vê como 'frescura' esse tipo de atitude, de tal forma que ela não costuma pegar bem por essas bandas.

3 - Um email na Internet é boa resposta para isso: 'estranho, eles mudam o nome das batatas fritas mas ainda usam números árabes ... então porque não devolvem logo a Estátua da Liberdade?'

4 - Seguindo a linha da quantidade que supera a qualidade e a razão, boa parte da imprensa americana vem adotando uma linha de torcida quando se trata de guerra. Dá a impressão de que os americanos estão como os brasileiros em final de Copa do Mundo, momento em que o nacionalismo aumenta consideravelmente, qualquer besteira é aceita (incluindo superstição) e qualquer análise minimamente razoável é deixada de lado.
Só falta alguém fazer uma adaptação da famosa marchinha de 70: 'duzentos milhões em ação/pra frente USA/ salve o canhão' ...

5 - Estava em seu direito, assim como estavam em seu direito os que a criticaram - é claro que os objetivos de ambos os lados foram escusos, mas faz parte do direito democrático ter medo ou querer ter esperança, seja qual for a posição política sua.

6 - Não é possível ter confiança em apenas um relato; isso me lembra aquele velho conselho de ler mais que um jornal para ter uma visão geral dos fatos - entretanto, a maioria das pessoas não pensa assim, talvez nem queira pensar de fato.

7 - Em ambas, ou melhor, na junção delas; ambos os lados falam a verdade que julgam conveniente - logo, juntando as duas você pode ter uma estória próxima da completa.

8 - É bem provável que seja a segunda opção; dificilmente Saddam será exibido ao público - entretanto é mais certo que ele esteja morto e que não apareça, tornando-se mais um dos inúmeros mártires que as guerras já provocaram inutilmente.

9 - A princípio, podemos falar em petróleo, na reconstrução da economia americana ou até mesmo na propalada libertação do Iraque, motivos que a meu ver parecem desfocados de seu contexto porque são idéias que rotulam pessoas ou países, e a realidade com certeza é muito maior que esse tipo de pensamento 'chapado'.

Entretanto, um motivo me parece ser fundamental: o povo norte-americano precisa recuperar a auto-estima decorrente dos atentados de 11/09, mostrar que quem manda no mundo ainda é o 'Big Stick' ianque, e assim embarca na idéia revanchista de um presidente com idéias altamente extremistas e aliados aos 'falcões' governistas americanos, que o que tem de conservadores tem também de corruptos e chauvinistas, embora, nas guerras, poucos lembrem disso.

10 - O que nós chamamos de fanáticos, eles chamam mártires; só isso já basta para entender o sistema - 'morro por minha pátria, por minha família e pelo futuro dos meus', quando se está na pior é motivo suficiente ...

Aliás, não foi o sr. que escreveu sobre o fim do movimento Setembro Negro? Perspectiva de vida, essa é a única medida eficiente para pode levar um garoto a deixar de ser suicida no Oriente ou passar drogas por aqui ...

RIVADÁVIA VIEIRA DE FREITAS JÚNIOR, CINGAPURA

2- Acho perfeitamente valido. Talvez seja uma das formas mais efetivas de fazer com que as grandes corporações e multinacionais que fomentam o 'economical enforcement' dos USA sobre os com menor condição de se defender, sintam no seu balanço as conseqüências. O 'bolso' ah a parte mais sensível do corpo e não eh diferente para as empresas. Alem disto que mal faz em se substituir os produtos das empresas do Tio Sam e da Rainha por de outras nacionalidades? Será extremamente benéfico e perfeitamente de acordo com as 'leis do Mercado' .

3 - Perfeitamente natural ! Eles estão fazendo o papel deles, o dever de casa direitinho. Se 73% dos americanos apoiam a Guerra isto se chama coerência. Incoerência é ter 90% de brasileiros que são contra a Guerra e apenas 20% que apoiem um boicote a produtos americanos e ingleses.

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Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

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