Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

18/11/2001

O melhor candidato de todos os tempos da última semana

Já foi Ciro Gomes. Já foi Itamar Franco. Já chegou a ser Anthony Garotinho. Agora é a vez de Roseana Sarney ser a grande surpresa eleitoral, a pré-candidata que vai bagunçar o cenário político e servir como alternativa para derrotar Lula.

Ganha manchetes, capas de revistas, entrevistas. Mas quanto tempo ainda resiste esse novo fenômeno da política nacional?

Roseana Sarney aparece bem nas pesquisas por vários motivos, mas o principal deles é o fato de sua imagem ter sido martelada na cabeça das pessoas com os programas políticos do PFL exibidos no horário nobre da TV.

Nos programas, tratou de reforçar aquilo que tem a seu favor: ser mulher (o que a diferencia dos demais e agrada às outras mulheres) e ser bonita (nesse início de campanha completamente televisivo, sem a existência de programas ou propostas reais, a imagem vale muito).

Além disso faz aquilo que virou moda nos últimos tempos: tenta se mostrar como uma política diferente, que não faz promessas ou ataques aos adversários.

O problema é que, como os outros, Roseana parece mais um fenômeno de mídia, que, ainda mais que os partidos, está em busca de alguém que tire leitores/ouvintes/telespectadores da apatia com relação à eleição do ano que vem.

O mais provável é que a boa posição da governadora do Maranhão nas pesquisas eleitorais (segundo lugar, com 19,1% das intenções de voto, segundo pesquisa CNT/Sensus) se pulverize com as atenções sendo voltadas contra ela. Afinal, Roseana não tem muito o que mostrar. Apesar de os indicadores sociais terem melhorado nos últimos anos, o Maranhão é um dos Estados mais pobres do país, com taxas de analfabetismo e mortalidade infantil muito acima da média brasileira. E qualquer imagem dos inúmeros cortiços ou dos esgotos correndo a céu aberto nas ruas do centro de São Luís bastaria como contrapropaganda da governadora no horário eleitoral.

Além disso, é pouco provável que seu partido, o PFL, saia numa aventura eleitoral. Os pefelistas, que há muitos anos não desgrudam do poder (seja para que lado sopre o vento), estão usando o fenômeno Roseana para ampliar sua força na aliança governista, que inclui ainda o PSDB e o PMDB. Qualquer coisa além disso parece mais um sonho do papai José Sarney.

E quantos nomes ainda vão aparecer como o melhor ou mais promissor candidato? Já tentam despontar o governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (aquele que fez o Estado crescer 12% nos últimos anos, como disse FHC num discurso), e Aécio Neves, o presidente da Câmara, que tenta passar uma imagem de moralizador. Outros tantos não estão tão visíveis, mas também podem entrar para o rol daqueles que passam uma semana com a "mão na faixa".

Quem ganha com tudo isso? Em primeiro lugar, Lula, que continua com a liderança nas pesquisas e apenas observa os demais se desgastando em acusações mútuas (bastou Roseana aparecer para ser alvejada por Ciro, por exemplo). O petista tem a vantagem de agir como alguém que já tem certeza de um lugar no segundo turno. Então que lutem os demais pela outra vaga.

Também ganha Fernando Henrique, que, vendo nomes subindo e descendo e adiando a definição do candidato do governo, mantém as aparências de que ainda tem um bom tempo de governo pela frente.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca