Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

20/01/2002

"Eleição" entre Serra e Roseana acaba em junho

De agora até o final de junho, quando os partidos têm de definir de vez o nome dos candidatos e suas alianças, só vão existir dois concorrentes à Presidência da República no Brasil: José Serra e Roseana Sarney. São os dois que vão disputar voto a voto nas pesquisas eleitorais quem é o candidato mais viável para representar o governo na eleição de outubro.

Isso porque o PFL só vai insistir na candidatura Roseana se ela continuar bem à frente de José Serra. Hoje, Roseana tem 21% das intenções de voto. Ele, 7%, segundo o último levantamento feito pelo Datafolha.

Mas o PFL sabe que Serra deve subir agora que de fato anunciou a candidatura e que fará campanha de forma explícita. A questão é saber quanto vai subir e se roubará votos de Roseana.

Se o ministro da Saúde passar a governadora, o PFL (partido que sempre participa dos governos federais, não importando quem esteja na cadeira principal) não terá pudores de desembarcar de Roseana e assumir uma composição com o tucano. O próprio presidente do partido, Jorge Bornhausen, afirma que o PFL deseja manter a aliança que elegeu FHC. Diz também que o critério a ser usado na definição do cabeça de chapa deve ser o das pesquisas: quem estiver na frente leva.

Já o PSDB vai ficar em compasso de espera. A maioria do partido não quer saber de ficar sem candidato próprio, mas, se Serra não mostrar fôlego, restará pouca opção ao partido para se manter no poder. Faltam nomes que empolguem o próprio partido e principalmente o eleitorado.

A disputa entre os dois é também a mais importante porque é muito provável que daí saia o nome do sucessor de Fernando Henrique Cardoso. Primeiro porque são remotíssimas as chances de qualquer outro candidato chegar ao segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo porque qualquer um dos dois que ultrapassar a barreira do primeiro turno deverá impingir a quarta derrota seguida a Lula.

O problema para Serra é que no primeiro movimento de sua assumida candidatura ele acabou perdendo para Roseana. Na quinta-feira, o ministro fez um discurso morno e que não foi transmitido ao vivo nem pela Globo News. Já Roseana apareceu com seu maquiado e irreal Maranhão (limpo, bem cuidado e sem miseráveis) na novela das 8, "O Clone".

Com certeza, entre os brasileiros que o ministro precisa atrair para subir nas pesquisas, os menos esclarecidos e com pouco acesso à informação, quase todos viram as belezas dos Lençóis Maranhenses na novela. Já o discurso...

Tudo agora é uma questão de Serra conseguir se mostrar e convencer o eleitorado sobre aquilo que pensa de si mesmo: que é o melhor candidato.

Se fracassar, só vai fazer seus partidários lembrarem de seus desempenhos nas outras duas eleições que disputou para cargos do Executivo, ambas para a Prefeitura de São Paulo. Em 1988, ficou em quarto lugar, atrás de Luiza Erundina, Paulo Maluf e João Leiva. Em 1996, perdeu para Celso Pitta e Erundina.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br

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