Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

17/03/2002

Aquele que sobreviver será o presidente do Brasil

Em 1998, foi tudo fácil e calmo. Todos os outros candidatos fizeram apenas figuração, porque Fernando Henrique já estava eleito desde a aprovação da emenda da reeleição, no ano anterior.

Desta vez tudo está diferente. Como nenhum candidato apaixona o eleitorado, há essa alternância no segundo lugar das pesquisas, com o crescimento das intenções de voto sendo alimentado pelas aparições na televisão (Roseana, Garotinho e Serra subiram nas pesquisas após exibição de programas eleitorais).

Mas o caso Roseana _as suspeitas de que ela e suas empresas estejam envolvidas em esquema de desvio de dinheiro público_ inaugura a segunda fase nesse vaivém das pesquisas.

Agora, quem estiver próximo do topo vira alvo de investigações, denúncias, dossiês etc. Quem sobreviver a tudo isso, por não estar envolvido em falcatruas ou por tê-las escondido bem, será o novo presidente do Brasil.

Foi assim com Roseana. Enquanto a governadora era apenas um balão de ensaio que teria vida curta como candidata, ninguém se importava com ela ou com suas empresas no Maranhão. Mas, a partir do momento em que mostrou que "estava gostando do jogo" e que não queria participar dessa fase da disputa apenas para mostrar a cara e aumentar o poder de troca do PFL, passou a ser vista como perigosa.

Como Roseana parece ter telhado de vidro, viu seu sonho de Presidência ir embora junto com os percentuais das pesquisas de intenção de voto.

A nova bola da vez agora deve ser José Serra. O tucano era tratado por muitos como aquele que dificilmente decolaria. Agora, com 17% das intenções de voto, aparece como o candidato mais forte. Por isso, vão olhar sua vida com lupa atrás de qualquer deslize. Se encontrarem e Serra também cair nas pesquisas, é só esperar para ver quem sobe para o segundo lugar e para o posto de "alvo".

Será Garotinho? Pode ser. Será Ciro? É pouco provável.

Mas por que os alvos são apenas aqueles que aparecem em segundo lugar nas pesquisas? Por que Lula fica de fora? Porque excluídos os petistas, quase ninguém acredita que ele tenha chance de ganhar. O mais provável é que chegue ao segundo turno e seja derrotado mais uma vez por um candidato apoiado pelo governo.

Mas se tudo isso mudar (o que não faltam são reviravoltas nesse processo eleitoral), e Lula mostrar chances reais de chegar ao Planalto, também vão esquadrinhar sua vida em buscas de escândalos. Como ele não tem empresas, o foco pode ser a vida pessoal. Não se esqueçam que em 1989 usaram aquelas histórias de aborto e da filha Lurian.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br

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