Vaguinaldo Marinheiro
11/08/2002
O fim da aventura maranhense parecia representar que enfim o PFL, que desde sua fundação esteve com um pé no Planalto, ficaria de fora de um governo federal.
Naquele momento, Ciro Gomes era apenas um coadjuvante e dez em cada dez analistas políticos acreditavam que a eleição seria decidida entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, um cenário ruim para o PFL.
Com Lula seria impossível uma aliança. O PT aceita até o PL, mas não teria como justificar um acordo com o PFL. Com Serra a situação também não era fácil. Além disso, as "raposas" do PMDB haviam sido mais "espertas" que as do PFL e logo fecharam com o tucano. Uma adesão tardia do PFL, se existisse, deixaria o partido em desvantagem num suposto governo Serra.
A impressão era que ao PFL caberia um ocaso lento. Grande engano.
Nessa campanha cheia de reviravoltas, tudo mudou. As pesquisas apontam que Ciro seria eleito se a eleição fosse hoje. E quem está por trás de Ciro? O PFL. Lá está Jorge Bornhausen, Antonio Carlos Magalhães, Inocêncio Oliveira. Lá está Roseana Sarney...
É realmente impressionante a vocação desse partido para estar ao lado dos vencedores, e para se desvencilhar dos perdedores sem se chamuscar com as derrotas.
O PFL estava no governo Fernando Collor. O presidente caiu, mas o partido passou ileso. E estava lá de novo no governo FHC, que ideologicamente, se pensarmos em sua história, não tem afinidades com o partido.
Agora, a não ser que surja uma denúncia arrasa-quarteirão para derrubar Ciro, parece que ruma mais uma vez ao Planalto.
Não é à toa que ACM é uma das figuras que melhor exemplificam o PFL. Pilhado no ano passado ao cometer um ato irregular no Senado, passou por investigações e foi obrigado a renunciar. Mas agora vai voltar triunfante ao mesmo Senado, ungido pelas urnas.
Ainda há tempo para novas reviravoltas e pode ser que Ciro não chegue lá. Mas, se isso acontecer, tenha certeza de que o PFL dará um jeito de deixá-lo para aderir àquele que for subir a rampa.
O PFL, de novo, dá um jeito de estar perto do poder
Quando em abril a candidatura Roseana Sarney fez água, muitos pensaram: como é que o PFL, partido tão ligado "aos poderes", tão astuto, tão experiente foi cair nessa armadilha de ficar preso a uma presidenciável vulnerável.O fim da aventura maranhense parecia representar que enfim o PFL, que desde sua fundação esteve com um pé no Planalto, ficaria de fora de um governo federal.
Naquele momento, Ciro Gomes era apenas um coadjuvante e dez em cada dez analistas políticos acreditavam que a eleição seria decidida entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, um cenário ruim para o PFL.
Com Lula seria impossível uma aliança. O PT aceita até o PL, mas não teria como justificar um acordo com o PFL. Com Serra a situação também não era fácil. Além disso, as "raposas" do PMDB haviam sido mais "espertas" que as do PFL e logo fecharam com o tucano. Uma adesão tardia do PFL, se existisse, deixaria o partido em desvantagem num suposto governo Serra.
A impressão era que ao PFL caberia um ocaso lento. Grande engano.
Nessa campanha cheia de reviravoltas, tudo mudou. As pesquisas apontam que Ciro seria eleito se a eleição fosse hoje. E quem está por trás de Ciro? O PFL. Lá está Jorge Bornhausen, Antonio Carlos Magalhães, Inocêncio Oliveira. Lá está Roseana Sarney...
É realmente impressionante a vocação desse partido para estar ao lado dos vencedores, e para se desvencilhar dos perdedores sem se chamuscar com as derrotas.
O PFL estava no governo Fernando Collor. O presidente caiu, mas o partido passou ileso. E estava lá de novo no governo FHC, que ideologicamente, se pensarmos em sua história, não tem afinidades com o partido.
Agora, a não ser que surja uma denúncia arrasa-quarteirão para derrubar Ciro, parece que ruma mais uma vez ao Planalto.
Não é à toa que ACM é uma das figuras que melhor exemplificam o PFL. Pilhado no ano passado ao cometer um ato irregular no Senado, passou por investigações e foi obrigado a renunciar. Mas agora vai voltar triunfante ao mesmo Senado, ungido pelas urnas.
Ainda há tempo para novas reviravoltas e pode ser que Ciro não chegue lá. Mas, se isso acontecer, tenha certeza de que o PFL dará um jeito de deixá-lo para aderir àquele que for subir a rampa.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br |