Vaguinaldo Marinheiro
01/12/2002
São os ataques a aviões civis com o uso de mísseis antiaéreos portáteis. Essas armas baratas, de fácil uso e com grande poder de destruição, existem aos milhares no mundo e podem estar nas mãos de grupos sem escrúpulos como a Al Qaeda.
O irônico é que foram parar lá mais uma vez como efeito da Guerra Fria, já que os americanos deram muito desses mísseis aos afegãos que combatiam a invasão soviética (1979-1989). O que pensavam ser uma "arma pró-Ocidente" se transforma agora numa "arma contra".
Na quinta, o Boeing israelense que levava 261 passageiros escapou ainda não se sabe bem por quê. Segundo testemunhas, foram disparados dois mísseis e há algumas opções para que não tenham atingido o alvo. Opção 1, os atiradores não tinham muita experiência (apesar de esses armamentos não exigirem perícia, uma vez que se guiam em direção ao alvo seguindo o calor); 2, as armas podiam ser velhas e apresentaram falhas; 3, o avião israelense tinha um dispositivo que o permitiu desviar ou enganar os mísseis (isso é comum em aviões militares e naqueles usados por líderes mundiais, mas caros de mais para aeronaves comerciais); 4, sorte.
O FBI (polícia federal norte-americana) já atentou há algum tempo para o perigo desse novo tipo de ataque. Segundo uma reportagem publicada no "The New York Times", o FBI registra a existência de ao menos 29 casos em que aviões civis foram atingidos por mísseis, com 550 mortes.
A maioria dos ataques ocorreu em zonas de guerra, o que supõe que os aviões civis possam ter sido confundidos com militares. Mas agora, com o ocorrido no Quênia, não parece haver dúvidas que depois de carros-bomba e homens-bomba foi encontrada uma outra forma de aterrorizar o mundo com grandes tragédias.
E o pior, parece bem mais fácil atirar contra uma avião que está decolando que entrar em um com armas ou bombas suficientes para sequestrá-lo ou explodi-lo.
Eis o novo perigo que nos ronda.
*****
A semana teve mais uma boa história nesse universo "guerra contra o terror". Uma reportagem publicada pelo "Washington Post" mostrou como foi falha a escolha pela ONU dos inspetores que foram ao Iraque para comprovar se o país possui ou não armas de destruição em massa.
O trabalho desses escolhidos pode determinar se haverá mais uma guerra no mundo ou não. Mas o texto do jornalista James V. Grimaldi mostra que a ONU pouco sabe sobre novos inspetores.
No grupo está Harvey John McGeorge, um americano de 53 anos com nenhuma graduação específica na área científica, mas que é conhecido por criar sites e grupos para sadomasoquistas.
Ninguém pode dizer que atividades ou preferências sexuais determinam se uma pessoa é ou não capaz de cumprir essa ou aquela missão. Mas o caso mostra o descontrole da ONU, nessa que é uma missão crucial.
Questionada sobre o caso McGeorge, a organização disse que não checou as informações sobre ele porque seu nome havia sido recomendado pelo Departamento de Estado norte-americano.
Já o Departamento de Estado disse que apenas repassou alguns nomes de indicados que recebeu.
É assim que são tratados assuntos dessa relevância.
Sem querer ser repetitivo, eis aí um novo perigo que nos ronda.
Terror contra aviões e o sadomasoquista da ONU
Os atentados contra israelenses no Quênia, na quinta-feira, fizeram o mundo prestar atenção em um perigo que, se não é novidade para os serviços de inteligência de países desenvolvidos, aparece agora como um risco real para todos.São os ataques a aviões civis com o uso de mísseis antiaéreos portáteis. Essas armas baratas, de fácil uso e com grande poder de destruição, existem aos milhares no mundo e podem estar nas mãos de grupos sem escrúpulos como a Al Qaeda.
O irônico é que foram parar lá mais uma vez como efeito da Guerra Fria, já que os americanos deram muito desses mísseis aos afegãos que combatiam a invasão soviética (1979-1989). O que pensavam ser uma "arma pró-Ocidente" se transforma agora numa "arma contra".
Na quinta, o Boeing israelense que levava 261 passageiros escapou ainda não se sabe bem por quê. Segundo testemunhas, foram disparados dois mísseis e há algumas opções para que não tenham atingido o alvo. Opção 1, os atiradores não tinham muita experiência (apesar de esses armamentos não exigirem perícia, uma vez que se guiam em direção ao alvo seguindo o calor); 2, as armas podiam ser velhas e apresentaram falhas; 3, o avião israelense tinha um dispositivo que o permitiu desviar ou enganar os mísseis (isso é comum em aviões militares e naqueles usados por líderes mundiais, mas caros de mais para aeronaves comerciais); 4, sorte.
O FBI (polícia federal norte-americana) já atentou há algum tempo para o perigo desse novo tipo de ataque. Segundo uma reportagem publicada no "The New York Times", o FBI registra a existência de ao menos 29 casos em que aviões civis foram atingidos por mísseis, com 550 mortes.
A maioria dos ataques ocorreu em zonas de guerra, o que supõe que os aviões civis possam ter sido confundidos com militares. Mas agora, com o ocorrido no Quênia, não parece haver dúvidas que depois de carros-bomba e homens-bomba foi encontrada uma outra forma de aterrorizar o mundo com grandes tragédias.
E o pior, parece bem mais fácil atirar contra uma avião que está decolando que entrar em um com armas ou bombas suficientes para sequestrá-lo ou explodi-lo.
Eis o novo perigo que nos ronda.
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A semana teve mais uma boa história nesse universo "guerra contra o terror". Uma reportagem publicada pelo "Washington Post" mostrou como foi falha a escolha pela ONU dos inspetores que foram ao Iraque para comprovar se o país possui ou não armas de destruição em massa.
O trabalho desses escolhidos pode determinar se haverá mais uma guerra no mundo ou não. Mas o texto do jornalista James V. Grimaldi mostra que a ONU pouco sabe sobre novos inspetores.
No grupo está Harvey John McGeorge, um americano de 53 anos com nenhuma graduação específica na área científica, mas que é conhecido por criar sites e grupos para sadomasoquistas.
Ninguém pode dizer que atividades ou preferências sexuais determinam se uma pessoa é ou não capaz de cumprir essa ou aquela missão. Mas o caso mostra o descontrole da ONU, nessa que é uma missão crucial.
Questionada sobre o caso McGeorge, a organização disse que não checou as informações sobre ele porque seu nome havia sido recomendado pelo Departamento de Estado norte-americano.
Já o Departamento de Estado disse que apenas repassou alguns nomes de indicados que recebeu.
É assim que são tratados assuntos dessa relevância.
Sem querer ser repetitivo, eis aí um novo perigo que nos ronda.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br |