Pensata

Vaguinaldo Marinheiro

12/01/2003

O erro do ministro, o acerto de Lula

Com pouco mais de dez dias de governo, é difícil fazer um balanço da administração federal petista. Foram poucas as medidas concretas e muito falatório. E é nesse falatório que apareceu uma primeira faceta de parte da equipe ministerial: a falta de cuidado na hora de dar declarações.

Foram várias escorregadas, e a principal foi a do ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, que defendeu em entrevista à BBC Brasil o domínio pelo Brasil da tecnologia nuclear capaz até de produzir uma bomba atômica.

As declarações causaram estranheza em todo o mundo, que já está assustado com as bravatas da Coréia do Norte de retomar seu programa nuclear, sair do tratado de não-proliferação de armas atômicas e reiniciar testes com mísseis.

Na Argentina, nos Estados Unidos e na ONU, todos quiseram saber exatamente o que o ministro quis dizer, o que quer fazer.

De pouco adianta o fato de o ministro no dia seguinte correr para tentar se corrigir. É preciso que esses neófitos de governo saibam que agora suas declarações têm peso, não podem ser feitas como se estivessem numa roda de amigos.


Lula e Davos

Recebeu críticas de alas do PT e de organizadores do Fórum Social, de Porto Alegre, a possível ida do presidente Lula ao Fórum de Davos, que reúne intelectuais, investidores globais e líderes mundiais na cidade suíça.

Querem o quê? Que como presidente Lula continue como apenas um militante de um partido de esquerda?

Se realmente decidir ir aos dois fóruns, Lula toma a atitude correta: ao participar do encontro de Porto Alegre, mostra que não esqueceu seu passado e que dá importância à busca de um caminho alternativo, e mais humano, à globalização. Ao seguir para Davos, explicita que entende as regras do jogo mundial, que aprendeu que precisa mostrar sua cara e suas intenções àqueles que têm poder no mundo.

Os críticos deveriam entender que um país do tamanho do Brasil não pode virar as costas aos participantes de Davos. Deveriam perceber também que é participando, não boicotando, que se consegue expor pontos de vista e ganhar adeptos para sua visão de mundo.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário-assistente de Redação da Folha de S.Paulo. Escreve para a Folha Online aos domingos

E-mail: vaguinaldo.marinheiro@folha.com.br

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