Antonio Carlos de Faria
13/11/2003
Esse foi o veredicto lacônico do Almeida ao ouvir o relato do Bastos sobre a nova paixão que o consumia.
-É só isso que você tem a dizer? Caroço?
-Rapaz, uma paixão fora do casamento é sempre caroço.
-O pior, ou melhor, é que ela tem o mesmo nome da minha mulher.
-Dulce.
-Não, não é Dulce. O nome da princesa é Glorinha.
-Bastos, dulce é a situação. Nesse caso, você pode até falar dormindo o nome da namorada, que a mulher não desconfia.
O apaixonado nem escutou o comentário, tão entretido que estava em achar uma foto, presentinho da amada. Para diminuir os riscos, havia escondido a imagem na pasta de executivo, que agora revirava sob os olhares de descrença do Almeida. Ao encontrar o retrato, ficou exultante.
-Diz a verdade, ela não é um pitéu?
-Bastos, pitéu era a Greta Garbo. Essa aí é croque.
-Croque?
-Crocante, entende? Uma mulher crocante, igual a chocolate com pedaços de amêndoas.
-Agora você sacou por que eu estou assim.
-Saquei e digo mais. Bastos, eu já conheço a tua nova paixão. Foi no último sábado, numa boate suspeita em Copacabana.
-Impossível, ela não freqüenta esses antros aonde você vai. Além disso, sábado ela me disse que ficou em casa. Estava triste porque a gente não pôde se ver.
-Sinistro.
-Por que sinistro?
-Porque eu tenho certeza de que era ela, ou será que a dulce tem irmã gêmea?
-Cacilda!
-Péra lá, Bastos. Eu sei quem é Glorinha, agora explica quem é Cacilda.
-Almeida, cacilda é essa meleca toda. Você está com inveja do meu caso com a Glorinha.
-Demorou.
-Demorou pra quê?
-Para o ciúme, Bastos. Você está cego e não quer aceitar o fato de que flagrei a Glorinha na boate. Eu vi e pronto. E ela estava bem animada.
-Tedouum!
-Te-déum?
-Te dou um minuto pra pedir desculpas, Almeida. Caso contrário, vamos sair no braço!
-Caroço!
Caroço crocante
-Caroço.Esse foi o veredicto lacônico do Almeida ao ouvir o relato do Bastos sobre a nova paixão que o consumia.
-É só isso que você tem a dizer? Caroço?
-Rapaz, uma paixão fora do casamento é sempre caroço.
-O pior, ou melhor, é que ela tem o mesmo nome da minha mulher.
-Dulce.
-Não, não é Dulce. O nome da princesa é Glorinha.
-Bastos, dulce é a situação. Nesse caso, você pode até falar dormindo o nome da namorada, que a mulher não desconfia.
O apaixonado nem escutou o comentário, tão entretido que estava em achar uma foto, presentinho da amada. Para diminuir os riscos, havia escondido a imagem na pasta de executivo, que agora revirava sob os olhares de descrença do Almeida. Ao encontrar o retrato, ficou exultante.
-Diz a verdade, ela não é um pitéu?
-Bastos, pitéu era a Greta Garbo. Essa aí é croque.
-Croque?
-Crocante, entende? Uma mulher crocante, igual a chocolate com pedaços de amêndoas.
-Agora você sacou por que eu estou assim.
-Saquei e digo mais. Bastos, eu já conheço a tua nova paixão. Foi no último sábado, numa boate suspeita em Copacabana.
-Impossível, ela não freqüenta esses antros aonde você vai. Além disso, sábado ela me disse que ficou em casa. Estava triste porque a gente não pôde se ver.
-Sinistro.
-Por que sinistro?
-Porque eu tenho certeza de que era ela, ou será que a dulce tem irmã gêmea?
-Cacilda!
-Péra lá, Bastos. Eu sei quem é Glorinha, agora explica quem é Cacilda.
-Almeida, cacilda é essa meleca toda. Você está com inveja do meu caso com a Glorinha.
-Demorou.
-Demorou pra quê?
-Para o ciúme, Bastos. Você está cego e não quer aceitar o fato de que flagrei a Glorinha na boate. Eu vi e pronto. E ela estava bem animada.
-Tedouum!
-Te-déum?
-Te dou um minuto pra pedir desculpas, Almeida. Caso contrário, vamos sair no braço!
-Caroço!
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Antonio Carlos de Faria é jornalista e vive no Rio de Janeiro. Escreve para a Folha Online às quintas E-mail: acafaria@uol.com.br |
