Antonio Carlos de Faria
20/06/2002
Ambos estavam na mesma escola, em Laranjeiras, e em pouco tempo ela se tornou o encanto de todos os garotos. Tímido, diante de tanta concorrência, ele encontrou um meio de se aproximar, sem ter que revelar sua paixão.
Trouxe-lhe flores, mas pediu para que Tânia as entregasse à professora, o que a menina fez com prazer, diante da admiração do rapazinho encabulado. Foi o primeiro desvio que ele construiu em sua vida.
Outros se sucederam, até aquele dia, passados mais de 30 anos. Ele atravessava a agitada avenida Rio Branco e percebeu um par de olhos negros, que quase o sugaram para outra dimensão do universo.
Estacou no meio da avenida e pôde ver rapidamente o rosto daquela bela mulher, que caminhava no sentido oposto. Não teve dúvidas, ali estavam os olhos nunca esquecidos.
Quase a chamou pelo nome. Mas hesitou, procurando, como sempre, encontrar algum falso atalho até o objeto de seu desejo.
Perdido em seu alumbramento, não percebeu que o sinal havia fechado para os pedestres. As buzinas enfurecidas o despertaram e teve de correr para não ser atropelado.
Alcançou a calçada e tentou enxergá-la, do outro lado da avenida. A encontrou ao lado de uma banca de jornais. Ele acenou e gritou por seu nome. Finalmente, havia decidido se declarar.
Ela não pôde ouvir, pois o grito se perdeu no burburinho do tráfego. Mas, antes de entrar em um táxi, viu com surpresa aquele homem de cabelos grisalhos, que tentava lhe chamar a atenção.
Dentro do carro, a caminho de casa, Tânia pensou naquele desconhecido e, sem saber por quê, achou que ele parecia um menino estabanado.
Atalhos e desvios
Na primeira vez em que a viu, ele era um menino estabanado, com dez anos e o nariz úmido por uma eterna coriza. Tânia, apesar de mais nova, tinha ares de mocinha e trazia aqueles olhos negros, que o atraíram de forma mágica.Ambos estavam na mesma escola, em Laranjeiras, e em pouco tempo ela se tornou o encanto de todos os garotos. Tímido, diante de tanta concorrência, ele encontrou um meio de se aproximar, sem ter que revelar sua paixão.
Trouxe-lhe flores, mas pediu para que Tânia as entregasse à professora, o que a menina fez com prazer, diante da admiração do rapazinho encabulado. Foi o primeiro desvio que ele construiu em sua vida.
Outros se sucederam, até aquele dia, passados mais de 30 anos. Ele atravessava a agitada avenida Rio Branco e percebeu um par de olhos negros, que quase o sugaram para outra dimensão do universo.
Estacou no meio da avenida e pôde ver rapidamente o rosto daquela bela mulher, que caminhava no sentido oposto. Não teve dúvidas, ali estavam os olhos nunca esquecidos.
Quase a chamou pelo nome. Mas hesitou, procurando, como sempre, encontrar algum falso atalho até o objeto de seu desejo.
Perdido em seu alumbramento, não percebeu que o sinal havia fechado para os pedestres. As buzinas enfurecidas o despertaram e teve de correr para não ser atropelado.
Alcançou a calçada e tentou enxergá-la, do outro lado da avenida. A encontrou ao lado de uma banca de jornais. Ele acenou e gritou por seu nome. Finalmente, havia decidido se declarar.
Ela não pôde ouvir, pois o grito se perdeu no burburinho do tráfego. Mas, antes de entrar em um táxi, viu com surpresa aquele homem de cabelos grisalhos, que tentava lhe chamar a atenção.
Dentro do carro, a caminho de casa, Tânia pensou naquele desconhecido e, sem saber por quê, achou que ele parecia um menino estabanado.
Antonio Carlos de Faria é jornalista e vive no Rio de Janeiro. Escreve para a Folha Online às quintas E-mail: acafaria@uol.com.br |