Antonio Carlos de Faria
29/08/2002
Antes de chegar à metade do percurso, dois marmanjos já haviam surrupiado sua bolsa e corriam em direção ao Castelo.
Corriam da Cinelândia ao Castelo - dois lugares dos quais só restaram os nomes, o que não quer dizer que corriam do nada para coisa nenhuma, mas isso é assunto para outra crônica.
Voltando para a tal mocinha, por sinal muito bonita, é preciso dizer que é uma aficionada dos modernos raps de conteúdo social, e sempre acreditou no poder da música para promover algo que define como "conscientização".
Agora, na frente da titia - ela mora com uma, dividindo o apartamento com outras colegas, em Copacabana-, a mocinha também admitia que as canções podem ser perigosas, e se lamentava por ter sido tão descuidada.
Porém a melhor parte da história, titia, ainda não tinha acontecido.
Depois do episódio traumático, a mocinha resolveu ir afogar as mágoas em um chope bem gelado, aproveitando a happy hour num daqueles bares cheios de executivos do centro da cidade.
Novamente distraída, só lembrou que estava sem dinheiro enquanto bebia a segunda caneca. Felizmente, do canto do bar, um rapaz se aproximou e perguntou se podia pagar-lhe uma bebida. Foi a sua salvação.
E tem gente que não acredita no acaso, disse ela para a titia, recuperando imediatamente a crença nas canções.
Veja a senhora, concluiu a mocinha, aquele rapaz tão solícito pagou a conta, depois saímos para jantar e esticamos numa pista de dança. As horas passaram e nem vi que já era de manhã. Ele me trouxe para casa e insistiu em me dar algum dinheiro - só aceitei porque era um presente. É pouco, mas dá para minha parte no aluguel.
O acaso
E tem a história daquela mocinha, que vinha cantarolando pela Cinelândia um dos sucessos das rádios - "o acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraída". Assim mesmo, distraída - alterando a letra original-, pois se tratava de uma mocinha, como já dissemos.Antes de chegar à metade do percurso, dois marmanjos já haviam surrupiado sua bolsa e corriam em direção ao Castelo.
Corriam da Cinelândia ao Castelo - dois lugares dos quais só restaram os nomes, o que não quer dizer que corriam do nada para coisa nenhuma, mas isso é assunto para outra crônica.
Voltando para a tal mocinha, por sinal muito bonita, é preciso dizer que é uma aficionada dos modernos raps de conteúdo social, e sempre acreditou no poder da música para promover algo que define como "conscientização".
Agora, na frente da titia - ela mora com uma, dividindo o apartamento com outras colegas, em Copacabana-, a mocinha também admitia que as canções podem ser perigosas, e se lamentava por ter sido tão descuidada.
Porém a melhor parte da história, titia, ainda não tinha acontecido.
Depois do episódio traumático, a mocinha resolveu ir afogar as mágoas em um chope bem gelado, aproveitando a happy hour num daqueles bares cheios de executivos do centro da cidade.
Novamente distraída, só lembrou que estava sem dinheiro enquanto bebia a segunda caneca. Felizmente, do canto do bar, um rapaz se aproximou e perguntou se podia pagar-lhe uma bebida. Foi a sua salvação.
E tem gente que não acredita no acaso, disse ela para a titia, recuperando imediatamente a crença nas canções.
Veja a senhora, concluiu a mocinha, aquele rapaz tão solícito pagou a conta, depois saímos para jantar e esticamos numa pista de dança. As horas passaram e nem vi que já era de manhã. Ele me trouxe para casa e insistiu em me dar algum dinheiro - só aceitei porque era um presente. É pouco, mas dá para minha parte no aluguel.
Antonio Carlos de Faria é jornalista e vive no Rio de Janeiro. Escreve para a Folha Online às quintas E-mail: acafaria@uol.com.br |