Antonio Carlos de Faria
12/09/2002
A ameaça colocava em xeque um dos emblemas daquele país, o chamado "sonho americano", que presume ser ali o lugar privilegiado para a realização pessoal a partir do trabalho.
Há muito tempo o "american dream" encanta e intriga o mundo, assim como outra expressão que lhe é sucedânea e complementar, o "american way of life".
Ao cometerem os atentados, seus autores quiseram atingir esses dois alicerces.
Passado um ano da violência, a resposta dos norte-americanos tem sido de colaboração a esse intento, com medidas restritivas das liberdades civis e ações discriminatórias. Ao pautar sua ação externa apenas por novas ações agressivas, estão alimentando um processo que promete se repetir.
Um país fundado na diversidade cultural e que já viveu uma das mais sangrentas guerras civis deveria estar capacitado para entender que o mal e a violência não são atributos apenas do inimigo externo.
Os Estados Unidos, e de resto o mundo, pouco avançaram na compreensão de que a violência é intrínseca ao ser humano, comum a todos e não um estigma de alguns grupos nacionais, religiosos ou políticos.
Reconhecer esse fato não significa ser conivente com o mesmo. Longe de resultar em uma atitude de acomodação, saber que a violência nos é inerente torna-se o primeiro passo para podermos controlá-la.
O combate à violência historicamente vem sendo feito pela coação, mais violência, o que pode ser uma resposta necessária no cenário imediato, mas que não se sustenta no longo prazo.
A profunda compreensão da natureza universal da violência implica tomar consciência de que não há um mundo dividido entre maus e bons. Só assim são criadas condições para que os homens possam estabelecer negociações por algo mais vantajoso, a convivência civilizada.
Alcançar esse objetivo por enquanto é um sonho, mas ninguém pode nos impedir de sonhar, mesmo com ameaças. O possível é tentar impedir que os sonhos se tornem realidade, mas para isso o agressor precisa da conivência de quem sonha.
Sonhos e pesadelos
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, Bin Laden apareceu nos noticiários dizendo que seu grupo tinha como objetivo fazer os Estados Unidos perderem a capacidade de sonhar.A ameaça colocava em xeque um dos emblemas daquele país, o chamado "sonho americano", que presume ser ali o lugar privilegiado para a realização pessoal a partir do trabalho.
Há muito tempo o "american dream" encanta e intriga o mundo, assim como outra expressão que lhe é sucedânea e complementar, o "american way of life".
Ao cometerem os atentados, seus autores quiseram atingir esses dois alicerces.
Passado um ano da violência, a resposta dos norte-americanos tem sido de colaboração a esse intento, com medidas restritivas das liberdades civis e ações discriminatórias. Ao pautar sua ação externa apenas por novas ações agressivas, estão alimentando um processo que promete se repetir.
Um país fundado na diversidade cultural e que já viveu uma das mais sangrentas guerras civis deveria estar capacitado para entender que o mal e a violência não são atributos apenas do inimigo externo.
Os Estados Unidos, e de resto o mundo, pouco avançaram na compreensão de que a violência é intrínseca ao ser humano, comum a todos e não um estigma de alguns grupos nacionais, religiosos ou políticos.
Reconhecer esse fato não significa ser conivente com o mesmo. Longe de resultar em uma atitude de acomodação, saber que a violência nos é inerente torna-se o primeiro passo para podermos controlá-la.
O combate à violência historicamente vem sendo feito pela coação, mais violência, o que pode ser uma resposta necessária no cenário imediato, mas que não se sustenta no longo prazo.
A profunda compreensão da natureza universal da violência implica tomar consciência de que não há um mundo dividido entre maus e bons. Só assim são criadas condições para que os homens possam estabelecer negociações por algo mais vantajoso, a convivência civilizada.
Alcançar esse objetivo por enquanto é um sonho, mas ninguém pode nos impedir de sonhar, mesmo com ameaças. O possível é tentar impedir que os sonhos se tornem realidade, mas para isso o agressor precisa da conivência de quem sonha.
Antonio Carlos de Faria é jornalista e vive no Rio de Janeiro. Escreve para a Folha Online às quintas E-mail: acafaria@uol.com.br |