Pensata

Antonio Carlos de Faria

03/04/2003

A falta dos neandertais

Além do triste noticiário sobre a guerra no Iraque, o jornalismo da TV a cabo vem apresentando um interessante documentário sobre a extinção dos neandertais.

Esse é um daqueles temas obscuros que sempre causam fascínio e servem para novas teorias científicas. De igual quilate, talvez o sumiço dos dinossauros, ou o fato de o São Paulo sempre fazer a melhor campanha, mas não ganhar os campeonatos.

Mas voltando à vaca-fria, ou melhor, aos neandertais, a questão é que eles representavam uma outra possibilidade de vida inteligente na Terra, o que faz falta nos dias atuais.

Por milhares de anos resistiram às privações da Era do Gelo, mas sucumbiram quando encontraram o homo sapiens.

Alguns arqueólogos acreditam que nossos avós pré-históricos não deram mole quando viram aqueles animais assemelhados.

Pelo jeito, desceram o porrete até que não sobrasse nenhum. E nada adiantou, naquela época, se esconder em cavernas ou abrigo subterrâneos.

A comprovação da autoria do extermínio dos neandertais seria mais um elemento a enterrar o romantismo de Rousseau.

A bondade atávica do homem é um daqueles mitos que servem para enganar as criancinhas, tal qual Papai Noel. Mesmo quando nem havia sociedade para corrompê-lo, o bicho humano já destruía tudo o que não ia com a cara.

Parece que, desde os primeiros sapiens até hoje, a evolução histórica só serviu para um duvidoso aprimoramento das armas. No lugar de lanças rústicas, temos mísseis inteligentes que vivem tendo ataques de bushite, ou melhor, burrice.

Outro exemplo é o fracasso na caçada a Bin Laden, que até bem pouco tempo ainda era procurado nas cavernas afegãs. Nossos antepassados trogloditas não iriam ser tão ineficientes.
Antonio Carlos de Faria é jornalista e vive no Rio de Janeiro. Escreve para a Folha Online às quintas

E-mail: acafaria@uol.com.br

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