Corte no Orçamento é mais importante que CPI; ouça Kennedy Alencar

O governo e a oposição chegaram a um acordo para criar uma CPI na Câmara a fim de investigar o caso dos cartões corporativos. "Esse é um acordo para a Comissão Parlamentar de Inquérito preservar Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e parentes do presidente e de seu antecessor", afirma Kennedy Alencar.

Kennedy Alencar é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Ouça outros podcasts do jornalista.

Kennedy Alencar - 13/02/08

Segundo o colunista, o acordo ainda causa muita insatisfação na oposição, que acha que a CPI será limitada. "A comissão, por sua vez, também causa preocupação no governo. Para o Planalto, ela era inevitável diante da repercussão pública no caso dos cartões. É obvio que houve abuso e já foram descobertos gastos injustificados", diz Kennedy.

O jornalista explica que em 2007 o governo gastou R$ 177 milhões com cartões e que não se sabe quanto foi usado de forma indevida. O governo de São Paulo, por exemplo, gastou R$ 108 milhões no ano passado em cartões de débito --cartões semelhantes ao corporativo. No Palácio do Planalto e no Palácio dos Bandeirantes, auxiliares de Lula e Serra afirmam que a maioria das despesas foi efetuada de modo correto.

"Acho exagerado uma CPI, mas ela já virou fato consumado. Seu risco, porém, é se transformar numa farsa. Mais importante seria planejar onde cortar os R$20 bilhões do Orçamento 2008, que afeta a vida do cidadão comum muito mais do que eventuais abusos. Um pouco de discussão madura sobre assuntos mais relevantes fariam um bem danado ao governo, à oposição e ao país", conclui o colunista.

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