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Transferência de terras federais para RR serviu como elo de troca
da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se esforçado para agradar a sociedade roraimense depois das desavenças sobre o julgamento da demarcação de terra da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol. Decreto assinado por ele no início do ano transferiu 6 milhões de hectares de terras federais para o Estado de Roraima, o que pode ser entendido como elo de troca no âmbito político.
A avaliação é de Marcelle Ivie da Costa Silva, professora do departamento de relações internacionais da UFRR (Universidade Federal de Roraima), pesquisadora de temas amazônicos que está desenvolvendo doutorado em ciência política sobre o assunto.
Veja especial sobre o julgamento da Raposa/Serra do Sol
"Eu não tenho dúvida de que isso [a transferência de terras] foi uma compensação pela demarcação da Raposa/ Serra do Sol que provavelmente será de forma contínua. Essa era uma dívida que a União tinha com Roraima, mas funcionou para que a demarcação fosse recebida com menos negativismo por parte de alguns setores", diz.
Silva ressalta que a demora do julgamento implica em um clima de ansiedade e tensão entre índios e agricultores. Em dezembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) interrompeu o julgamento sobre a demarcação da área por causa do pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello. Mas 8, dos 11 ministros, votaram favoravelmente à homologação de forma contínua da região.
"Essa questão vem sendo debatida desde o início dos trabalhos demarcatórios na década de 70. Essa reserva indígena anteriormente não era uma só, não era de forma contínua como está querendo ser demarcada agora. Era a Raposa e a Serra do Sol", diz.
Segundo a professora, depois de diversos trabalhos e laudos antropológicos a área foi ampliada e hoje os índios se dividem em 194 comunidades espalhadas em 1,7 milhão de hectares.
Independente do resultado do julgamento, Silva não acredita que haverá uma nova fase de manifestações. "Não tem mais espaço para nenhum tipo de manifestação. Acredito que a violência não é mais um recurso que caiba ser utilizado nesse caso", completa.
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