Diego Medina
|
|
E
o bravo Gustavo
Kuerten acabou indo para o estaleiro, como diria o velho cronista
de futebol. A torcida fica agora pela gravidade da contusão,
que todos esperam ser mínima. Afinal, cada semana longe da
temporada de saibro na Europa é fatal para as pretensões do
brasileiro nesta temporada.
Problema físico nas costas tem sido o calvário recente de
muitos astros da raquete. As inúmeras contusões de Steffi
Graf anteciparam a aposentadoria da jogadora alemã, mas nenhuma
delas (ombro direito, joelho esquerdo, coxa esquerda, os dois
tornozelos etc.) foi tão cruel quanto as dores nas costas
que a atleta sofria a cada retorno às quadras.
O holandês Richard Krajicek, campeão de Wimbledon em 1996,
interrompeu uma boa fase por problemas na coluna e nunca mais
recuperou a esplêndida forma. O mesmo pode ser dito do croata
Goran Ivanisevic. E o australiano Mark Philippoussis, apesar
de seus 20 e poucos anos, já parou alguns meses com dores
lombares.
Não por coincidência, Krajicek, Ivanisevic e Philippoussis
são três dos mais poderosos sacadores do circuito. O tênis
atual depende muito de um saque-canhão, é notório, e também
é óbvio que, dependendo do movimento que o jogador executa
no golpe, as costas sentem o esforço. Mas não é de hoje que
o tênis machuca.
Um dos problemas mais comuns é contusão de joelho que o jogador
acostumado ao saibro pode sofrer jogando em quadra dura. O
saibro, além de mais fofo, permite que o jogador escorregue
o pé na preparação do golpe. No piso duro, além do impacto
maior, o jogador tende a "prender" o pé no chão e colocar
mais esforço de rotação nos pobres joelhos.
O espanhol Manoel Orantes, um dos gigantes dos anos 70, teve
uma contusão parecida com a de Ronaldo ao jogar numa quadra
de cimento. Segundo o próprio tenista, na hora de executar
o golpe ele teve o reflexo de um jogador no saibro, querendo
girar o joelho e pé no mesmo sentido, rapidamente, mas a sola
de seu tênis não deslizou suavemente como acontece no saibro,
e Orantes sentiu "uma dolorosa travada".
Apesar de a medicina esportiva evoluir sem parar, o tênis
apresenta ainda alguns traumas sem solução. Não existe preparação
física específica que consiga eliminar totalmente a diferença
de musculatura de um braço para o outro do jogador. Com o
maior desenvolvimento do braço com o qual pega a raquete,
o tenista tem um desequilíbrio muscular que sempre vai forçar
a coluna.
Que isso não seja um alerta para pais. Não há razão para temer
esses problemas físicos. Todos os esportes têm, cada um, seus
esforços e exageros.
O alerta tem de ser para os organizadores dos torneios. Reclamar
do calendário virou lugar-comum em entrevista de tenista,
e não é por falta de assunto. Se Kuerten mantiver a média
do primeiro trimestre, vai fazer uns 120 jogos no ano. Passou
da conta, não?
NOTAS
Batalha dura
A equipe feminina do Brasil disputa esta semana, em Florianópolis,
o grupo zonal da Copa Federação, a "Davis delas", como diz
John McEnroe. Esta coluna acha a Fed Cup tão sem graça quanto
a Davis, mas o estágio incipiente do tênis feminino no Brasil
obriga o aproveitamento de qualquer competição para manter
as meninas em forma. Mas a tarefa do Brasil, sem Vanessa Menga,
doente, deve ser difícil. Dez países disputam uma vaga no
Grupo Mundial. Boa sorte à equipe da capitã Andréa Vieira.
Casal francês
A torcida da França não teve do que reclamar na semana passada.
Show de Cedric Pioline em Mônaco. Show de Mary Pierce em Hilton
Head. São dois tenistas com anos de estrada, sem o grande
estouro em suas carreiras. Vamos ver se esses títulos servem
para empurrar os dois até Roland Garros, onde a torcida local
clama por um campeão.
E-mail: thalesmenezes@uol.com.br
Leia
mais:
Colunas
anteriores:
12/04/00 - A Copa Davis ja
era
19/4/00 - Panela
de pressão
|