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Quinta-feira, 10 de agosto de 2000

Empinando pipa

Carlos Sarli
     
Diego Medina



Se perguntar a um praticante de kite sobre o esporte, provavelmente a resposta virá, cheia de empolgação: é o esporte do futuro. Se a pergunta for " A prática vai crescer, se popularizar?" A resposta será, sem rodeios, não!
Estive na última semana em Bariloche, Argentina, acompanhando a terceira prova do Nokia Cup, o sul-americano de snowboard. Como a neve não estava com as condições ideais, tirei uma tarde para acompanhar uma sessão de kitesurfe com o Mariano Puricelli, 26, um argentino que já se destacou nas quadras de tênis, ganha a vida dando aulas de esqui na estação argentina e também em Couchervel, França, e se diverte praticando extreme esqui e kite.
Nos conhecemos há alguns meses aqui em São Paulo, quando ele apresentou um projeto que consiste em explorar montanhas e lagos da Patagônia praticando kite. Voltei a encontrá-lo na semana passada, deslizando e voando sobre a neve da montanha Catedral movido à vela.
Ele me recebeu entusiasmado, dizendo que precisava mostrar o que havia desenvolvido após dois meses de treinos no Havaí, e que o local ideal para praticar kite era o lago Nahuel Huapi - e não lá na montanha.
Aceitei o convite e no dia seguinte, sob um frio de quase 0º C, ampliado pelo vento de cerca de 50 km/h e a água do lago à 7º C, acompanhei pela primeira vez uma autêntica sessão de kite. Há mais de duas décadas praticando alguns esportes de ação e acompanhando vários outros, poucas vezes fiquei tão impressionado. Fora as condições adversas, a sessão incluía o experimento pioneiro de combinar uma prancha de wakeboard com a fixação e as botas do snowboard ao kite.
A experiência foi tomando forma com o vento rasgando e a ajuda de quatro pessoas: duas segurando a pipa (velame) e outras duas, que somadas devem pesar 180 Kg, para mantê-lo no chão.
Quando o velame foi liberado e ganhou altura, como cena de Poltergeist, Mariano, apesar do lastro, foi arremessado a cerca de 10 metros de distância pousando arrastado pelo chão de pedras da praia do lago. Só quando o velame ganhou o zenith a pressão do vento diminuiu e a situação voltou ao controle.
Caminhou dominando a pipa até a prancha repousada próxima à água, fixou as botas à prancha, recolocou a pipa ao vento e saiu em alta velocidade sobre a congelante água do lago gigante. Em poucos segundos estava muito longe e retornando contra o vento. Quando chegou próximo à praia decolou em um vôo de 10 metros de altura e 30 de distância. Repetiu a operação uma segunda vez e saiu antes de virar picolé.
O experimento combinando equipamentos de três esportes havia funcionado. O susto da largada foi recompensado e deixou claro os riscos que o esporte envolve. Enquanto voltávamos para sua casa, dizia que os riscos maiores são para as pessoas que, desavisadas, podem ficar na direção dos cabos que mantêm o atleta e sua prancha a cerca de 30 metros do velame e que, tensos, cortam o que pintar pela frente.
Sem dúvida o esporte é do futuro. E pelos riscos e a baixa autonomia do praticante, para poucos.


Notas

Longboard
Neste fim-de-semana acontece a primeira etapa do circuito Hot Water / Stanley Classic de Longboard, em Maresias, SP. A competição terá três etapas, com premiação total de R$ 10 mil. Cada uma delas valerá pontos no ranking nacional e as duas primeiras escolherão oito surfistas para o Mundial, em outubro.


WQS
O pódio do Rip Curl Newquay Pro, 16a etapa do circuito, foi dominado por australianos. A final em Newquay, Inglaterra, foi marcada por um duelo entre Daniel Wills, o campeão, e Trent Munro. Mesmo sem competir, o baiano Armando Daltro manteve-se na liderança do ranking. Hoje começa a 17a etapa, em Anglet, França. Mais 1.500 pontos estão em jogo.


Brasileiro
Ondas de 2 metros proporcionaram uma grande competição na quarta etapa do Super Surf no último fim-de-semana, em Salvador, BA. O paranaense Peterson Rosa e a cearense Tita Tavares foram os campeões desta etapa, e Tadeu Pereira e Andréa Lopes passaram a liderar o ranking. Ainda faltam duas etapas para o fim da disputa.



E-mail: carlosarli@revistatrip.com.br



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