Diego
Medina
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Se perguntar a um praticante de kite sobre o esporte, provavelmente
a resposta virá, cheia de empolgação: é o esporte do futuro.
Se a pergunta for " A prática vai crescer, se popularizar?"
A resposta será, sem rodeios, não!
Estive na última semana em Bariloche, Argentina, acompanhando
a terceira prova do Nokia Cup, o sul-americano de snowboard.
Como a neve não estava com as condições ideais, tirei uma
tarde para acompanhar uma sessão de kitesurfe com o Mariano
Puricelli, 26, um argentino que já se destacou nas quadras
de tênis, ganha a vida dando aulas de esqui na estação argentina
e também em Couchervel, França, e se diverte praticando extreme
esqui e kite.
Nos conhecemos há alguns meses aqui em São Paulo, quando ele
apresentou um projeto que consiste em explorar montanhas e
lagos da Patagônia praticando kite. Voltei a encontrá-lo na
semana passada, deslizando e voando sobre a neve da montanha
Catedral movido à vela.
Ele me recebeu entusiasmado, dizendo que precisava mostrar
o que havia desenvolvido após dois meses de treinos no Havaí,
e que o local ideal para praticar kite era o lago Nahuel Huapi
- e não lá na montanha.
Aceitei o convite e no dia seguinte, sob um frio de quase
0º C, ampliado pelo vento de cerca de 50 km/h e a água do
lago à 7º C, acompanhei pela primeira vez uma autêntica sessão
de kite. Há mais de duas décadas praticando alguns esportes
de ação e acompanhando vários outros, poucas vezes fiquei
tão impressionado. Fora as condições adversas, a sessão incluía
o experimento pioneiro de combinar uma prancha de wakeboard
com a fixação e as botas do snowboard ao kite.
A experiência foi tomando forma com o vento rasgando e a ajuda
de quatro pessoas: duas segurando a pipa (velame) e outras
duas, que somadas devem pesar 180 Kg, para mantê-lo no chão.
Quando o velame foi liberado e ganhou altura, como cena de
Poltergeist, Mariano, apesar do lastro, foi arremessado a
cerca de 10 metros de distância pousando arrastado pelo chão
de pedras da praia do lago. Só quando o velame ganhou o zenith
a pressão do vento diminuiu e a situação voltou ao controle.
Caminhou dominando a pipa até a prancha repousada próxima
à água, fixou as botas à prancha, recolocou a pipa ao vento
e saiu em alta velocidade sobre a congelante água do lago
gigante. Em poucos segundos estava muito longe e retornando
contra o vento. Quando chegou próximo à praia decolou em um
vôo de 10 metros de altura e 30 de distância. Repetiu a operação
uma segunda vez e saiu antes de virar picolé.
O experimento combinando equipamentos de três esportes havia
funcionado. O susto da largada foi recompensado e deixou claro
os riscos que o esporte envolve. Enquanto voltávamos para
sua casa, dizia que os riscos maiores são para as pessoas
que, desavisadas, podem ficar na direção dos cabos que mantêm
o atleta e sua prancha a cerca de 30 metros do velame e que,
tensos, cortam o que pintar pela frente.
Sem dúvida o esporte é do futuro. E pelos riscos e a baixa
autonomia do praticante, para poucos.
Notas
Longboard
Neste fim-de-semana acontece a primeira etapa do circuito
Hot Water / Stanley Classic de Longboard, em Maresias, SP.
A competição terá três etapas, com premiação total de R$ 10
mil. Cada uma delas valerá pontos no ranking nacional e as
duas primeiras escolherão oito surfistas para o Mundial, em
outubro.
WQS
O pódio do Rip Curl Newquay Pro, 16a etapa do circuito, foi
dominado por australianos. A final em Newquay, Inglaterra,
foi marcada por um duelo entre Daniel Wills, o campeão, e
Trent Munro. Mesmo sem competir, o baiano Armando Daltro manteve-se
na liderança do ranking. Hoje começa a 17a etapa, em Anglet,
França. Mais 1.500 pontos estão em jogo.
Brasileiro
Ondas de 2 metros proporcionaram uma grande competição na
quarta etapa do Super Surf no último fim-de-semana, em Salvador,
BA. O paranaense Peterson Rosa e a cearense Tita Tavares foram
os campeões desta etapa, e Tadeu Pereira e Andréa Lopes passaram
a liderar o ranking. Ainda faltam duas etapas para o fim da
disputa.
E-mail:
carlosarli@revistatrip.com.br
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13/07/2000 - Dj-Bay e Itamambuca
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