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PENSATA

Quinta-feira, 21 de setembro de 2000

Suicídio controlado

Carlos Sarli
     


Madrugadas dessas, descia uma avenida de São Paulo.

Fazia forças para me concentrar na direção, mas as cervejas a mais alagavam meus pensamentos.

Dois mais fortes, involuntariamente, dominavam as idéias. O primeiro brigava comigo, perguntando porque eu havia terminado com a namorada dias antes. O segundo alimentava a esperança de encontrar alguém do sexo oposto com os mesmos objetivos que os meus no caminho de casa.

Viajava por essa avenida quando pensei ter visto uma silhueta humana na marquise mais alta de um edifício de 20 andares.

Reduzi a velocidade, pisquei os olhos mais rapidamente, esqueci o que vinha pensando e constatei, com a ajuda da lua cheia em meio às nuvens, que havia mesmo alguém em cima daquele prédio.

Comecei a tremer ante a perspectiva de presenciar um suicídio. O cara estava prestes a se atirar.

Aproveitei o farol vermelho, que nunca me faria parar àquela hora, para observar o próximo ato.

A distância não permitia nenhuma atitude que viesse a interferir na decisão do sujeito. Ele também pouco estaria se lixando para mim.

Foi quando ele se jogou.

Segundos de desespero, enquanto acompanhava o corpo comendo os andares, esbocei um "nossa", mas antes de terminar o "o", um pára-quedas começou a se abrir.

Quando o farol abriu, o suposto suicida já estava no chão de velho.

Olhei pelo retrovisor e constatei que eu deveria ser a única testemunha. Não conseguia ver o que se passava atrás do muro do edifício.

Cheguei perto, desci do carro e fui pescoçar. Um carro se aproximou. Só tive tempo de ver um pára-quedas sendo jogado, seguido pelo dono, pulando o muro.

O motorista do carro abriu a porta, pára-quedas e pára-quedista para dentro e, então, perceberam a minha presença e me saudaram com um sonoro berro, que expressava toda a excitação momento.

Maravilhoso, não pude acreditar. Já havia ouvido falar em base jump, essa, digamos, modalidade do pára-quedismo, onde o atleta sai de lugares fixos.

Mas presenciar, inesperadamente, essa performance, não podia imaginar. Fui privilegiado.

Quando o carro sumiu, a avenida ficou um silêncio só. Me liguei que eu também precisava dar pista.

Os pensamentos de dois minutos atrás foram substituídos por um único: o que leva um cara a fazer uma maluquice dessas?


Notas

Super Surf

A quinta etapa do circuito brasileiro profissional começa neste sábado e vai até terça-feira, na Praia do Arpoador, RJ. Esta é a penúltima etapa da temporada de caça dos títulos Masculino, Feminino e de marcas da Abrasp (Associação Brasileira de Surf Profissional) no ano 2000. Além da disputa pelo posto de número 1, é grande a briga pela classificação do grupo que formará a elite do surfe nacional masculina do circuito de 2001 - o número de participantes nesta categoria, no ano que vem, diminuirá de 78 para 46 participantes.


WCT
Rob Machado foi o grande destaque da perna européia da divisão principal do circuito mundial de surfe profissional. O californiano chegou na Europa na 15ª colocação do ranking e conquistou sua primeira vitória depois de três anos, ao ganhar do baiano Armando Daltro no Lacanau Pro, na França. No último domingo ele derrotou o australiano Taj Burrow, na decisão do Figueira Pro, em Portugal - décima etapa do circuito. Ele, agora, está em quarto lugar. O desempenho dos brasileiros no velho continente não foi muito bom. Flávio "Teco" Padaratz é o melhor colocado, com a oitava posição.


Skate
A quarta etapa do circuito brasileiro acontece neste fim-de-semana, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Esta etapa contará apenas com a modalidade vertical e distribuirá R$ 5 mil em prêmios. Os organizadores do Vans Vert Pro Skate Contest acreditam que cerca de oito mil pessoas assistirão a competição. A entrada é no portão 3 do parque, no prédio da Fundação Bienal. Veja a cobertura completa no www.sk8.com.br




E-mail: carlosarli@revistatrip.com.br



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