Schumacher
obteve duas vitórias importantes para sua categoria, nas últimas
semanas.
Primeiro, conseguiu reverter o veto aos limitadores de velocidade
utilizados no pit lane durante treinos e corridas alegando
que a segurança no setor iria se deteriorar demais _os pilotos
seriam obrigados a dividir sua atenção entre o painel do carro
e a intensa movimentação dos boxes.
Depois, fez os organizadores do GP da Inglaterra reconhecerem
publicamente a falta de segurança do circuito de Silverstone.
Nenhuma grande conquista, é claro. Mas Schumacher demonstrou
que está disposto a falar. E, pior, quem está em roda parece
estar com vontade de ouvir.
Talvez pelo fato de ter vencido na abertura do campeonato
e liderar de verdade um Mundial pela primeira vez após cinco
anos meia-boca de Ferrari, Schumacher está adquirindo estatura,
enfim ganhando respeito.
Não do grande público ou da mídia, que o trata como a todos
os ídolos, de modo maniqueísta e, por vezes, pueril _desde
que Barrichello se tornou seu companheiro, por exemplo, ninguém
por aqui fez questão de lembrar das polêmicas decisões de
1994 e 1997, apenas de sua invejável habilidade de piloto
de corrida.
Mas Schumacher está, aos poucos, obtendo algo que almejava
desde que se tornou bicampeão mundial, em 1995, conseguir
se impor dentro da própria F-1. Pode parecer piada tal constatação,
mas pouca gente atura o alemão, sua propalada arrogância e
seu queixo medonho.
Todos sabem, por exemplo, que Villeneuve detesta seu maior
rival na temporada de 1997, a ponto de o canadense não participar
da GPDA, a entidade que reúne e defende os interesses dos
pilotos.
Poucos sabem, porém, que Schumacher pouco se dá com qualquer
piloto do grid, exceção feita, é claro, a seu irmão, Ralf.
Quando do primeiro título, em 1994, foram tantas a polêmicas
que envolveram a Benetton que Schumacher só abriu a boca para
afirmar, na Austrália, que o título deveria ser de Senna.
Um ano depois, já com o segundo título, percebeu que respeito
é algo que se vende caro na F-1. Apesar de ter dado um show
em Hill durante boa parte da temporada, o filho de Graham
era mais ouvido do que ele em questões, digamos, ambientais,
por força do lobby da mídia britânica, que precisava fabricar
um ídolo, mesmo que ele fosse de araque.
Schumacher só foi merecer um pouco de simpatia do público
a partir de 1996, quando da transferência para a Ferrari.
E, agora, com pinta de vencedor, Schumacher começa a perceber
essa simpatia se transformar em respeito, admiração. Mas para
incrementar isso, o alemão precisa vencer. E vencer bem.
Sem rivais à altura, precisa dar show. Qualquer coisa menos
que isso não será suficiente.
NOTAS
Silverstone
A Ferrari responde hoje se vai conseguir atingir seu objetivo
primordial na Inglaterra, que é obter a pole. Antes mesmo
de Imola, Ross Brawn já afirmava que a escuderia italiana
só se daria por satisfeita quando tirasse os McLarens totalmente
da primeira fila. Schumacher já invadiu esse terreno na corrida
passada. A missão, lógico, inclui Barrichello, que obteve
três quartos lugares nas classificações deste ano. Mas, como
diz um colega, se só existem quatro carros de verdade no grid,
o brasileiro está no último.
Jacarepaguá
Como sempre faz, Emerson Fittipaldi está apelando para tudo
e para todos na promoção de sua etapa da Indy, que acontece
no próximo final de semana, no Rio. De preços populares a
propaganda de TV recheada de traseiros passando por leilões
de Internet, está valendo qualquer coisa. Nada, porém, substitui
o apoio da TV. Enquanto não resolver essa questão, Emerson
pode fazer qualquer coisa, até voltar a pilotar, mas é líquido
e certo que a Indy, assim, não vai decolar.
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