|
|
|
|
|
Quem
imagina que uma convenção de boxe trata só
de questões burocráticas se engana.
Tais reuniões, como a do CMB (Conselho Mundial de Boxe),
encerrada na última semana, na Cidade do México,
são vários eventos reunidos em um: pode ser uma
festa, um passeio turístico, uma oportunidade para fazer
negócios, uma chance para obter autógrafos de
seu pugilista favorito ou posar para fotos ao lado dele, um
encontro entre amigos etc...
Depende somente de o atendente escolher o que vai priorizar.
Prova disso é que há até atividades paralelas
agendadas. Em um certo dia, enquanto as mulheres visitavam a
luxuosa residência do presidente do CMB, o mexicano Jose
Sulaiman, os dirigentes permaneciam no hotel discutindo alterações
no regulamento .
Durante os passeios turísticos, para aqueles mais interessados
em conhecer a cidade, o que, diga-se de passagem, foi o caso
da maior parte da delegação brasileira na convenção
do México, pôde-se assistir à charreada
(um show com cavaleiros, bezerros e cavalos selvagens), visitar
as pirâmides e o ochimilco (um jardim flutuante), assistir
à apresentação do balé mexicano,
presenciar disputas de cinturões, participar de um banquete
de gala etc.
Muitas vezes, é nas mesas dos bares do hotel (ou nas
proximidades) da convenção, e não em centros
de convenções, que negócios são
travados. Um dos promotores, quando perguntei por onde andou
durante a semana _pois não o encontrava em lugar algum_,
respondeu: Ei, por que não me procurou logo
no bar?.
Nos eventos sociais (ou no lobby do hotel), os torcedores encontraram
seus pugilistas favoritos no México, estavam reunidos
nada menos do que 42 campeões ou ex-campeões mundiais.
A ausência mais notável foi a do legendário
mexicano tricampeão mundial Júlio César
Chávez.
E todos têm estórias para contar. O ex-campeão
dos meio-pesados Michael Spinks, por exemplo, queixou-se de
que, na condição de viúvo, vem enfrentando
dificuldades para educar a filha.
Você sabe, as meninas têm um desenvolvimento
muito particular nessa época. E você precisa ficar
de cima para que não cometam exageros, na forma de se
vestir, por exemplo. Quem diria, Spinks (que, ao
lado de seu ex- empresário Butch Lewis, atualmente gerencia
dois pesos-pesa dos) é um paizão ciumento...
Também foi possível presenciar ex-campeões
confraternizando, como Marvin Hagler (aquele, da clássica
luta com Sugar Ray Leonard) e o australiano
tricampeão Jeff Fenech. Ou o brasileiro Eder Jofre e
o mexicano Ruben Olivares, possivelmente os dois melhores galos
da história, posando juntos para fotografias.
Pode-se também comparar o nível de profissionalismo
entre as entidades. Sulaiman, por exemplo, embora tenha comentado
que havia muitas questões críticas da parte deste
colunista, respondeu a todas. Tal demonstração
de elegância não é comum em outros organismos
do boxe, nos quais dirigentes mais exaltados são capazes
de pedir para que jornalistas se retirem do evento.
Enfim, uma convenção de boxe não é
só para fanáticos, é um programa para todos
os gostos.
NOTAS
Amanhã 1
Qual a lógica por trás da carreira do campeão
brasileiro dos pesos-pesados, George Arias? Em 1998, recusou
US$ 30 mil para enfrentar o campeão do CMB, o cubano
Juan Carlos Gomez. Agora, aceita proposta muito inferior para
lutar com um rival tão perigoso quanto Gomez, o ex-campeão
Marcelo Dominguez, primeiro do ranking, na Argentina, amanhã.
Amanhã 2
Sugar Shane Mosley, o carrasco de Oscar
de la Hoya, coloca em jogo amanhã o cinturão dos
meio-médios do CMB, que tomou justamente do garoto
de ouro, contra Antonio Diaz .
E-mail: eohata@folhasp.com.br
Leia
mais:
Leia
as colunas anteriores:
|
|
|
|
|