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Sexta-feira, 28 de abril de 2000

Quanto maior, melhor?

Eduardo Ohata
     

Muita gente tem a idéia de que, por não haver um limite de peso na categoria dos pesos-pesados, quanto maior o tamanho do pugilista, maior a sua vantagem, pois seus socos seriam desferidos com mais força e contundência.

Nesse caso, a luta de amanhã, entre o britânico campeão mundial Lennox Lewis (1,96 m e 112,1 kg) e o desafiante americano Michael Grant (2,01 m e 113,5 kg), dois verdadeiros gigantes, contaria com os ingredientes necessários para se tornar um clássico.

Como curiosidade, vale mencionar que em fotos promocionais, Lewis e Grant posaram junto a maquetes de edifícios, o que ressaltou suas estaturas.

Aliás, segundo levantamentos, Grant seria o mais alto desafiante ao título. Lewis, por sua vez, seria o quarto mais alto campeão dos pesos-pesados, sendo superado somente por Jess Willard, Ernie Terrell e Primo Carnera.

Para provar que a tese do ‘‘quanto maior, melhor’’ não se aplica a todos os casos, entretanto, Willard, Terrell e Carnera foram, curiosamente, alguns dos piores campeões da história. Carnera pesou 118 kg ao tomar o título de Jack Sharkey. Perdeu o cinturão mundial para Max Baer, que tinha somente 94,8 kg. No total, acumulou 14 derrotas durante a carreira e terminou os seus dias como astro de luta livre, a popular ‘‘marmelada’’.

Willard (111,2 kg) foi surrado impiedosamente pelo feroz Jack Dempsey (84,8 kg), até a luta ser interrompida no terceiro assalto, após Willard ter sofrido diversas fraturas e perdido dentes.

Se estivesse em atividade hoje, Dempsey competiria entre os cruzadores, pois estaria enquadrado no limite da categoria. Mas, na prática, mostrou que poderia competir contra ‘‘gigantes’’. Aliás, para provar que tamanho não é documento, alguns dos melhores campeões dos pesados eram ‘‘baixinhos’’.

Rocky Marciano, único campeão dos pesados a se aposentar invicto, nunca lutou com o peso acima dos cruzadores. O demolidor Mike Tyson, cujo combate com Lou Savarese foi adiado para o dia 24 de maio, parecia um nanico se comparado aos grandalhões da categoria. Mas que estrago fazia, hein?

E existem até aqueles que defendem a teoria de que os pesados teriam um peso ideal. Acima de um determinado limite, eles seriam lentos e descoordenados. No caso de Lewis e Grant, o que está em questão é a determinação dos lutadores.

O inglês parece se contentar em fazer somente o suficiente para vencer, não parece preocupado em convencer. Lembram-se das lutas contra Oliver McCall, Zeljko Mavrovic, Ray Mercer e Evander Holyfield? Grant demonstrou padecer do mesmo mal em suas últimas apresentações, contra Andrew Golota (venceu por nocaute após estar perdendo por pontos) e Lou Savarese (venceu por pontos, quando se esperava um nocaute).

O que mostra que nem sempre habilidade, coragem ou pegada são proporcionais ao tamanho.



NOTAS

Brasil 1
Mais um capítulo na ‘‘novela’’ da escolha do próximo rival de Acelino Freitas, o Popó: informações obtidas junto ao escritório de Lou DiBella, vice-presidente de esportes da HBO, dão conta de que o brasileiro enfrenta Lemuel Nelson, primeiro do ranking da Organização Mundial de Boxe, no dia 10 de junho, em Detroit, EUA. Seria a estréia de Popó na emissora de TV a cabo.


Brasil 2
O campeão brasileiro dos pesados George Arias anexou o cinturão latino-americano ao superar o argentino Pedro Franco, na última terça-feira. A transmissão do SBT chegou a irritar. Enquanto o apresentador do ‘‘Programa do Ratinho’’ discutia assuntos ligados à homossexualidade, as imagens da luta eram reduzidas a um quadrinho na tela. Nada contra o assunto (já houve campeões gays), mas o boxe não merece ser tratado com tal descaso.


E-mail
: eohata@folhasp.com.br


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