Publifolha
12/06/2002 - 10h42

Teatro da Vertigem ganha homenagem aos dez anos

da Folha de S.Paulo

Por ocasião do lançamento de "Trilogia Bíblica", cerca de 200 pessoas lotaram o terceiro andar da Fnac Pinheiros (zona oeste de SP), que continha 80 cadeiras, para ouvir as homenagens ao Teatro da Vertigem, que completa dez anos e tem sua trajetória delineada no livro lançado anteontem.

Compuseram a mesa do evento Jacó Guinsburg, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, Sergio Salvia Coelho, crítico de teatro da Folha, e Alberto Guzik, crítico de teatro, além de Arthur Nestrovski, editor da Publifolha, como mediador, e Antônio Araújo, diretor do grupo teatral.

Durante uma hora e meia, os debatedores destacaram elementos da trajetória do grupo, que encenou "Paraíso Perdido" (92), com texto de Sérgio de Carvalho, "O Livro de Jó" (95), de Luís Alberto de Abreu, e "Apocalipse 1,11" (2000), de Fernando Bonassi.

O primeiro foi Jacó Guinsburg, que comentou a singularidade do grupo: "É um trabalho único, que coloca o teatro brasileiro em uma posição, em termos de criação, das mais avançadas".

Já Guzik salientou que o grupo realizou "uma aproximação entre teatro e vida, recusando lugares convencionais e escolhendo espaços cada vez mais próximos da realidade" -uma igreja, um hospital e um presídio, respectivamente, nas três montagens.

O processo colaborativo na criação foi ressaltado por Coelho: "Não há a figura do diretor que impõe sua visão demiúrgica do mundo; o ator, o diretor, o iluminador... estão no mesmo plano". Mais que isso, lembrando depoimento de Araújo no livro, destaca que "o diretor expõe dúvidas e angústias, e não certezas".

Após falar do peso da formação uspiana no que diz respeito à questão da pesquisa do Teatro da Vertigem e do peso do processo colaborativo no livro, coube ao representante do grupo homenageado agradecer os elogios e fazer a (auto)crítica.

Araújo disse que o lançamento lhe proporciona grande alegria e grande preocupação. A primeira seria a realização da documentação teatral, que no Brasil é precária.

"É um privilégio termos isso de forma tão completa [são 140 fotos em 346 páginas de textos reflexivos e dos espetáculos e depoimentos"."

E a preocupação é o peso do livro no processo criativo, como o que ocorreu quando tiveram de esquecer, segundo ele, "O Livro de Jó" para entrar na criação de "Apocalipse 1,11": "Para nós, é fundamental desafiarmos e desacreditarmos esse livro para partirmos para uma nova aventura".

TRILOGIA BÍBLICA
Editora: Publifolha
De: vários
Quanto: R$ 49 (346 págs.).