Reuters
27/12/2001 - 09h58

Índia e Paquistão trocam tiros enquanto EUA pedem diálogo

da Reuters, em Nova Déli (Índia) e Islamabad (Paquistão)

Tropas da Índia e do Paquistão trocaram tiros durante a madrugada de hoje na fronteira que os separa na Caxemira. Nova Déli já estuda novas sanções contra os paquistaneses e, em contrapartida, os Estados Unidos pediram a abertura de negociações entre os rivais nucleares.

O reforço militar indiano na montanhosa região da Caxemira está quase completo, cerca de 70 trens com tropas e armas se uniram na semana passada aos 450 mil homens que já controlam a região. Soldados, equipamentos e aviões começaram também a se dirigir para outros pontos da fronteira entre os dois países, indicando que uma guerra é iminente.

O Paquistão pediu a retirada desse contingente extra e propôs uma negociação.

A neve na Caxemira, que fica na cordilheira do Himalaia, está tornando mais difíceis as operações. Mesmo assim, há confrontos quase diários. A Índia disse que não sofreu baixas no último incidente.

O gabinete indiano deve se reunir na noite de hoje para discutir mais sanções econômicas e diplomáticas ao Paquistão. Entre as medidas previstas estão a retirada de diplomatas de Islamabad e a proibição de vôos da Pakistan International Airlines ao país.

A Índia, que acusa o Paquistão de provocar uma guerra, já anunciou que seu sistema de mísseis está a postos, assim como os jatos militares nas bases perto da fronteira.



É a situação mais tensa entre Índia e Paquistão nos últimos 15 anos. Desde a independência, em 1947, os dois já travaram três guerras -duas pela Caxemira e uma por Bangladesh. Um conflito entre os dois envolveria armas nucleares, 2 milhões de soldados, 1 milhão de reservistas, 5.000 tanques, 5.000 peças de artilharia e mil caças.

A Índia quer que o Paquistão controle melhor os militantes que, a partir de seu território, lutam pela independência da Caxemira -único Estado indiano de maioria islâmica.

A gota d'água dessa nova crise foi o atentado suicida de 13 de dezembro contra o Parlamento indiano, em Nova Déli, que deixou 14 mortos. Dois grupos caxemires, listados pelos Estados Unidos como terroristas, são suspeitos.

Os norte-americanos mantêm agora um esforço frenético para controlar a situação no sul da Ásia. Washington sabe que, ao escolher o Paquistão como seu aliado preferencial na guerra contra o Taleban, alterou o equilíbrio político da região.

Analistas dizem que os EUA precisam do apoio tanto da Índia quanto do Paquistão para sua campanha contra o "terrorismo internacional". O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, já conversou duas vezes sobre a crise com o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, e o chanceler indiano, Jaswant Singh.

O Paquistão condenou o ataque ao Parlamento indiano e disse que agiria contra os grupos suspeitos se houvesse provas contra eles. O governo prendeu o líder de uma das organizações suspeitas, Maulana Azhar Masood, mas a Índia disse na quarta-feira que só essa medida não é suficiente.

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