Reuters
27/12/2001 - 16h29

"O Senhor dos Anéis" exigiu produção grandiosa

da Reuters

Apaixonante como é este mundo de fábula construído por Tolkien, não admira que alguém se dispusesse a transpô-lo para o cinema.

O tamanho da façanha, porém, afugentou os cineastas até 1978, quando o americano Ralph Bakshi se arriscou a adaptar a saga para um desenho animado. O resultado, porém, ficou abaixo do esperado e desagradou aos fãs da mitologia tolkieniana.

Coube ao neozelandês Peter Jackson cumprir aquilo que parecia impossível: transformar "O Senhor dos Anéis" numa aventura cinematográfica consistente, poderosa, cheia de fúria e paixão.

À primeira vista, não parecia o profissional talhado para uma missão tão espinhosa. Afinal, Jackson era um cineasta modesto, que tinha a seu crédito poucos filmes e de qualidade duvidosa, entre eles, "Trash - Náusea Total" (1988), "Fome Animal" (1992) e "Almas Gêmeas" (1994), seu melhor trabalho, que apresentou ao mundo a estrela Kate Winslet antes da fama em "Titanic".

Por conta da modéstia de seu currículo, Jackson teve de correr para credenciar-se ao posto de diretor, perseguindo por seis anos esta verdadeira obsessão.

Acabou vencendo ao filmar, de uma tacada só em belíssimas locações na distante Nova Zelândia, os três capítulos da trilogia. Foi uma façanha considerável no que se refere à logística necessária e ao tempo de filmagem, que obrigou a permanência do elenco longe de casa por 15 meses.

Os números da produção

Para se ter uma idéia do tamanho de uma empreitada como esta, basta ter em mente alguns números: 274 dias de filmagens, equipe de produção de 2.400 pessoas, 26 mil figurantes, mais de 900 armaduras feitas à mão, mais de 2.000 armas de borracha, mais de 100 armas especiais, mais de 20 mil utensílios para o dia a dia, mais de 1.600 pares de próteses de pés e orelhas sob medida (o que exigia o funcionamento de um forno especial para espuma de látex 24 horas por dia, sete dias por semana).

A tecnologia de ponta entrou em campo para criar alguns personagens digitais, caso do Gollum, do Balrog e do olho de Sauron, vistos neste primeiro capítulo, lançado mundialmente no dia 19 de dezembro e que chega ao Brasil em 1º de janeiro.

Com todo o requinte da produção e a preocupação em ser fiel ao clássico de Tolkien, a adaptação cinematográfica deste primeiro capítulo registrou algumas diferenças em relação ao primeiro livro da trilogia, "A Sociedade do Anel".

Nada que traia o universo de Tolkien mas, mesmo assim, digno de ser mencionado, já que as diferenças não passarão despercebidas aos leitores do livro.

A principal modificação é que Arwen (Liv Tyler), a princesa élfica que aparece no filme, não está no primeiro livro. No texto de Tolkien, é Glorfindel, senhor élfico que mora em Valfenda, quem socorre a comitiva do anel, em perigo depois que Frodo Bolseiro (Elijah Wood) foi ferido pelas espadas dos Cavaleiros Negros.

É de Glorfindel, também, o cavalo branco que leva Frodo a Valfenda, casa do meio-elfo Elrond (Hugo Weaver), permitindo que os poderes especiais dos elfos salvem a vida do portador do Um Anel.

O transbordamento do rio que corta o caminho dos Cavaleiros Negros nesta perseguição a Frodo foi comandada no livro por Elrond. No filme, é a bela Arwen quem, levando Frodo na garupa, ordena às águas que se levantem contra os servidores do mal.

Toda a sequência romântica que explica a ligação entre Arwen e Aragorn (Viggo Mortensen) que está no filme, não consta de nenhum dos três livros, mas é completamente fiel à explicação contida nos apêndices da trilogia, que dá mais detalhes sobre a volumosa saga.

Como seria de se esperar, no filme não há tantas paradas para a alimentação dos gulosos hobbits, nem se menciona as lembas, o alimento mágico que os elfos presenteiam à comitiva no livro.

Da mesma forma, não se explica a origem das capas e dos barcos dados pelos elfos aos membros da aventura, mas os objetos estão em cena.
 

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