Reuters
28/12/2001 - 09h35

EUA temem que crise na Caxemira atrapalhe caçada a Bin Laden

da Reuters, em Washington e Cabul

Os Estados Unidos estão movimentando sua diplomacia para evitar que a crise entre Índia e Paquistão atrapalhe a caçada a Osama bin Laden e a "guerra ao terrorismo" na Ásia.

O Ocidente não sabe onde está Bin Laden nem mesmo se ele está vivo ou morto. Mas o milionário de origem saudita, acusado de tramar os atentados de 11 de setembro contra Nova York e Washington, reapareceu desafiador em um vídeo divulgado anteontem, prometendo destruir os EUA.

"Dizemos que o fim dos Estados Unidos é iminente", afirma Bin Laden na fita divulgada anteontem pela emissora Al Jazeera, do Qatar. O novo governo afegão diz que Bin Laden conseguiu fugir para o Paquistão, onde receberia a proteção do líder islâmico Maulana Fazalur Rehman e seus seguidores do partido Jamiat Ulema-i-Islam.

Mas Rehman considerou a hipótese "uma piada" criada pelos EUA para tirar o foco de atenção do Afeganistão, agora que o regime Taleban já foi derrubado.

Depois de uma trégua de três dias, os aviões norte-americanos atacaram ontem instalações do Taleban a sudoeste de Cabul. Segundo uma agência paquistanesa de notícias, 25 moradores da região foram mortos. Testemunhas declaram que o ataque deixou cerca de 40 mortos. Os Estados Unidos afirmam que eliminaram vários líderes do Taleban.

Enquanto isso, o secretário de Estado Colin Powell passou o dia ao telefone tentando evitar uma guerra entre Índia e Paquistão. As relações entre os dois países estão no pior momento em 15 anos, desde que Nova Déli acusou Islamabad de ter dado apoio a militantes separatistas da Caxemira, que supostamente praticaram o ataque suicida ao Parlamento indiano, em 13 de dezembro, que deixou 14 mortos.



Ao escolher o Paquistão como seu aliado preferencial na guerra contra Bin Laden, os Estados Unidos alteraram o precário equilíbrio estratégico da região. Agora, Washington teme que o presidente Pervez Musharraf desloque as tropas que ajudam os EUA no Afeganistão para a fronteira com a Índia. "Isso seria uma grande decepção", disse o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld.

Rumsfeld disse que recebe por dia até 12 relatos conflitantes sobre a localização de Bin Laden. O vídeo divulgado esta semana parece ter sido gravado na primeira metade de dezembro. Nele, o militante está magro, com aspecto cansado, e diz ser importante "atingir a economia norte-americana com todas as ferramentas possíveis, [porque] a economia é a base do seu poder militar".

A Al Jazeera não disse como conseguiu o vídeo, mas avalia que ele foi gravado durante o mês sagrado do Ramadã, que terminou no dia 15 de dezembro.

Rumsfeld anunciou ainda que seu país planeja transformar a base naval de Guantánamo (encravada em território cubano) num centro para prisioneiros de guerra. Atualmente, há 37 militantes do Taleban e da rede Al Qaeda detidos perto do aeroporto de Candahar e outros oito a bordo do USS Peleliu. Mais de 3.000 prisioneiros são mantidos pelas forças afegãs que ajudaram os EUA na campanha militar.

Em Nova York, o prefeito Rudolph Giuliani, aclamado mundialmente por sua liderança nos dias que se seguiram ao atentado de 11 de setembro, se despediu do cargo propondo a construção de um memorial no lugar onde ficava o World Trade Center. "Este lugar precisa ser sacrificado", afirmou.

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