Reuters
28/12/2001 - 19h36

Israel teme que Irã use armas nucleares contra o país

da Reuters, em Nova York

Israel disse hoje temer que o Irã esteja adquirindo armas nucleares para destruir o país e pediu às Nações Unidas para pressionar Teerã a abandonar os planos para o desenvolvimento de armas atômicas.

O ministro de Relações Exteriores israelense, Shimon Peres, disse que um discurso feito em 14 de dezembro pelo ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani "não deixa dúvidas do ódio do Irã a Israel e seu objetivo declarado de destruir o país".

O discurso "contradiz o argumento iraniano de que seus planos de adquirir tecnologia nuclear são destinados a fins unicamente pacíficos", disse Peres em uma carta ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Mesmo não sendo mais uma autoridade eleita do governo iraniano, Rafsanjani ainda detém poder considerável no conselho do país, que estabelece as principais políticas, inclusive sobre as relações exteriores. Ele é um dos principais conselheiros do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

Peres disse que Rafsanjani havia dito a uma multidão em Teerã há duas semanas que o mundo islâmico estava procurando armas nucleares para destruir Israel e prejudicar os interesses ocidentais no Oriente Médio.

"O apoio do Ocidente a Israel pode provocar a Terceira Guerra Mundial, que será travada entre os fiéis que procuram morrer como mártires, de um lado, e os que representam a epítome da arrogância, do outro lado", teria dito o ex-presidente iraniano, segundo Peres.

Horror
"O estabelecimento de Israel é o fato mais horrendo da história. O mundo islâmico não vai tolerar a continuidade da existência de Israel na região e vai vomitá-la de seu interior", teria dito Rafsanjani, segundo Peres.

"Temo que possa ser tarde demais para lidar com o perigo que podemos enfrentar", escreveu Peres a Annan.

Todos os anos, conservadores iranianos organizam passeatas na última sexta-feira do mês sagrado do Ramadã para prestar solidariedade aos palestinos.

Estados Unidos, Inglaterra e outras nações ocidentais pediram a Teerã para ajudar a acabar com os 15 meses de violência no Oriente Médio parando de apoiar o grupo extremista Hizbollah, que ataca Israel a partir do sul do Líbano, e grupos militantes palestinos que lançam ataques suicidas contra Israel.

Mas Rafsanjani defendeu os militantes como sendo combatentes pela liberdade travando uma luta legítima contra a ocupação israelense de territórios palestinos.

"Israel, que está matando inocentes com todos os tipos de armas, é defendida pelo Ocidente, mas os palestinos que lançam ataques a Israel com as mãos vazias e às custas de suas vidas são chamados de 'terroristas'", disse.

"Israel não deve deixar-se enganar por suas armas modernas e bombas atômicas. Os palestinos encontraram uma arma mais poderosa, que são as operações suicidas", disse.

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