Reuters
30/12/2001 - 08h43

Paquistão e Índia mobilizam tropas e aumentam tensão na fronteira

da Reuters, em Islamabad

O Paquistão começou a reduzir seu contingente de soldados que procuram Osama bin Laden na fronteira ocidental com o Afeganistão para mobilizar mais forças na fronteira oriental com a Índia, à medida em que cresce a tensão entre os dois países.

O presidente norte-americano, George W. Bush, que tenta evitar uma quarta guerra entre os dois rivais nucleares, telefonou para o presidente paquistanês, Pervez Musharraf. ``Eles conversaram em detalhe sobre a situação na região e a tensão na fronteira'', informou a agência oficial "APP".



Musharraf, que tem sido um aliado-chave na guerra norte-americana contra o terrorismo no Afeganistão, disse que a comunidade internacional deveria aconselhar a Índia a proceder com moderação.

O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Abdul Sattar, pediu cautela, dizendo haver uma grande possibilidade de que qualquer ação de pequena escala possa provocar um encadeamento de acontecimentos que poderia resultar em um conflito entre os dois países.

Na cidade de Chaman, na fronteira sudoeste com o Afeganistão, um repórter da Reuters viu soldados se retirando de postos de controle.

``Recebemos ordens para sair'', disse um soldado em resposta à pergunta do motivo pelo qual estavam deixando a fronteira com o Afeganistão, onde vários batalhões haviam sido mobilizados na busca a Osama bin Laden ou aos combatentes da Al Qaeda.

A Índia e o Paquistão enviaram soldados para a fronteira entre os dois países, na maior mobilização em 15 anos, depois do ataque de 13 de dezembro ao Parlamento indiano.

A Índia acusa dois grupos militantes que lutam contra o domínio da Índia na Caxemira e têm sede no Paquistão pelo ataque ao Parlamento, que deixou 14 mortos, incluindo os terroristas.

A Índia está furiosa porque o Paquistão não tomou providências para prender os líderes das organizações.

``O Paquistão não quer nenhuma guerra'', disse Sattar durante uma entrevista coletiva, acrescentando que o presidente Musharraf gostaria de se reunir com o primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, para diminuir a tensão entre os dois países.

Mas disse que o Paquistão não iria pedir um encontro depois que a Índia cancelou negociações marcadas para a semana que vem durante um encontro de cúpula regional.

A Índia negou prontamente qualquer possibilidade de negociação.

Vajpayee prometeu acabar com o que chamou de terrorismo além-fronteira e disse que a Índia faria o possível para evitar uma guerra com o Paquistão.

Índia como ameaça
Sattar disse que a mobilização de tropas indianas ao longo da fronteira internacional e da Linha de Controle que divide a disputada região da Caxemira consistia em ameaça à segurança do Paquistão.

Ele observou que os dois países, que preocuparam o mundo com seus testes nucleares em 1998, haviam assinado um acordo nos anos 90 que tornava ilegais os ataques a instalações nucleares de cada um dos países na eventualidade de um conflito.

``Qualquer violação deste acordo pode ter graves consequências.''

O Paquistão também tirou do ar todos os canais indianos no sábado.

O Paquistão condenou o ataque ao Parlamento mas pediu que a Índia apresentasse provas antes de tomar qualquer atitude contra os grupos Lashkar-e-Taiba e Jaesh-e-Mohammad.

O governo paquistanês já congelou as contas bancárias do Lashkar-e-Taiba e prendeu o líder do Jaesh-e-Mohammad, Maulana Masood Azhar, e cerca de 50 ativistas de grupos radicais não-identificados.

Leia mais no especial Conflito Índia-Paquistão
 

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