Reuters
30/12/2001 - 09h56

Partidos indianos se unem contra Paquistão

da Reuters, em Nova Déli e Islamabad

Os partidos indianos deixaram de lado suas tradicionais divisões e anunciaram hoje apoio ao governo caso o país entre em guerra contra o Paquistão. A demonstração de união foi solicitada pelo primeiro-ministro Atal Behari Vajpayee, que prometeu se empenhar para evitar um confronto.

As duas potências nucleares do sul da Ásia estão deslocando tropas para a fronteira e preparando seus arsenais, no momento mais tenso na região nos últimos 15 anos. O estopim da crise foi a invasão do Parlamento indiano por um grupo de suicidas armados, no dia 13, que deixou 14 mortos. A Índia atribuiu a ação a separatistas muçulmanos da Caxemira, com suposta conivência do Paquistão.

Pela primeira vez, representantes de todos os partidos indianos se reuniram frente a frente, durante duas horas. "Foi uma excelente demonstração de unidade", segundo o ministro para assuntos parlamentares, Pramod Mahajan. Com esse apoio, Vajpayee quer mostrar que não está agindo isolado.

Mahajan disse que "nem o governo nem a oposição estão interessados em qualquer tipo de guerra. Nenhuma pessoa em sã consciência está. Mas se a guerra nos for imposta, vamos encará-la unidos".



Os Estados Unidos demonstram especial interesse em evitar essa guerra, pois temem que ela atrapalhe a caçada aos membros da rede Al Qaeda, suspeita de cometer os atentados de 11 de setembro contra Nova York e Washington.

O presidente George W. Bush telefonou para Vajpayee e para o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, pedindo calma. Ao Paquistão, Bush pressionou especialmente para que combata os militantes da Caxemira.

A situação política de Vajpayee é ainda mais delicada porque ele enfrenta eleições locais em fevereiro. Até agora, ele se limitou a impor sanções políticas e econômicas ao vizinho, mas não descarta uma ação armada contra os militantes instalados no Paquistão, o que poderia levar à guerra.

O Paquistão já prendeu o líder de um dos grupos suspeitos de praticar o ataque ao Parlamento e congelou os bens de outra organização.

A Índia diz que essas ações não bastam e, apesar da pressão internacional por negociações, cancelou um encontro entre Vajpayee e Musharraf, previsto para uma cúpula regional que acontece no Nepal na próxima semana.

Houve novos relatos de choques entre forças dos dois países na Linha de Controle, a fronteira disputada da Caxemira. Moradores de várias aldeias já deixaram suas casas. Um morador da aldeia de Thati Kalan, que fica perto da fronteira e está quase vazia, disse que a troca de tiros durou toda a noite e se estendeu pela manhã de hoje.

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