Ex-rei afegão não quer interferência estrangeira no país
da Reuters, em ParisO ex-rei do Afeganistão aconselhou os estrangeiros a não interferirem nos assuntos de seu país a fim de não alimentar as rivalidades entre os grupos étnicos que integram o atual governo interino.
Mohammed Zahir Shah afirmou ao jornal francês "Le Figaro", em uma entrevista que deve ser publicada amanhã, que o Afeganistão teve um governo estável até a deposição dele, em 1973.
"Foi a ingerência internacional que destruiu o equilíbrio. A solução para os problemas de conflitos étnicos passa obrigatoriamente pela não-interferência dos países estrangeiros, sejam vizinhos ou não do Afeganistão", afirmou o ex-rei. "A grande prioridade é restaurar a soberania afegã."
O país enfrentou a ocupação soviética nos anos 80 e, depois, intensos conflitos entre grupos rivais armados inicialmente pelos EUA para expulsarem o invasores.
Zahir Shah não chegou a criticar os EUA pela campanha militar que tirou do poder o movimento islâmico Taleban, mas que não conseguiu localizar Osama bin Laden, o homem acusado pelo governo norte-americano de ser o principal responsável pelos ataques de 11 de setembro.
"Bin Laden foi um monstro que ameaçou todo o Ocidente. Os bombardeios infelizmente provocaram danos ao país. Mas a reação dos EUA contra o fanatismo é compreensível", disse o ex-monarca.
Um dos maiores desafios com que se depara o novo líder do Afeganistão, Hamid Karzai, é impor sua autoridade sobre um país destruído por 23 anos de guerra e atualmente dividido entre vários líderes locais de diferentes origens étnicas.
Zahir Shah deve voltar ao Afeganistão em março do exílio em Roma (Itália) a fim de presidir uma Loya Jirga, ou Grande Assembléia, que decidirá o futuro do país. O ex-rei disse estar confiante no fato de que todos os líderes tribais atenderão a seu chamado.
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