Estudo sugere que coração tem capacidade de auto-recuperação
da Reuters, em Nova YorkUm novo estudo feito por cientistas norte-americanos deve alterar o tradicional conceito de que o coração não pode auxiliar a própria cura. Os pesquisadores encontraram evidências de que o órgão pode abrigar reservas de células-tronco, capazes de regenerar o tecido danificado.
O trabalho foi realizado com homens que receberam implante de corações doados por mulheres. A pesquisa revelou que as células primitivas dos receptores migraram para o coração doado, local em que se transformaram em novas células musculares e deram origem a vasos sanguíneos.
Os cientistas conseguiram identificar o fenômeno ao encontrar um número considerável de células no coração implantado que continham o cromossoma Y -cromossomo sexual masculino, presente em células provenientes dos próprios receptores do transplante.
Piero Anversa, do New York Medical College, em Valhalla, informou que sua equipe acredita que as células-tronco se movimentaram para o órgão doado a partir de porções que restaram do coração do próprio receptor, embora o estudo não tenha comprovado esse fato. Anversa explicou ainda que seu grupo não exclui a possibilidade de essas células serem procedentes da medula óssea, que contém as células-tronco que originam o sangue.
"A pesquisa indicou que o coração possui uma população de células-tronco cardíacas. Isso sugere que o órgão tem capacidade de se regenerar", explicou o especialista.
Essa idéia contradiz o "dogma" da cardiologia que afirma não existirem células-tronco cardíacas -populações de células imaturas no coração com potencial de se dividir, proliferar e substituir as células maduras mortas por enfartes e outras doenças.
Como há uma forte evidência da capacidade regeneradora do coração, os cientistas podem estudar como aproveitar o potencial de cura para tratar o órgão danificado, informou Anversa.
O trabalho foi publicado na edição de hoje do "New England Journal of Medicine".
