Reuters
07/01/2002 - 18h26

Membro da Autoridade Palestina pediu contrabando, diz capitão

da Reuters, em Ashkelon (Israel)

O capitão Omar Akkawi disse hoje que foi instruído por um funcionário da Autoridade Palestina a contrabandear um carregamento de armas para o levante palestino contra Israel, mas que duvida do envolvimento de autoridades de alto escalão.

Akkawi, que é palestino, conduziu o barco Karine A, carregado com 50 toneladas de armas, pelas águas patrulhadas do golfo Pérsico, e foi pego por um comando israelense na quinta-feira (3) ao entrar no Mar Vermelho.

Ele disse que a pessoa com quem lidou era Adel Awadallah, da Autoridade Palestina.

Israel afirmou que autoridades palestinas e membros do grupo guerrilheiro Hizbollah, apoiado pelo Irã, estão envolvidos na tentativa de contrabando.

A Autoridade Palestina negou qualquer ligação. O Irã e o Hizbollah também negaram participação.

Israel acusou o presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, de ter pessoalmente iniciado a transferência das armas, cotadas em US$ 100 milhões, do Irã para serem descarregadas na costa da faixa de Gaza.

Funcionários da Autoridade Palestina não comentaram as declarações de Akkawi nem a participação de Awadallah no governo.

Operação
Akkawi, que disse ter sido empregado do Ministério dos Transportes palestino, afirmou que Awadallah entrou em contato para consultas em uma ou duas tentativas anteriores de tráfico de armas, que não foram realizadas.

Ele disse que Awadallah comprou o Karine A no Líbano para a missão. Uma autoridade libanesa disse que o navio não foi registrado no país e está sendo confundido com outro barco, de nome parecido.

"A liderança, não acho que sabia de algo. Talvez saiba por ele [Awadallah]. De minha parte, não acho que sabiam", disse. Israel afirma que Awadallah é o comerciante de armas da Autoridade Palestina.

Akkawi, que fez o sinal da vitória com os dedos no início da entrevista à "Reuters" e insistiu que os palestinos têm direito de se defender, disse estar convencido de que a missão estava condenada desde o início.

Akkawi disse que foi instruído a coletar armas em um ponto na costa do Irã e levá-las ao Mediterrâneo através do Mar Vermelho e do Canal de Suez.

Ele disse que um dos homens que ajudou a carregar o navio é membro do Hizbollah e que um dos tripulantes recebeu treinamento para descarregar o material no mar.

Vigia
Ele disse que deveria encontrar três barcos menores nas proximidades do porto de Alexandria, no Egito.

"Provavelmente seria descoberto pelos americanos no golfo porque eles estão alertas para lutar contra o terror", disse.

"Se passasse de lá, os israelenses viriam no Mar Vermelho. Fora isso, os egípcios encontrariam, pois eles verificam tudo no canal de Suez", afirmou.

Akkawi declarou que havia conversado com seu contato pela última vez uma semana antes da captura do navio por comandos de Israel, a 500 quilômetros da costa israelense do Mar Vermelho.

Akkawi disse que nasceu na aldeia de Ellar, perto da cidade palestina de Tulkarm, na Cisjordânia. Entrou para a marinha palestina em 1976, na organização Fatah, de Iasser Arafat. Tornou-se comandante comercial para a Autoridade Palestina.

Ele disse não saber detalhes financeiros nem o destino final das armas.

"Sabia que houve doação de armas e deveria carregá-las em meu barco. Acredito que eram do Hizbollah ou algo assim", disse.

As armas "seriam usadas pelo povo palestino para se proteger", disse.

"Eu condeno o assassinato de civis e crianças, mas não é justo que Israel tenha todas as armas sofisticadas e nós não tenhamos nada."

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