Reuters
07/01/2002 - 18h54

Arcebispo deve renunciar à liderança dos anglicanos

da Reuters, em Londres

Após uma década tumultuada como líder dos 70 milhões de anglicanos do mundo, o arcebispo de Canterbury, George Carey, deve anunciar brevemente sua aposentadoria, abrindo uma acirrada disputa sucessória.

As autoridades da igreja não desmentiram os rumores surgidos na imprensa de que Carey renunciará ao completar 67 anos, em novembro, três anos antes do prazo. O anúncio é considerado iminente.

Assim como o papa é o bispo de Roma, o arcebispo de Canterbury é sempre o líder dos anglicanos. Carey, que cresceu em uma família proletária, comandou a Igreja da Inglaterra em tempos difíceis. A frequência de fiéis caiu em quase 25%. Sob o comando dele, a Igreja Anglicana ordenou sua primeira sacerdotisa, lidou com o tema da homossexualidade e enfrentou uma grave crise financeira.

Seu sucessor, o 104° arcebispo de Canterbury, terá outros desafios: a possibilidade de uma mulher bispo, a união com os metodistas e a decisão sobre casar ou não divorciados.

A sucessão de Carey pode levar meses, num processo complicado. Primeiro, a quase secreta Comissão de Nomeações da Coroa precisa reduzir a lista a dois nomes. A decisão então passa ao primeiro-ministro Tony Blair, um anglicano visto como simpático ao catolicismo romano, praticado por sua mulher, Cherie. O escolhido por Blair precisa então ser ratificado pela Rainha, que tem o título de Suprema Governadora da Igreja da Inglaterra.

Entre os favoritos ao cargo estão o bispo de Rochester, Michael Nazir-Ali. Ele comanda uma comissão que discute a consagração de mulheres bispas e é apontado como o favorito de Carey. Nascido no Paquistão e especialista em islamismo, ele poderia facilitar o diálogo entre cristãos e muçulmanos, abalado desde 11 de setembro.

Outro importante candidato é o arcebispo de Gales, Rowan Williams, renomado teólogo que já foi decano da Universidade de Oxford. Os liberais o adoram, mas suas posições polêmicas _como a simpatia por clérigos homossexuais_ podem prejudicá-lo.

A ala tradicionalista deve ser representada pelo bispo de Londres, Richard Chartres, que tem laços estreitos com a família real, particularmente com o príncipe Charles, herdeiro do trono. O futuro rei, divorciado da falecida Diana, pode causar embaraços à igreja caso queira se casar com a também divorciada Camilla Parker Bowles.
 

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