Reuters
14/01/2002 - 15h51

Índia diz que só retira tropas se Paquistão cumprir promessa

da Reuters, em Nova Déli

O ministro indiano da Defesa, George Fernandes, disse hoje que a Índia vai manter os preparativos para a guerra até que o Paquistão cumpra a promessa de conter os militantes islâmicos da Caxemira.

Foi a primeira reação do ministro ao discurso do presidente paquistanês, Pervez Musharraf, que prometeu no sábado (12) não permitir que seu país se torne uma base para a ação de terroristas contra a Índia ou outros países.

Fernandes, que embarca amanhã para os Estados Unidos, não impôs um prazo ao Paquistão, mas disse que não pode esperar para sempre. "Tenho certeza de que ele [Musharraf] sabe que precisa agir rápido, particularmente porque as tropas dos dois lados estão na linha de frente", afirmou.

"Não há hipótese de retirar nossas tropas se não houver ação em cima das suas promessas", disse Fernandes, que é da ala menos pacifista do governo indiano e faz frequentes visitas às tropas.



A Índia exige especificamente que o Paquistão pare de disparar na fronteira para dar cobertura à infiltração de guerrilheiros muçulmanos na Caxemira, único Estado indiano de maioria islâmica.

Nova Déli disse que essas invasões são quase diárias e que logo poderá perceber se o Paquistão parou ou não de facilitá-las.

Desde o discurso de Musharraf, houve vários incidentes na fronteira. No último deles, um soldado indiano morreu.

A situação entre os dois países atingiu seu pior momento em 15 anos depois que um grupo armado invadiu o Parlamento indiano, em 13 de dezembro, deixando 14 mortos. A Índia acusa separatistas da Caxemira, com suposta ajuda paquistanesa. Islamabad admite apenas apoio moral à causa deles.

Fernandes disse que a invasão do Parlamento "ficará marcada na mente do povo indiano", mas que o governo está interessado em resolver a questão pela diplomacia.

Analistas indianos acham que o cenário está pronto para a tensão ser desarmada, mas não estão seguros de que Musharraf consiga cumprir suas promessas, o que implicaria mudanças profundas na sociedade paquistanesa.

"Se ele implementar [as promessas] será um passo à frente. A desconfiança de ambos os lados é tamanha que pouca gente acredita que ele consiga fazer o que anunciou", disse Kalim Bhahadur, analista político na Universidade Jawaharlal Nehru.

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