Reuters
17/01/2002 - 13h43

Iugoslavos pedem indenização de US$ 3,8 milhões à Alemanha

da Reuters, em Berlim

Moradores de vilas iugoslavas que perderam parentes durante os bombardeios realizados em 1999 pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciaram hoje terem iniciado uma ação judicial contra o governo alemão.

Com lágrimas nos olhos, Vesna Milenkovic, 37, contou em uma entrevista coletiva como perdeu uma filha de 15 anos quando as bombas da Otan que deveriam atingir uma ponte provocaram o que as autoridades da aliança batizaram de "danos colaterais".

O advogado alemão Ulrich Dost disse ter entrado com a ação no dia 24 de dezembro em nome dos parentes de dez pessoas mortas e 17 gravemente feridas na cidade de Varvarin, sul da Sérvia. Os autores da ação pedem cerca de US$ 3,8 milhões em indenizações.

Um porta-voz do Ministério de Defesa da Alemanha não quis comentar detalhadamente o assunto, afirmando que ele envolvia toda a Otan e não apenas a Alemanha.

"Foi uma decisão da Otan, composta por 19 Estados soberanos", afirmou. "A Alemanha não foi a única a participar daquilo."

A aliança militar bombardeou por 78 dias os sérvios como resposta ao que chamou de crimes contra a humanidade cometidos na Província de Kosovo e ordenados pelo então líder iugoslavo, Slobodan Milosevic. Milosevic encontra-se atualmente detido na Holanda, onde aguarda para ser julgado pelo Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia.

Inútil
Como vítimas civis são uma parte inevitável de todo conflito militar, incluindo o que aconteceu recentemente no Afeganistão, muitos dizem que a proposição de ações individuais não é o melhor caminho para aplacar a dor provocada pela guerra.

"Em uma primeira análise, diria que isso não vai funcionar", afirmou Gerhardt Baum, um advogado e ex-ministro do Interior da Alemanha. "Ninguém que perde uma perna ou vira prisioneiro de guerra consegue uma indenização. Tais ações seriam incontáveis."

Baum acrescentou que ao longo da história alguns Estados, porém, pagaram indenizações para outros países depois das guerras.

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