Reuters
18/01/2002 - 11h08

Escândalo da Enron é explorado em campanha eleitoral nos EUA

da Reuters, em Austin (Texas)

Em ano de eleições parlamentares nos Estados Unidos, os democratas norte-americanos tentam vincular os republicanos ao escândalo da empresa Enron, mas o partido do governo de George W. Bush afirma que a acusação não vai colar.

"As pessoas estão tentando fazer essa conexão", disse Jack Oliver, vice-presidente do comitê nacional republicano, durante uma reunião do partido no Texas. "A Enron não é uma questão política. É uma questão de resolver os problemas para que eles não se repitam."

Os democratas tentam mostrar o colapso da gigante de energia Enron como exemplo de uma cultura empresarial irresponsável, estreitamente associada ao Partido Republicano e ao presidente George W. Bush, e das consequências dos erros de gerenciamento sobre o orçamento federal.

"É uma ferramenta retórica importante para os democratas", disse uma porta-voz do partido, Jennifer Palmieri. "Os republicanos comandam a política fiscal como a Enron comandava seus negócios. O governo Bush maquia suas contas e não se preocupa com o lado humano delas."

A oposição acusa Bush de prejudicar o orçamento do ano passado com uma redução de impostos de US$ 1,35 trilhão. Para os republicanos, essas críticas equivalem a um pedido de aumento de impostos, o que prejudicaria a capacidade do país de evitar a recessão.

O debate deve ferver na campanha para as eleições parlamentares de novembro, quando os democratas querem ganhar pelo menos seis cadeiras para alcançar a maioria na Câmara e manter a vantagem de 50 a 49 no Senado, onde há um membro independente.

Bush tem popularidade recorde graças à sua "guerra contra o terrorismo". Os democratas devem usar o caso Enron, a diminuição do superávit fiscal e a recessão como armas contra ele.

Quebra
Em 2 de dezembro, a Enron (empresa de energia do Texas) entrou com o maior pedido de falência da história norte-americana. Milhares de funcionários haviam comprado ações da empresa com o dinheiro do fundo de pensão. Agora, além de desempregados, estão quebrados.

O presidente da companhia, Kenneth Lay, tem vínculos com Bush e seu partido. Desde 1989, a empresa fez doações eleitorais de US$ 5,8 milhões, sendo que 73% foram para os republicanos.

No ano passado, executivos da companhia tiveram seis reuniões com o vice-presidente Dick Cheney ou com funcionários de política energética. O principal conselheiro econômico de Bush, Lawrence Lindsey, foi consultor da empresa. E, quando os problemas se agravaram, a companhia buscou ajuda do governo.

Mas o governo negou tal ajuda, o que, para os republicanos reunidos no Texas, é a melhor defesa possível. "Acho que a Casa Branca lidou com tudo isso de forma apropriada", disse John Hancock, líder do partido em Missouri.

Mas os democratas devem mencionar na campanha os parlamentares que, no ano passado, votaram a favor de um pacote de estímulo econômico que, se aprovado, teria dado bilhões de dólares em isenções fiscais a companhias como a Enron, segundo Palmieri.

Por causa da quebra, o Partido Republicano devolveu US$ 80.500 de doações eleitorais da Enron, pois o dinheiro por direito não pertencia à empresa. Oliver disse que cada candidato precisa decidir se fará ou não o mesmo com doações individuais da empresa.
 

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