Reuters
28/01/2002 - 16h35

Estilista Regina Guerreiro aposta em sonho e função para 2002

da Reuters, em São Paulo

Obrigação versus desejo. Cotidiano versus sonho. Para a consultora de moda Regina Guerreiro, a linha que separa o que se deve fazer daquilo que se tem vontade de fazer vai costurar as coleções outono-inverno do São Paulo Fashion Week, que começa nesta segunda-feira na Bienal do Parque Ibirapuera.

"Analisei em profundidade cerca de cem coleções (internacionais) e cheguei à conclusão de que a moda está dividida entre sonho e função", disse Regina.

A "função", segundo define uma das maiores especialistas em moda do país, representa o dia-a-dia, geralmente atolado em compromissos e obrigações.

"Aqui, vejo a volta do 'active wear', com muito capuz e banda adidas. O espírito da academia urbanizado. No 'active wear' acho importante a volta do macacão", afirmou Regina. "Vejo ainda a volta do básico inteligente, a volta do safári."

Se em meio às obrigações cotidianas resta pouco tempo para sonhar e satisfazer desejos pessoais, as coleções vão atiçar as fantasias com criações inspiradas em inocência. "O sexo foi substituído pela doçura, pelo vestido de organdi. Essa mulher doce é também meio perversa, meio 'lolitinha', mas gosta de muito babado e muita prega...", contou Regina.

"Há uma forte tendência ao romantismo e à menina do campo...Ela sai do celeiro da avó, usando saiote e bata de fronha. E o principal vestígio de romantismo está também no corset, na corseteria...No trabalho de barbatana que invade vestidos e até jaquetas."

Em 2002, um guarda-roupa étnico vai servir de passagem para outros países, outras culturas. Regina Guerreiro aposta nos looks étnicos, refletindo na passarela "o desejo de fugir. Quanto tempo você tem para viajar? Quantos países do mundo você conhece?".

"Então, você coloca a sua camiseta branca básica e um cinto afro, e faz de conta que foi para a África", acrescentou a consultora.

Regina afirma não ter visto previamente as coleções brasileiras. "Mas como sei o que está acontecendo lá fora, certamente vou acertar o que será desfilado por aqui".

"O Brasil é tão macaco-de-auditório... Eu não acho que esses 10 ou 20 estilistas que existem no Brasil olhem para as pessoas, olhem para o mundo e observem o que as pessoas estão precisando. É sempre uma imitação do que está acontecendo lá fora", afirmou a consultora, que mais uma vez irá comentar os desfiles deste Fashion Week ao vivo na emissora a cabo DirecTV.

Regina tem dividido seu tempo entre Paris e São Paulo, onde recentemente comprou um apartamento no bairro de Higienópolis. Vestindo camisa branca e calça jeans - uma perfeita combinação com a decoração minimalista de sua nova residência -, ela diz que ser elegante "é ser você mesmo. Ter uma verdade visual para passar para os outros e não aderir à lista dos dez mandamentos".

Assim que terminar o Fashion Week, no dia 1º de fevereiro, ela pretende "voltar correndo" para a França, onde seu hobby tem sido fazer cursos de culinária e onde também pode ler muito, ir ao cinema. "Onde não sou Regina Guerreiro".

Leia mais notícias sobre a SP Fashion Week


 

FolhaShop

Digite produto
ou marca